terça-feira, dezembro 20

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

No O Primeiro de Janeiro, de 13 de Dezembro, fui pulicado a artigo da minha autoria:


MOSCADEIRO

NA MAIA, OPOSIÇÃO ACTIVA?

Parece que, finalmente, vamos ter oposição na Câmara da Maia. Libertos das peias de recebimentos pelos lugares que ocupavam, os vereadores do PS estão em condições para uma oposição, forte e credível. E diga-se, para bem da actual maioria e do povo maiato. Porque, de facto, é necessário uma oposição que vote de acordo com as suas convicções, e possa estabelecer programas alternativos à governação, não tendo medo de poder estabelecer pactos em matérias sensíveis, como o desenvolvimento económico, o ambiente, o desemprego ou outros. Mas de cabeça erguida e se sujeitando a negociatas, pelos corredores do poder, trocando cargos, pelas causas, como em mandatos anteriores podemos observar.

O toque, como aqui disse, foi dado na Assembleia Municipal, e, agora, na votação do Plano de Actividades e Orçamento para o ano de 2006, onde a votação contra foi assumida e proclamada por um comunicado dos vereadores do PS. É preciso, no entanto, que cada votação e questão seja analisada com ponderação, até porque o poder às vezes não se engana, e o estabelecimento de consensos sem ferir os princípios, deve ser basilar para o prosseguimento de uma oposição, que não seja autista, fazendo o jogo do poder totalitário e enganador. Os interesses das populações maiatas exigem que a oposição, até para ter credibilidade, proponha alternativas, e em cada caso saiba colocar interesses egoístas e mesquinhos, pessoais ou partidários, de lado e colabore em projectos estratégicos fundamentais. Este é o sentido único de uma oposição, que não se deve resignar a sê-lo, pelos anos vindouros, mas que construa um projecto inovador, baseado na boa-fé e na responsabilidade.

O comunicado emitido pelos vereadores do PS na Câmara da Maia, é contudo muito superficial. Diga-se que já é alguma coisa, contra o deserto existente nas políticas anteriores, mas não se pode resumir a isso. Quem lê as notícias da imprensa, ou mesmo o referido comunicado, fica defraudado porque parece que a oposição votou contra por motivos meramente financeiros, se foi assim está a reduzir documentos fundamentais a uma casualidade, que não pode ser o epicentro das discussões politicas e suas decisões. Se não se coloca em questão algumas questões enunciadas, o certo é que se fica com a noção que a principal preocupação é um saneamento financeiro, e não o bem estar das pessoas. É como se o deficit aterrasse na Maia, e isso não vale; o que realmente é importante são as pessoas, os seus problemas e as prioridades. Esta questão não é explicada pela oposição, que também não fornece alternativas para a visão do seu orçamento, se fosse poder, as suas prioridades, o seu governo. Ora isto é fundamental, para a compreensão daqueles que pagam os seus impostos: a filosofia que teriam, quais as grandes linhas mestras do governo autárquico.

Curioso é que este comunicado não refira todo o que se passou na reunião, mas só o voto contra; é que é necessário saber porque votou favoravelmente o Plano dos SMEAS e a transacção realizada com a EDP, e isso não é explicado. E é pena, porque todos ficaríamos a saber mais, os militantes do Partido e aqueles que não o sendo em todas as eleições dão-lhe a maioria, excepto nas autárquicas. É que não sendo possível, até por falta de tempo útil, reunir a Comissão Política, que o esclarecimento fosse cabal, e, tenho pena, não o é! Existem assuntos que podem bem ser assumidos pelos três vereadores, mas outros são de capital importância para se resumirem a isso.

Seria necessário que, ainda no referente à alienação dos bens, o PS fosse claro quanto, por exemplo, ao Aeródromo de Vilar da Luz, e isso não é referido. Esta questão é daquelas onde é possível um consenso alargado. Defendeu sempre o PS, pelo menos na Assembleia Municipal, que a gestão de algumas infra-estruturas não competia à Câmara Municipal, e uma delas era esta. E várias possibilidades existem, ou vender, como parece ser a proposta da maioria, ou uma gestão conjunta, em que a Câmara Municipal pode possuir ou não a maioria do capital. Não conhecendo em pormenor o documento referente a alienações, e só este caso, penso, contudo, que a oposição para ser responsável deve debater caso por caso, e definir a sua posição. Todos sabemos que a conjuntura não é favorável, sabíamos, e é verdade, que o endividamento camarário é muito preocupante, que o saneamento financeiro é inevitável, mas, como disse Jorge Sampaio, há vida para além destas questões.

Ora, é essa vida que gostaríamos de sentir, pelas alternativas que o PS da Maia pode dar, e são elas que não lemos no comunicado referido. Ao contrário do que possa parecer não “estou a dar tiros nos pés”, dos meus amigos e camaradas de Partido, mas a poder, agora, colocar estas questões. Em mandatos anteriores não era possível, mas hoje sim, a oposição na Maia tem todas as condições para ser activa e protagonizada pelo PS. Ao poder da maioria só restará ouvir activamente o que a oposição está a dizer, descobrindo nos seus sinais portas de comportamento não autista.

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS/Maia

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.com

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