quinta-feira, setembro 8

MEU DISCURSO NA ÚLTIMA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MAIA, DE ONTEM

Assembleia Municipal da Maia

Grupo Parlamentar do Partido Socialista

Joaquim Armindo Pinto de Almeida

Senhor Presidente da Assembleia Municipal,

Senhores Secretários,

Senhor Presidente da Câmara

Senhores Vereadores

Senhoras e Senhores Jornalistas,

Caras e caros concidadãos,

Caras e caros colegas,

A vingança e o ódio, quer sejam pessoais, quer sejam políticos, são tradutores da fraqueza dos líderes que os usam para espezinhar as pessoas, quando ao nível da discussão política não conseguem argumentos válidos; mais, quem assim procede nem consegue a análise política, tão ofuscado que está em conseguir lugares, que porventura lhe dêem rendimentos. Porque o lucro, não da população, como serviço, mas outras espécies de lucros estão e fazem parte das chamuscadas ideias e programas, que julgam possuir.

Quem assim procede varre do seu quotidiano, quer pessoal, quer político, palavras e princípios que, dizem defender, como a solidariedade e fraternidade; e as causas nobres, essas, vão para as calendas dum futuro, que dificilmente existirá. Resta-nos a esperança, que essa nunca morre, que as consciências trabalhem e consigam inaugurar nessas cabeças uma nova aurora, uma nova esperança. Fazemos todos os esforços para que tal aconteça.

Senhor Presidente,

Caras e Caros colegas,

Entrei aqui há 8 anos, e penso que tudo fiz para defender as minhas ideias, os meus princípios, e, fundamentalmente, não atraiçoar a minha consciência. Creio que correspondi, mesmo que algumas falhas e até palavras menos ortodoxas lhes tenha dirigido, pelo que me penitencio. Estive em quase todas as Assembleias Municipais, e a horas, e não deixei de estar presente a quase tudo para que o Sr. Presidente desta Assembleia e a Câmara Municipal me convidaram.

Fiz o que fiz, a minha consciência não tem remorsos.

Senhor Presidente,

Caras e Caros Colegas,

Aqui fiz amigos, e não foi pelo truculento das minhas palavras, que deixei de ter muita consideração por todos vós. Foi uma experiência de amizade, e só por isso já valeu a pena.

Senhor Presidente,

Caras e caros colegas,

Aqui tentei defender, antes do mais, o povo da Maia, aquele que me elegeu, e fazer oposição, às vezes feroz, mas sempre com o timbre do meu ser e da minha vida. Este povo maiato merece a minha homenagem, pelo labor e pelo trabalho, e o meu muito obrigado por confiarem em mim.

Mas nem tudo correu bem, estive quase a ir-me embora, não fora muitos amigos a darem-me força para continuar. E aqui quero afirmar ao Grupo Parlamentar do PS, a que me orgulho de continuar a pertencer, que nunca percebi aquela carta, em vosso nome, dirigida à Mesa, há cerca de ano e meio. Nunca percebi que a democracia e a liberdade fosse truncada pelas vossas mãos, porque se é verdade que não partiu de vós a vingança e o ódio que tal encerra, também o é que publicamente nunca se demarcaram de tal. E não é a mesma coisa dizerem-mo pessoalmente, e não publicamente. Fiquei chocado, com tal atitude, mas nada fiz, e até hoje o meu comportamento sempre foi igual, tão igual que fiz de conta que tal não existia.

Senhor Presidente,

Caras e caros colegas,

Vou daqui com a convicção plena que tal atitude nunca partiria de vós, e que antes de me entregarem uma carta, sem nada saber, no próprio dia da Assembleia, me ouviriam pelo menos. Daí caras e caros camaradas, não levo rancor por este gesto, já o atirei pela janela fora, porque não foi vosso.

Senhor Presidente,

Caras a caros colegas,

Sendo esta a última reunião em que participo, e sendo obrigado, apesar da disponibilidade, a não estar aqui num terceiro mandato, por razões que logo ao inicio detalhei, gostaria:

a) Agradecer a todos a vossa colaboração, a discussão, ora serena, ora tumultuosa e os ensinamentos que daqui levo. Muito obrigado Camaradas, Companheiros e Amigos;

b) Fazer votos sinceros para que a próxima Assembleia possa contar com vivacidade, poder e oposição forte, com os debates para o engrandecimento das pessoas que vivem e trabalham na Maia;

c) Uma palavra para os jornalistas também de agradecimento, e sempre lhes pedindo que não cedam a censuras, resistam e tenham capacidade de dizer NÃO!

d) Uma palavra para o Executivo, para o Presidente da Câmara e para os vereadores que cá apareceram, também de agradecimento; o sentimento que me fica é que os vereadores que nunca cá vieram não são democratas, porque este é o órgão por excelência do debate. Mas os actos ficam com quem os pratica, e mandar às malvas esta Assembleia é atentar contra a sua dignidade.

e) Para si Sr, Presidente da Assembleia, o meu obrigado; tivemos discussões chatas, mas nunca o são quando as palavras partem do coração.

Viva a nova Assembleia a ser eleita, com um conselho, será muito útil para todos os autarcas a leitura do livro “Palavras Dadas” de Maria de Lurdes Pintasilgo, publicado após a sua morte. È um conselho que lhes dou e as últimas palavras que deixo a esta Assembleia.

Muito Obrigado,

7 de Setembro de 2005

Joaquim Armindo Pinto de Almeida

1 Comentários:

Às 5:29 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Um belíssimo discurso de despedida. A próxima Assembleia Municipal da Maia vai sentir a falta de um deputado consciencioso, ciente das suas responsabilidades eleitorais. A próxima assembleia não terá de certeza a mesma qualidade sem a sua presença. Mas parece que o poder instituido quer isso mesmo, silenciar as vozes incómodas e pertinentes. Será essa uma das razões para o estado da democracia em Portugal, para o desinteresse dos cidadãos eleitores. Quando alguém discute política, o que mais se ouve dizer é que os políticos só "querem tacho" e que colocam os interesses pessoais à frente dos interesses daqueles que os elegeram, e por isso não vão votar. São esses também que não compreendem que estão a contribuir para a mediocridade da vida politico-democrática do país. Fico profundamente envergonhado quando ouço um comissário europeu dizer que se os portugueses e os seus políticos fossem sérios, estaríamos ao mesmo nível da Finlândia! Um bem haja para um político sério, afastado por outros menos sérios, que afinal só querem perpetuar a mediocridade.

 

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