terça-feira, março 8

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

No passado dia 1, foi publicado no Jornal Primeiro de Janeiro, o artigo da minha autoria, que aqui deixo.
MOSCARDEIRO


E AGORA, AS AUTÁRQUICAS



O Partido Socialista obteve no domingo uma vitória assinalável, na contagem de votos para as eleições legislativas. Já todos os analistas e políticos se debruçaram sobre o assunto, pelo que muito pouco há a acrescentar. Excepto, me parece, dois aspectos sobre o PS: como partido da esquerda deve defender sempre os seus princípios, não se deixando atordoar com aqueles resultados, tomando consciência que a verdadeira vitória será o desenvolvimento sustentado do país, das portuguesas e dos portugueses, e, nomeadamente, daqueles que nunca são chamados, incentivados, permitidos a participar na construção do seu futuro colectivo. Outro aspecto é que nas próximas eleições autárquicas o PS terá um sufrágio que todos entenderão para o bem e para o mal como uma “primeira prova de fogo”.

Quanto à primeira é de salientar que o PS não se pode desculpar, socorrendo-se da economia descontrolada, para olvidar as causas nobres dum partido da esquerda, quando se abusa da economia, chamar-lhe-ia economicista, para delapidar os que nada têm, em detrimento dos que já quase tudo possuem. Vamos ver a composição do governo, do seu programa e, sobretudo, da competência dos actos de governação. Este deve ser verdadeiro, sem subterfúgios, e claramente centrar-se nas causas sociais, que consigam levar Portugal ao topo da luta, por uma sociedade outra. Por isto me bati, por isto sempre estarei a lutar. E não haverá desculpas para um mau governo, liberal e que não defende a génese da esquerda, em toda a sua dimensão, incluindo a cultural, verdadeiro motor dos povos.

Quanto à segunda não valerá a pena fugir, será realmente o primeiro desaire ou vitória do governo de José Sócrates; as autárquicas serão o barómetro de como o nosso povo, sábio nas votações, estará ou não com o Partido Socialista. Apesar de poucos meses que tem pela frente, o governo deverá dar indicações claras da sua linha de rumo. E isso passa também pelas pessoas que forem escolhidas para candidatos às Câmaras e às Juntas. Não podemos nunca esquecer, que as eleições autárquicas têm assumido sempre o papel balizador da determinação decisiva para o governo, do parecer de quem deu agora a maioria absoluta. Daí que em cada sítio, o PS deverá cuidar da apresentação de candidatos credíveis, com projectos, e não de campónios bem falantes, tais undívagos nas altas ondas dos resultados das legislativas, com passos de mágica, se pretendendo apresentar como verdadeiros paladinos da defesa dos cidadãos. Existem muitos matraqueiros no PS, aproveitadores dos tempos, que mais não fazem do que, pela calada da noite, dar como fechados processos que têm e devem ser discutidos, não em votações fantoches, mas com a consciência do bem servir; também de nada vale, a não ser para a derrota, inquinar essas discussões, que se quereriam fraternas, com abaixo-assinados arrancados de formas que por vezes, a democracia fica irremediavelmente credora.

No Concelho da Maia, embora com um leve decréscimo relativamente ao distrito do Porto, o PS obteve 48,37 %, número confortável que deve permitir encarar as autárquicas com uma saudável humildade, e uma capacidade de discussão sobre quem gerirá os seus destinos. Não podemos esquecer que nas legislativas todos estivemos unidos com um só propósito, mas nas autárquicas existem anticorpos que, necessariamente, devem ser vencidos, não com “uma fuga para a frente”, mas com o sentido da unidade dentro da diversidade que existe no PS. Não podemos esquecer, que não tem sido pacífica, no meio socialista, e consequentemente no povo maiato, a actual direcção política concelhia do partido. E isso só se vence com diálogo, e não com proposições assumidas de força, que, a darem-se, partirão o Partido em correntes, e concomitantemente o conduzirá a uma derrota, e à continuação do poder da coligação que governa a Maia há muitos anos.

A Maia só terá uma alternativa potenciadora de sinergias, se o PS da Maia, se convencer que não é com golpes palacianos e afastamento compulsivo de muitos militantes, que aqui e ali, vão tendo a coragem da denúncia do que pensam estar mal. Como partido democrático e de liberdade, há que permitir com a celeridade necessária, mas não com precipitações, conduzir o processo no meio da maior transparência, com vista à vitória colectiva e nunca pessoal.

O debate no PS para eleição de secretário-geral, a forma como os socialistas se uniram para uma vitória histórica nas legislativas, que sirvam de lição, para o PS da Maia. E se assim não for, então estaremos debalde a tentar um sucesso, que não será possível, porque, e repito, não é com golpadas que se poderá fazer o caminho e atingir o objectivo.

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS da Maia
jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.com



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