ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO
Artigo da minha autoria publicado no Jornal Primeiro de Janeiro, 3.ª Feira, 29/3/2005
MOSCADEIRO
AS AMÊNDOAS, AS AMÊNDOAS, SENHORES!
E eis instalada a guerra nas Terras do Lidador. Estão aí as autárquicas, e há que fazer guerra, por causa das amêndoas, sim senhor, mas se pensavam que os senhores da guerra estavam dispostos a analisar outras matérias, desenganem-se, são as amêndoas, o fulcro da questão na Maia.
A estória, que não passará à história, conta-se em duas penadas. Como sempre os Presidentes das Câmaras, tanto mais que estamos em ano de eleições, oferecem cabazes de Natal, e neste caso as Amêndoas da Páscoa, um pouco por todo o lado, isso se faz. É propaganda política, pois é, o seu aproveitamento, mas toda a actividade política é propaganda, para o bem, ou para o mal. Talvez, às vezes, se existisse dádiva de serviço aos outros com pudor, a actividade política fosse mais nobre, mais capacitada para o amor à terra e às pessoas, mas as mais das vezes não é mais que um aproveitamento ignóbil. Pois este ano o Presidente da Câmara da Maia, foi entregar as amêndoas da Páscoa, às velhinhas e aos velhinhos, aos idosos, como se diz. Eis a sua prática.
A seguir, vem a “oposição” e o próximo candidato à Câmara duma parte da oposição, protestar, afirmar, ridículo do ridículo, que as amêndoas deveriam ser entregues às criancinhas e não aos velhinhos, porque a estes fariam mal. Não se lembra o médico em exercício e reformado, que às criancinhas também poderiam fazer mal, aos dentinhos.
O líder da “oposição”, que tem tanta falta de pudor como o actual Presidente da Câmara, até refere que o Orçamento em que se absteve, só dedica à infância e à terceira idade, 225 mil euros, dum total de 114 milhões de euros. Então na altura da aprovação não viu isto, ou deixou passar, para agora fazer o seu aproveitamento político? Ou foram os gabinetes sombra do PS/Maia, que ele liquidou à nascença, que não funcionaram?
Não vi ao longo destes últimos anos, do consulado do candidato à Câmara pelo PS/Maia, a confirmar-se a golpada, uma atitude de rigor e de oposição; o que verifico é exactamente o contrário. Durante estes quase quatro anos, governou-se em perfeita sintonia, aqui e ali com tomadas de posição, para na acta ficarem. E quem ousasse votar contra a maioria PSD/CDS, era proscrito, e passível de sanção disciplinar. Sou testemunha disso, quando me colocaram de lado na Assembleia Municipal.
O que fez o Presidente do PS/Maia, no Natal, quando de rebarbadora na mão, á ordem do Presidente da Câmara, uma empresa municipal, deitou abaixo os votos de boas festas do PS? Um acordo com o PSD, este esquecia o uso indevido de envelopes e correio do SMAS, e o PS nada faria, judicialmente contra a atitude ilegal da Câmara da Maia. Inquérito solicitado pela Assembleia Municipal, sobre o assunto: esquecido!
Muitas outras coisas poderiam ser referenciadas, para mostrar à saciedade o conluio entre os dois poderes, que só se enfrentam por causa das Amêndoas da Páscoa. Só no Reino do Lidador!
Se escrevo sobre esta questão é para demonstrar até que ponto a política pode raiar o ridículo, até que ponto o poder pode rir-se duma oposição oca e sem substância, ou vamos ter um Programa Eleitoral, com alíneas específicas, dizendo se se pode ou não distribuir cabazes de natal ou amêndoas da Páscoa. Pobres políticos estes, que perdem as energias a discutir o acessório, porque se não querem defrontar as questões fundamentais. Isto da política não é uma feira, senhores, com todo o respeito e admiração que nutro para com as feiras.
Lamento, e também digo pobres maiatos, que não têm por onde escolher para a gestão dos seus destinos. A guerra das amêndoas de 2005, ficará como uma razoável anedota, de como se vão tratando os assuntos da Maia; de como não existe poder, nem oposição, de como não se faz política. E isto é dramático, quando se trata dum Concelho com cerca de cem mil eleitores, a crescer desordenadamente, e a precisar de uma alternativa urgente. Às vezes pergunto a mim mesmo, o que pensarão os quadros da Câmara Municipal sobre o teor duma oposição descaracterizada, e sem oferecer o mínimo de credibilidade, para o seu trabalho futuro, e o que pensam os maiatos destes políticos, que em vez de questionar e tentar resolver os reais problemas, se preocupam com as amêndoas. Até porque, se a oposição não falasse neste “acto de governação”, talvez ninguém se apercebesse da sua realização.
A guerra das amêndoas ficará, para a história, do anedotário da Maia. Ao menos vai ter uma utilidade. Ria-se, está na Maia, já é um facto consumado.
Joaquim Armindo
Deputado Municipal do PS
jarmindo@clix.pt
http://www.bemcomum.blagspot.pt
Escreve quinzenalmente esta coluna.
AS AMÊNDOAS, AS AMÊNDOAS, SENHORES!
