segunda-feira, janeiro 10

DO BLOGUE ABRUPTO - PACHECO PEREIRA

Pacheco Pereira, no seu blogue colocou um interessante seemão do Padre António Vieira, sobre a Nossa Senhora do Ó, que aqui deixo.
GRANDES NOMES: NOSSA SENHORA DO Ó / APRENDENDO COM O PADRE ANTÓNIO VIEIRA SOBRE O CÍRCULO DO ÚTERO VIRGINAL
Nossa Senhora representada na "expectação", grávida. Nalgumas imagens populares portuguesas, Nossa Senhora é apresentada grávida e com o Menino ao colo. O Padre António Viera proferiu em 1640 o Sermão de Nossa Senhora do Ó:
"Já o dito até aqui bastava para que eu desse por desempenhada a promessa de que o círculo do útero virginal foi um O que compreendeu dentro em si o imenso.
Mas será bem que o mesmo imenso o diga, resumindo também a um O a sua imensidade. Apareceu Cristo, Senhor nosso, ao evangelista S. João na primeira visão do seu Apocalipse, e disse-lhe: Ego sum alpha et omega, principium et finis (Apc. 1,8): Eu sou o Alfa e o Ômega, porque sou o princípio e o fim de tudo: o princípio, enquanto Criador do mundo, e o fim, enquanto reparador dele.
Alfa e Ômega são a primeira e última letra do alfabeto grego, o qual começa em A e acaba em O. E esta foi a razão e o mistério porque, sendo Cristo hebreu e S. João também hebreu, não lhe falou o Senhor em hebraico, senão em grego, porque o alfabeto grego acaba em O, e o hebraico não. O alfabeto hebraico também começa em A, que é o seu aleph; e para significar, na primeira letra, as obras da criação, enquanto Cristo é princípio, tanto servia o alfabeto hebraico como o grego. Porém o Senhor usou do grego, sendo estranho, e deixou o hebraico, sendo natural e da própria língua, porque, para significar na última letra o mistério da reparação, enquanto o mesmo Cristo é fim, só o O tinha propriedade e semelhança. E esta semelhança, em que consiste?
Consiste em que a figura do O é circular, e assim como o O é um círculo, assim o mistério da Encarnação foi outro círculo: Deus humanatus dicitur esse circulus, ut circumferentia dicatur humanitas, centrum autem divinitas. O mistério da Encarnação do Verbo — diz S. Boa-ventura — foi um círculo porque, vestindo-se Deus de nossa carne, a humanidade de Cristo cercou e encerrou em si a divindade. E por este modo inefável ficou sendo a mesma divindade o centro, e a humanidade a circunferência.
Sendo, pois, o mistério da Encarnação, que foi o fim e última perfeição de todas as obras de Deus, este perfeitíssimo círculo, por isso Cristo disse a S. João que, assim como ele, enquanto primeiro princípio, é a primeira letra, A, assim, enquanto último fim, é a última letra, O: Ego sum Alpha et Omega."

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