terça-feira, novembro 2

OS CUSTOS DAS ELEIÇÕES AMERICANAS

JORNAL DE NOTICIAS online:

Sintonize a campanhaEleições com custos astronómicos enviado especial a nova iorquemais cara do planetaSe em cidades como Nova Iorque não é fácil deparar com sinais exteriores da campanha eleitoral mais gastadora do Mundo (a galáctica soma de 3,9 mil milhões de dólares) em compensação, se ligarmos a televisão o difícil mesmo é escapar ao confronto com as mensagens de um dos candidatos presidenciais ou das muitas campanhas que decorrem nestas eleições múltiplas.
Anúncios, reportagens dos comícios, debates, apelos ao voto, entrevistas é só (não poder) escolher. Ainda por cima, esta é uma campanha em que as estrelas de Hollywood apareceram em força e se tornou "in" apelar ao voto. "Ufa! Ainda por cima acabaram os World Series, pelo que nem sequer há baseball para ver no fim de semana", queixava-se um apresentador.
Aquilo que mais chocaria um eleitor português são os anúncios publicitários. Habituados a tempos de antena mais ou menos institucionais, o vigor - muitas vezes acintoso - dos spots é violento, principalmente porque muitos deles não enaltecem as qualidades do candidato, antes denigrem o adversário. Mas nada de estranho num país em que a publidade comparada é vulgar. E se a campanha de Bush lembra, com imagens tratadas como um filme "série B", que Kerry afirmou que gostaria que o terrorismo voltasse a ser só "um aborrecimento", os democratas pegam em Bush declarando que um presidente deve ser julgado pelo seu "record" (registo de feitos) e espetam-lhe com o "recorde" no desemprego.Milhões em televisãoMas sentem-se no sofá, porque ainda só vamos no princípio.
É que se nas televisões em Nova Iorque a coisa ainda passa ocasionalmente entre anúncios a automóveis ou sabonetes, em estados indecisos como a Flórida - "campos de batalha" na classificação dos jornalistas locais -, o difícil é ver anúncios que não sejam eleitorais. É que às eleições nacionais há que somar os votos para o Senado, para o Congresso, para a Câmara, para procurador local, para alterações legislativas... E algumas mensagens andam ao nível da canelada, género: "Vamos ver quem consegue tirar mais esqueletos do armário?".
Com tanta televisão, não é de admirar que a edição de 2004 das eleições norte- americanas - Presidencial e Legislativa - vá ser a mais cara da história dos EUA e do Mundo, com um custo mínimo de 3,9 mil milhões de dólares, mais 30 por cento do que em 2000.
Só para a corrida à Casa Branca, as despesas deverão elevar-se a 1,2 mil milhões de dólares, segundo um estudo do Center for Responsive Politics (Centro para a Integridade Política, independente), cujo director, Larry Noble, considera que os números definitivos serão ainda superiores. "Boss" contra "Terminator"Mais barato para os candidatos é a participação de estrelas mediáticas nas campanhas, passaporte ideal para juntar boas multidões nos comícios e piscar o olho às televisões. Nesse campeonato, a vitória vai sem dúvida para Kerry, que entre muitas outras estrelas, como Leonardo Di Caprio, Kristen Dunst ou Susan Sarandon, conta também com a participação crucial do popular Bruce Springsteen ("The Boss"), que tem corrido o país a animar as aparições do senador democrata, com o seu tema "No Surrender" convertido em hino da campanha.Bush pouco mais tem para apresentar do que o "terminator" Arnold Schwarzenegger, que depois de algum tempo de indecisão lá se decidiu a apoiá-lo publicamente, o que, nas palavras do Governador da Califórnia lhe custou "14 dias sem sexo", pois a mulher é o fervorosa democrata.
Mas o grande papel das estrelas na campanha tem sido o apelo à participação eleitoral com a campanha "Rock The Vote". Por estes dias, é vulgar ver a MTV interromper sem aviso um programa para mostar estrelas pop e do cinema envergarem t-shirts com os dizeres "votar ou morrer". Justin Timberlake, Ricky Martin, Samuel L.Jackson, Benicio del Toro, Puff Daddy, são alguns dos que dão a cara pela causa. Imprensa debaixo de fogoEntre tanto ruído mediático, a imprensa tem sofrido ataques de ambas candidaturas de parcialidade.
Já todos se habituaram ao carácter opinativo da republicana cadeia Fox mas, nos últimos dias, os alvos foram a CBS e o New York Times, acusados de terem "desenterrado" a história dos explosivos a poucos dias das eleições. "O 11 de Setembro alterou tudo", afirmou ao JN o especialista em media Jay Rosen."Há muito que não tinhamos este interesse pelas eleições.
Há muito partidarismo e muito ressentimento em relação à imprensa, o que torna muito difícil o seu trabalho. Paralelamente, é todo um mundo dos media que está a mudar, cujo sistema predominante - com um punhado de grandes cadeias e um número limitado de fornecedores de notícias -, se desintegrou por completo. Estamos a meio da transição para um novo sistema dos media. Esta campanha já se ressente disso", explica o professor novaiorquino."As pessoas têm mais fontes de informação, é maior a sua responsabilidade de estarem, ou não, informadas. A internet, que se tornou numa fonte muito mais importante de informação política para os EUA, é também um meio muito mais activo, é preciso ir à procura", afirma Rosen.
A questão é se, com a avalanche a que são sujeitas, ainda terão forças para isso.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial