ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL PRIMEIRO DE JANEIRO, EM 30 DE AGOSTO "INCAPACIDADE DA OPOSIÇÃO NA MAIA"
Neste Verão de 2004, e depois de ter molhado os pés pela Vila do Soajo, eis que nas Terras de Portugal aconteceram e acontecem os mais diversos acontecimentos que daria para reflectir: as cassetes, o Procurador Geral da República ou os três mosqueteiros, que ainda não têm D'Artaghan. Sobre estes cá estarei um dia, com a minha opinião, os outros, veremos.
Desta feita, parece-me não ser de esquecer a Maia, e o posicionamento dos poderes, principalmente da oposição. E aí vai !
A oposição em qualquer democracia seja representativa e/ou participativa, tem de ser corajosa e credibilizar os seus projectos alternativos, possuindo assim capacidade e inteligência de potenciar as suas argumentações, dá-las a conhecer aos eleitores e constituir a um trecho as correctivas ao poder e assumir-se como futuro poder.
Quando a oposição se serve do ataque grosseiro, no sentido de se fazer notar, mesmo pela negativa, ( o que interessa é falar de mim, nem que seja mal), comete erros políticos dificilmente credibilizadores. Vem isto a propósito, não da ingenuidade (será?), de publicamente defender que em cargos públicos, primeiro os da minha cor, mas da falta de pudor, no mínimo, talvez por quem não pode, ou não sabe, forjar programas e espera sempre pelos outros para depois os fazer seus. Atacar uma nomeação de um respeitável maiato, designado como Provedor do Munícipe, a sua pessoa, que é única e irrepetível, insultando-o ao ponto de lhe chamar "fascista reciclado", e ter " um carácter nojento e pobre", é não saber mais o que fazer e sentir-se impotente e incapaz de liderar um projecto político ganhador, porque este tipo de afirmações a nada conduz.
O Provedor do Munícipe, com 84 anos de idade, poderá até ter sido colaborador do Estado Novo, como outros o são com os Estados do Poder , e se sentam à mesa para negociar os lugares que lhes enchem as carteiras, mas não é assim que se é uma oposição respeitável. Discordei da forma como foi nomeado o Provedor, penso como outros, que tal figura deveria ser proposta pela Câmara Municipal à Assembleia, e esta consensualizar o nome com pelo menos 2/3 dos Deputados, mas isto é a forma, a alternativa, que está em questão, não é um nome e uma pessoa. A oposição tem de ter respeito quando se trata da pessoa humana, e não é denegrindo que se faz oposição. Esta oposição é abstracta, sem conteúdo, inoportuna e só pode partir de alguém com passado "republicano – a – mim – e – só – a – mim".
Na última semana ficamos a saber pelos jornais, o que já sabíamos há anos: as contas relativas à gestão dos dinheiros do PER e do PMR, estão feridas de irregularidades, e as casas nem sempre são entregues a quem mais precisa. O Município da Maia, e o seu Executivo, sempre assumiram que os preços das casas eram mais altos do que o permitido, devido ao que chamavam "qualidade da habitação", e quando os pedidos de empréstimos iam à Assembleia Municipal, a oposição aprovava por serem casas do PER, quando, na altura, muito poucos alertavam para estes factos. Sabia-se que existiam irregularidades, que o Tribunal de Contas colocava sucessivamente questões, mas que o Executivo gabava-se de ter as melhores casas de Portugal e arredores. E não me venham falar de Vieira de Carvalho, os actuais membros do Executivo laranja lá estavam todos e são responsáveis pelo que se passou e passa.
Os Vereadores da Oposição, desta legislatura, tomaram finalmente uma posição de oposição ao não concordar com as contas do PER de Folgosa, embora me pareça pouco, dado que aproveitando a sua liberdade de poder discordar, e serem oposição, deveriam era pedir, com carácter de urgência uma sindicância a toda a gestão Camarária, demitindo-se dos pelouros que ocupam.
Assim, poderiam com propriedade opor-se, votar de acordo com alternativas que ali mesmo deveriam propor.
Está o maior Partido da oposição na Maia, na altura ideal para começar a apresentar aos seus militantes e votantes, um Projecto que retire a Maia da situação grave em que se encontra, fazendo-o com firmeza, mas também com ética e lealdade. E isso passa pelo assumir das rupturas necessárias, com quem se apodera do trabalho de outros e tem sabido, qual santanete, vir a público defender posições de hipocrisia politica, e de debilidade de uma cultura de esquerda, mesmo da moderna.
Joaquim Armindo
Deputado Municipal do PS
jarmindo@clix.pt
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