sexta-feira, março 24

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRA MÃO

Na passada 6.ª feira foi publicado no Jornal Primeira Mão, o seguinte artigo, da autoria de Joaquim Armindo



ACORDA MOREIRA DA MAIA!

“Moreira da Maia, Vila, que te estão a destruir e a obrigar a esqueceres os teus avós, e esquecendo-os vais perdendo as tuas linhas na história; não traças os caminhos do futuro! Acorda minha terra, e reage, que todos nós estaremos na luta.”, era assim que terminava uma das minhas crónicas, sobre a Vila, em que na altura exercia o mandato de deputado na Assembleia de Freguesia.

E tinha razão, tudo têm feito a esta Vila, desde a sua descaracterização, ao desprezo pelos seus habitantes e, até, aos órgãos democraticamente eleitos. Foi a famosa Central de Incineração (agora baptizada de Valorização Energética), até ao caso paradigmático da linha do metro. Não sou contra o metro, nem poderia sê-lo!, mas sim contra o autismo e o desrespeito de que todos somos vítimas, por parte dos poderes da Câmara Municipal e da empresa Metro.

O PS de Pedras Rubras sempre tomou atitudes vincadas sobre os procedimentos que estavam a ser tomados, e preferiu, em tempo, abandonar a Comissão de Acompanhamento do Metro, para não branquear as atitudes despóticas das várias entidades. Parece mesmo que tal comissão deixou de actuar, o que torna sintomático que aquela atitude política foi a afirmação de quem estava a prever o pior. Queríamos estar enganados, preferíamos agora nesta crónica penitenciarmo-nos e dizer que errar é próprio do homem, mas não, tínhamos razão! O esmagamento das pretensões da freguesia foram constantes, e aquilo que diziam que iriam fazer, mais não foi, até agora, poeira para os olhos chorosos dos moreirenses e vilanovenses. Agora é necessária a unidade na acção, e com firmeza e civilidade colocarmos os interesses do colectivo à frente de quaisquer outros.

Todos nos lembramos da posição do Dr. Vieira de Carvalho, que em reunião pública, no salão dos Bombeiros de Moreira, afirmava que se iria estudar e concretizar o desnivelamento da linha do metro, afim que todos, incluindo os Bombeiros, pudessem passar na antiga passagem do caminho de ferro. Estamos lembrados da pretensão do encerramento da passagem de nível, e depois das alterações prometidas que viriam viabilizar o trânsito, mas nada disso está conseguido e o metro vai avançar até à Póvoa do Varzim. Lembro-me, pessoalmente, da deselegância com que os representantes do povo moreirense, foram tratados em reunião com os responsáveis do metro, que pensam ser tudo deles, e podem fazer o que muito bem querem. Nessas alturas, íamos, sucessivamente, sendo sossegados pelos responsáveis da autarquia de Moreira, que, como podiam, iam tentando, por todos os meios, que a(s) freguesia(s) não fossem prejudicadas, e os compromissos assumidos; e até agora tentando levar o melhor possível as contendas, foi-se prosseguindo uma política de paz, que pode conduzir a uma guerra com contornos indecifráveis.

O que é certo é que as populações vão ser prejudicadas, os comerciantes vão sentir o agravamento da situação, a questão não está resolvida, mais uma vez nós, os habitantes, vamos sentir os nossos direitos espezinhados. A falta de diálogo, e em certa medida, a condescendência da Câmara Municipal da Maia, para com a empresa Metro, tem sido responsável por uma série de tropelias cometidas, e com as quais as populações têm lidado, não fora o bom senso destas, e dos responsáveis políticos, há muito teriam sido despoletadas algumas “bombas”. Não interessa, porém, o passado, por mais que nos lembre e possamos ficar sossegados na nossa consciência, mas o futuro, isto é, como resolver o dilema criado e que em muito nos prejudica. Talvez por estarmos calados, sejamos aqueles que devem ir em frente e civilizadamente, mas firmes, lutarmos por aquilo a que temos direito, e todos nós o temos à indignação.

Moreirenses e Vilanovenses têm de actuar, para que os compromissos e os relatórios da Avaliação do Impacte Ambiental, sejam cumpridos na íntegra. A nós antigos ou presentes representantes destas duas freguesias, importa que a palavra dada seja respeitada, assim como a legislação; as pessoas, que deveriam estar em primeiro lugar, vão sofrer, talvez, também, pelo infantilismo de quem pensou algum dia, estarmos todos de boa-fé. Aqui, na unidade de acção, devemos agir em defesa das freguesias, sem olhar a critérios políticos, nem acusar quem não foi responsável por este estado de coisas. O bom senso obriga-nos a colocar o epicentro de todas as movimentações que se possam gerar, no povo, nos habitantes, nas pessoas; eles indicarão o caminho a prosseguir, sendo certo que a luta vai ser dura, mas fica a força da razão.

A defesa do colectivo é um imperativo de cidadania, de quem quer estar ao serviço, e aqueles que nada mais podem fazer, do que colocar nas mãos do povo a acção participativa, devem sempre ser possuidores duma atitude subordinada a estes ditames e actuar na mais profunda convicção de que o povo tem razão, e as suas decisões são sempre maduras e de bom-senso.

Promessas, promessas, leva-as o vento, não nos deixemos enganar mais!

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS da Maia

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