quarta-feira, novembro 3

ARTIGO PUBLICADO NO "PRIMEIRO DE JANEIRO", EM 26 DE OUTUBRO DE 2004

MOSCARDEIRO

A MAIA À DERIVA


Depois de termos assistido na Maia, a um rodopio de ministros tudo nos prometendo, e nada se havendo concretizado, a uma distracção do deputado laranja cá do sítio, ao propor a elevação a cidade da Vila do Castelo da Maia - pensava para mim, que Moreira também poderia sê-lo - verificamos é que o nosso Concelho anda à deriva.

Quem lê o programa político apresentado por Vieira de Carvalho nas últimas eleições autárquicas, aferirá do seu incumprimento, e da delapidação constante do que com o seu esforço quis construir. O actual executivo, e nomeadamente o Presidente da Câmara, com legalidade para assumir o cargo, mas sem a legitimidade política (nunca foi eleito para tal!), parece, ia eu a dizer, mas não, é real, não sabe o que fazer, qual o seu rumo e programa a seguir. E o pior, é que somos nós as Maiatas e os Maiatos, que sofremos agora, e no futuro.

Um dia destes quando passeava por Moreira, na caminhada nocturna, dei comigo a falar com uma Maiata de nascimento. Não fiquei espantado por esta senhora me confidenciar que quando votava não era no CDS ou no PSD, mas no seu “Partido Vieirista”, mas que agora com tantos a desgovernarem, e a espoliarem aquilo que o Mestre (Vieira de Carvalho) deixou, nem sequer votará, porque não existe alternativa. É o desencanto a apossar-se dos meus conterrâneos, insatisfeitos pela gestão camarária, mais interessada em promover pessoas do que a prosseguir o caminho do saudoso timoneiro. E este era só um, por muito que discordemos da sua orientação política !

Cada vez mais encontro nos meus contactos a verdade deste sentir, e quando verifico o completo laxismo do poder na Maia, seguindo o triste espectáculo diário do Governo dos Mares e da Moda de Portugal, mais estou ciente que a governação da nossa autarquia não sabe o que há-de fazer, está num buraco sem saída: são desde as auditorias, as bonomias, os planos megalómanos, para ficarem na gaveta, até à hipoteca dos seus bens. Se não vejamos as engenharias financeiras que estão a ser realizadas, sem pudor, nem honra para quem deixou o poder por falecimento. Acabam, agora, por dar à banca o rendimento de vinte e cinco anos das rendas sociais, unicamente para pagamento de despesas correntes. De facto é tudo a mesma família, Ferreira Leite, Bagão Félix ou Bragança Fernandes !

Mas a coligação tem outro problema a resolver. Será que vai manter os laços, que a maioria social democrata não quer, com um Partido sem expressão na Maia, o chamado CDS/PP ? Ou concorrerá o PPD de Santana sozinho, não deixando cair o vereador da cultura ?

Desenham-se tempos difíceis para os neo-liberais e populares da Maia, e a perpetuação no poder só terá sequência se um tal licenciado, “iluminado” de uma oposição abstracta, decidir fazer mais uma vez "o sacrifício" de perder, ganhando um lugar de vereador.

As decisões ignóbeis de venda de património, e agora de receber antecipadamente as rendas das casas sociais, através da banca, por um período de um quarto de século, isto é, vendê-las a outrem deixando de as receber durante tanto tempo, diminuindo, assim, as receitas mensais, para empregá-las no saneamento financeiro corrente, que sufoca a Câmara, se é uma medida de gestão, não deixa de ser a mais fácil, mas financeiramente desastrosa, quer para a Câmara da Maia, quer para os inquilinos. Tanto mais que, como referi, essas verbas terão que ir direitinhas para as mãos dos credores, que há tanto tempo sofrem o efeito das dívidas (não esquecer o que nunca foi desmentido oficialmente: a nossa Câmara leva, em média, sessenta meses a liquidar esses seus compromissos).

A fotografia da deriva do actual e futuro (?) da Maia está tirada com Bragança Fernandes, Silva Tiago e Mário Nuno - este a próxima aquisição do PSD ? -, com a política que está em voga, de tapa destapa buracos, que qualquer de nós – incompetentes - saberíamos executar: não temos dinheiro? vendemos os bens ou colocamo-los no "prego"; não temos dinheiro? pedimos ao patrão um adiantamento de doze meses, o que virá a seguir, logo se verá. E não se esqueça o executivo camarário da situação da gestão, a tornar-se ruinosa, do SMAS, que poderá por inépcia, tornar-se outro túnel sem luz ao fundo, salvo a lanterna que seria, claro, haver a solução de privatizar a água ou o saneamento.

E já agora, porque não receber como adiantamento todos os nossos impostos; depois pagava-se a qualquer banco, interessado não nos seus lucros, mas no bem das pessoas que vivem na Maia !

Joaquim Armindo
Deputado Municipal do PS
jarmindo@clix.pt
http://bemcomum.blogspot.com

Escreve quinzenalmente neste jornal


0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial