quarta-feira, dezembro 8

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "DESAFIO"

Artigo da minha autoria e de Lurdes Gomes Alves, publicado hoje no Jornal "Desafio", da Comunidade Paroquial de S. João da Foz


REVELAR A FOZ

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO



No ano de 1646, nas cortes de Lisboa, el-rei D. João IV tomou a Virgem Nossa Senhora da Conceição, por Padroeira de Portugal, "prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição, Mãe de Deus."

"Não foi D. João IV o primeiro monarca português que colocou o reino sob a protecção da Virgem, apenas tornou permanente uma devoção, a que os nossos reis se acolheram algumas vezes em momentos críticos para a Pátria.

D. João I firmava nas portas da capital a inscrição louvando a Virgem, e erigia o convento da Batalha a Nossa Senhora, como o seu esforçado companheiro D. Nuno Alvares Pereira edificava a Santa Maria o Convento do Carmo.

Foi por provisão de 25 de Março do referido ano de 1646 que se mandou tomar por padroeira do reino, Nossa Senhora da Conceição. Comemorando este facto cunharam-se umas medalhas de ouro de 22 quilates, com o peso de 12 oitavas, e outras semelhantes mas de prata, com o peso de uma onça, as quais foram depois admitidas por lei como moedas correntes, as de ouro por 12$000 réis e as de prata por 600 réis. Segundo diz Lopes Fernandes, na sua Memoria das medalhas, consta do registo da Casa da Moeda de Lisboa, liv. 1, pág. 256, v. que António Routier foi mandado vir de França, trazendo um engenho para lavrar as ditas medalhas, as quais se tornaram excessivamente raras, e as que aquele autor numismata viu cunhadas foram as reproduzidas na mesma Casa da Moeda no tempo de D. Pedro II.

A descrição é a seguinte: JOANNES IIII, D. G. PORTUGALIAE ET ALGARBIAE REX – Cruz da ordem de Cristo, e no centro as armas portuguesas. Reverso: TUTELARIS RE­GNI – Imagem de Nossa Senhora da Conceição sobre o globo e a meia lua, com a data de 1648; e, nos lados o sol, o espelho, o horto, a casa de ouro, a fonte selada e arca do santuário."

" O dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo papa Pio IX em 8 de Dezembro de 1854, pela bula Ineffabilis. A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI sintetiza o culto que em Portugal sempre teve essa crença antes de ser dogma. Em 8 de Dezembro de 1904 lançou-se em Lisboa solenemente a primeira pedra para um monumento comemorativo do cinquentenário da definição do dogma. Ao acto, a que assistiram suas Majestades, Altezas reais e demais corte, o patriarca e autoridades civis, estiveram também representadas muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do país, sendo a mais antiga a da actual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589."

Na Paróquia de S. João Baptista da Foz do Douro, também se celebra Nossa Senhora da Conceição, com festividades de piedade popular, na qual se integra uma Missa Solene e Procissão, entre outras festividades mais profanas, na Capela de Nossa Senhora da Conceição, situada na parte alta da Rua Padre Luís Cabral. Esta Capela cujo ano de construção não se conseguiu evidenciar, tinha como padroeiro, isto é, santo a quem se dedica um templo ou uma capela, o Mártir S. Sebastião, também não se sabendo quando e porquê mudou de orago.

A Capela é constituída no seu interior por três altares, no maior e ao centro Nossa Senhora da Conceição, à direita Santa Ana e à esquerda S. Sebastião. Ainda no colateral da direita S. Francisco e no da esquerda a Rainha Santa Isabel. Em tempos idos quem celebrava os festejos era uma confraria.

Conta-se como sendo responsável, acerca do desconhecimento da história desta capela, o carpinteiro Manuel Joaquim Ferreira, que aquando do restauro da capela em 1941, reparou que a parte de trás da imagem de Nossa Senhora de Conceição se deslocava deixando à mostra "um orifício de razoável diâmetro", do qual retirou, juntamente com o senhor António Carvalho - na altura um dos elementos da confraria de Nossa Senhora da Conceição -, vários documentos manuscritos acerca da construção da templo, e que este último os teria guardado no seu cofre particular, acontecendo que depois da sua morte não foram encontrados.
Neste ano de 2004, quando se comemoram os 150 anos do Dogma da Imaculada Conceição, e nesta paróquia também se celebra a festa de 8 de Dezembro, será determinante para todos nós a reflexão sobre o culto prestado a Maria, sob o nome de Imaculada Conceição, e entendermos devidamente o que significam as palavras desta no seu cântico "Magnificat" e disponibilidade do "faça-se em mim segundo a tua vontade", que consubstancia a virgindade proclamada no referido Dogma.

Bibliografia:
S. Oliveira Maia, "Onde o rio acaba e a Foz do Douro começa", edições "O Progresso da Foz" e "Portugal - Dicionário Histórico", Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume V, pág. 122.


Lurdes Gomes Alves
e
Joaquim Armindo

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