E eis instalada a guerra nas Terras do Lidador. Estão aí as autárquicas, e há que fazer guerra, por causa das amêndoas, sim senhor, mas se pensavam que os senhores da guerra estavam dispostos a analisar outras matérias, desenganem-se, são as amêndoas, o fulcro da questão na Maia.
A estória, que não passará à história, conta-se em duas penadas. Como sempre os Presidentes das Câmaras, tanto mais que estamos em ano de eleições, oferecem cabazes de Natal, e neste caso as Amêndoas da Páscoa, um pouco por todo o lado, isso se faz. É propaganda política, pois é, o seu aproveitamento, mas toda a actividade política é propaganda, para o bem, ou para o mal. Talvez, às vezes, se existisse dádiva de serviço aos outros com pudor, a actividade política fosse mais nobre, mais capacitada para o amor à terra e às pessoas, mas as mais das vezes não é mais que um aproveitamento ignóbil. Pois este ano o Presidente da Câmara da Maia, foi entregar as amêndoas da Páscoa, às velhinhas e aos velhinhos, aos idosos, como se diz. Eis a sua prática.
A seguir, vem a “oposição” e o próximo candidato à Câmara duma parte da oposição, protestar, afirmar, ridículo do ridículo, que as amêndoas deveriam ser entregues às criancinhas e não aos velhinhos, porque a estes fariam mal. Não se lembra o médico em exercício e reformado, que às criancinhas também poderiam fazer mal, aos dentinhos.
O líder da “oposição”, que tem tanta falta de pudor como o actual Presidente da Câmara, até refere que o Orçamento em que se absteve, só dedica à infância e à terceira idade, 225 mil euros, dum total de 114 milhões de euros. Então na altura da aprovação não viu isto, ou deixou passar, para agora fazer o seu aproveitamento político? Ou foram os gabinetes sombra do PS/Maia, que ele liquidou à nascença, que não funcionaram?
Não vi ao longo destes últimos anos, do consulado do candidato à Câmara pelo PS/Maia, a confirmar-se a golpada, uma atitude de rigor e de oposição; o que verifico é exactamente o contrário. Durante estes quase quatro anos, governou-se em perfeita sintonia, aqui e ali com tomadas de posição, para na acta ficarem. E quem ousasse votar contra a maioria PSD/CDS, era proscrito, e passível de sanção disciplinar. Sou testemunha disso, quando me colocaram de lado na Assembleia Municipal.
O que fez o Presidente do PS/Maia, no Natal, quando de rebarbadora na mão, á ordem do Presidente da Câmara, uma empresa municipal, deitou abaixo os votos de boas festas do PS? Um acordo com o PSD, este esquecia o uso indevido de envelopes e correio do SMAS, e o PS nada faria, judicialmente contra a atitude ilegal da Câmara da Maia. Inquérito solicitado pela Assembleia Municipal, sobre o assunto: esquecido!
Muitas outras coisas poderiam ser referenciadas, para mostrar à saciedade o conluio entre os dois poderes, que só se enfrentam por causa das Amêndoas da Páscoa. Só no Reino do Lidador!
Se escrevo sobre esta questão é para demonstrar até que ponto a política pode raiar o ridículo, até que ponto o poder pode rir-se duma oposição oca e sem substância, ou vamos ter um Programa Eleitoral, com alíneas específicas, dizendo se se pode ou não distribuir cabazes de natal ou amêndoas da Páscoa. Pobres políticos estes, que perdem as energias a discutir o acessório, porque se não querem defrontar as questões fundamentais. Isto da política não é uma feira, senhores, com todo o respeito e admiração que nutro para com as feiras.
Lamento, e também digo pobres maiatos, que não têm por onde escolher para a gestão dos seus destinos. A guerra das amêndoas de 2005, ficará como uma razoável anedota, de como se vão tratando os assuntos da Maia; de como não existe poder, nem oposição, de como não se faz política. E isto é dramático, quando se trata dum Concelho com cerca de cem mil eleitores, a crescer desordenadamente, e a precisar de uma alternativa urgente. Às vezes pergunto a mim mesmo, o que pensarão os quadros da Câmara Municipal sobre o teor duma oposição descaracterizada, e sem oferecer o mínimo de credibilidade, para o seu trabalho futuro, e o que pensam os maiatos destes políticos, que em vez de questionar e tentar resolver os reais problemas, se preocupam com as amêndoas. Até porque, se a oposição não falasse neste “acto de governação”, talvez ninguém se apercebesse da sua realização.
A guerra das amêndoas ficará, para a história, do anedotário da Maia. Ao menos vai ter uma utilidade. Ria-se, está na Maia, já é um facto consumado.
Joaquim Armindo
Deputado Municipal do PS
jarmindo@clix.pt
http://www.bemcomum.blagspot.pt
Escreve quinzenalmente esta coluna.
2 Comentários:
A julgar por este texto, as politiquices socialistas aí no "nuorte" devem andar mesmo em maré baixa!! Então não é que, neste blog, podemos observar que o autor dá uma no cravo outra na ferradura?!?!
O senhor não parece ter ainda a sua posição política bem definida, ou então tenta remar sozinho contra os tais 90% que falou anteriormente... Temos revolucionário? Ou apenas dificuldade em lidar com as tais novas fronteiras?
Pois é...
Ria-se, está a ler o blog bemcomum!!!!!
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