segunda-feira, setembro 12

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Artigo da minha autoria publicado no Primeiro de Janeiro, de 3/9/2005.


ÁGUA VIVA

NOS 40 ANOS DA DEI VERBUM

A Palavra de Deus, a Bíblia, desde muito cedo meteu medo a auto detentores da verdade, e esteve arredia do estudo científico, como se este fosse um empecilho à divulgação da vontade de Deus. Quantos anos em que este conjunto de livros, que acreditamos inspirados por Deus, estiveram impedidos de serem o verdadeiro catecismo do povo cristão, tendo sido negada a investigação cientifica, que viria certamente a ser um importante contributo para a análise e o estudo dos livros santos e fortalecimento da fé, para que esta não fosse inócua e baseada em espartilhos.

Importantes foram os contributos de muitos protestantes e anglicanos para a sua divulgação, não só pela tradução para a língua vernácula, mas pelo seu ensino aturado e persistente (lembramos as traduções para o português das Bíblias de Almeida e de Figueiredo), para que o povo a tivesse nas mãos, aquilo que muitos queriam esconder. Homens como Diogo Cassels, em Gaia, chegaram à prisão por ensinarem a beleza das estórias bíblicas. A todos eles devemos uma enorme e grande gratidão pela sua acção.

Muitos e muitos cristãos católicos rendem-se a uma leitura literalista e superficial da Palavra, trazida por inúmeros grupos, e abandonaram o sentido crítico, porque lhes foi negada a possibilidade de se instruírem e terem contacto com a Bíblia. Os exegetas eram proibidos, e os fiéis não tinham a Bíblia nas suas próprias línguas. Uma catástrofe se deu durante tantas centenas de anos, que, agora, demora, a dizimar.

Após a abertura aos exegetas e ao estudo bíblico, o Concílio Vaticano II, aprovou, por larga maioria, a constituição dogmática Dei Verbum, que no próximo dia 18 de Novembro comemora quarenta anos, que abrindo a obrigatoriedade do estudo cientifico e pastoral da Bíblia, como um sacramento vivo e actuante para todos os que fazem deste livro, o de todos os dias.

A DV citando S. Jerónimo refere,”Desconhecer a Bíblia é desconhecer a Cristo”, e fá-lo muito bem. Ainda hoje são poucos os que se alfabetizam nestas coisas da Bíblia, e, portanto, a maioria distorce o discurso de Deus aos Homens. Estaremos neste lote, de homens de pouca fé e pouco confiantes no Espírito?

Joaquim Armindo

Licenciado em Ciências Religiosas

jarmindo@clix.pt

http://bemcom.blogspot.com

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