segunda-feira, janeiro 3

DA "BÍBLICA" - REVISTA DOS CAPUCHINHOS

A revita Bíblica, dos Frades Capuchinhos, publica no número de Janeiro, uma transcrição do artigo "O Código", de Eurico de Barros, publicado no Diário de Notícias, que não resisto em transcrever:
Confesso que só comsegui ler aí umas 50 páginas de "O Código da Vinci", de Dan Brown, antes de o pôr de lado e passar a leituras mais interessantes. Nunca fui grande adepto desta modalidade de ficção conspirativo-esotérica e pseudo-histórica em banho de triller, que exige o talento, a erudição e o sentido de humor Umberto Eco, para conseguir a minha suspensão da descrença. Assim não pensam os milhões de ávidos compradores do livro em todo o mundo, muitos dos quais já se deram ao trabalho de ir visitar os locais referidos no enredo da obra (caso do Louvre, em Paris, e da Igreja de Santa Maria Delle Grazie, em Milão) em excursões organizadas para o efeito, e ainda esportularam uns cobres extras para comprar os livros, que por sua vez, se propõem, muito seriamente, "descodificar" a obra de Dan Brown.
O fenómeno do best-seller não me faz espécie, tudo pelo contrário. O que me mete impressão é que haja pessoas - e não são poucas - que encarem uma construção ficcional baseada em dados pretensamente históricos, fantasias estotéricas e interpretações descabeladas de obras de arte (a Última Ceia, de Leonardo da Vinci), como uma obra rigorosa de não ficção, que supostamente traz à luz "verdades" ocultas, secretas e "incómodas" para instituições poderosas como a Igreja Católica ( um alvo muito original, sem dúvida...).
Como também me impressiona que pessoas responsáveis se deêm ao trabalho de fazer palestras para rebater, enfática e laboriosamente, as "teses" de Dan Brown, como foi o caso, ontem, do Padre Carreira das Neves, em Lisboa. É dar ao livro uma importância que ele não tem nem nunca terá. Acreditar em "O Código Da Vinci" é um pouco como acreditar em os salteadores da Arca Perdida, mas a verdade é que a credulidade humana tem uma profundidade abissal. E quem a sabe explorar industrialmente é quem ri por último, enquanto deposita mais umas royalties no banco.

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