sábado, agosto 26

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRA MÃO

Artigo publicado no Jornal Primeira Mão, em 18/8/2006, da autoria de Joaquim Armindo.



ESTAMOS CONVERSADOS, SR.PRESIDENTE!

Tenho seguido com atenção o cinzento mandato do Sr. Presidente da Câmara da Maia, que nada de importante tem realizado, e mesmo o seu discurso político cheira a mofo, este não é aquele que as maiatas e os maiatos gostariam de ver ao leme do barco, se comparado com o mandato do anterior Presidente Vieira de Carvalho, não vejo “ponta por onde se lhe pegue”; tudo a condizer, até com a malograda oposição que já nem sequer fala, honra seja feita ao Bloco de Esquerda, dando um ar da sua graça. De resto, tudo na mesma, ou o silêncio do companheirismo balofo, ou os ditames de quem ainda vai falando, como do vereador do PS, em boa hora promovido a primeiro. Estas coisas aqui pela Maia vão sendo assim duma catástrofe, que nem as férias conseguem esconder. Vai daí, tenho tentado colocar à mesa algumas questões, que têm merecido desprezo, mas não é por isso que me vão calar, uns e outros, governantes e “opositores”, pois a minha consciência vale mais que tudo isso. Calaram-me nos areópagos públicos, mercê da raiva de saberem a verdade, mas podem estar cientes que continuarei a falar de outros modos. E teria muito para dizer, se duas questões não fossem urgentes referir nesta crónica.

A primeira, a resposta do Sr. Presidente da Câmara da Maia, a uma interpelação em Abril e Junho do corrente ano, na Assembleia Municipal, que fiz como munícipe, resposta essa desajeitada e incoerente na sua formulação, e no respeito que deveria ter para com centenas de habitantes de Moreira e Vila Nova da Telha. A questão é muito simples, o Sr. Presidente da Câmara da Maia comprometeu-se em plenário das populações das citadas freguesias, em Março, que num curto espaço de tempo viria novamente a uma reunião dar informações sobre a linha do Metro. Isto foi aprovado e aceite, por aquele autarca, ao jeito de querer “fugir” o mais rápido possível das pessoas, embora a sua coligação diga “Primeiro aos Pessoas”; aquela reunião de fregueses estava a tornar-se intolerável para quem não tolera a discussão, a análise com serenidade, e o que pretende é encobrir. Diz o Sr. Presidente da Câmara da Maia, na missiva que enviou “Quero informar que esses aspectos foram devidamente tratados com as Juntas de Freguesia de Moreira e V. N. da Telha, em especial com os seus Senhores Presidentes”, ora isto é ridículo, por isso afirmo que foge das pessoas, porque não era aos Srs. Presidentes das Juntas que era devida a informação, mas a nós munícipes, homens e mulheres confiantes na sua palavra e agora se sentem atordoados perante tão inaudita forma de respeitar a sua honra política e a dignidade das populações, que jura e jurou servir. Não podem os moreirenses e vilanovenses de bom senso aceitar esta atrofiada e medrosa forma de actuação; refugia-se nos Presidentes como um amedrontado político que vê na participação política de todos uma aleivosia democrática. Assim Sr. Presidente da Câmara da Maia, não se honra a si, nem àquele que nunca, mas mesmo nunca, se furtou ao contacto com o seu povo, e tenho provas, mesmo quando tudo estava contra a sua forma de solucionar as situações, mostrava ser homem de fibra e por isso merecia o respeito de todos nós, embora discordássemos tantas vezes dele, ao contrário do Sr. Presidente que se refugia no seu gabinete, saindo dele para inaugurar alguma coisa (e poucas são!). É que lhe falta ousadia, força de vencer, e isso não é bom para si, olhe Sr. Presidente que quem lhe diz isto assim cara a cara, não é seu inimigo, porque farto de pancadinhas nas costas estamos nós, de quem a seguir na próxima esquina aí está a trair-nos.

A segunda, sabíamos que o chamado “pulmão do Lidador” estava sujeito a fogos, e continua a estar, fizemos mesmo uma denúncia pública, com fotografias, e chamamos a atenção do Sr. Presidente da Câmara e dos Bombeiros, em 17 de Julho, para a inevitabilidade do que poderia acontecer. O que obtivemos: o silêncio, o deixar tudo na mesma, e os resultados, é que ardeu mesmo. Perante isto só podemos concluir por uma ineficácia da acção política, sem a sensatez de mandar verificar tecnicamente o que se estava a passar, a isto chama-se desmazelo político e incapacidade de gestão da coisa pública; perante uma denúncia, na democracia participativa, actua-se, na autocrática e neoliberal, chaga da nossa sociedade, quedam-se as vontades deixando acontecer, o que poderia ser evitado. Assim agiram os políticos da praça maiata, não com a agilidade de outros tempos, embora não concordando com muitas práticas, outras eram merecedoras de encómios perante situações desta natureza; quantas viagens ao domingo para ver “a sua Maia”, falando com o comum dos cidadãos (uma vez comigo, junto à minha residência, preocupava-se como o destino dum sobreiro), agora nada disto importa, porque as pessoas não estão primeiro, mas metem medo, por isso se temem as pessoas, dado elas não serem ingénuas, mas bem atinentes ao que se passa.

Espero, com sinceridade, para o bem de todos nós, que o poder maioritário na Maia assuma as suas funções gestoras, sustente o futuro, conservando no presente, e vozes, incómodas, como esta que agora se levanta sirvam para construir um futuro mais promissor para quem aqui nasceu, assim como para quem adoptou a Maia como sua terra.

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS da Maia

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