Artigo publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, da autoria de Joaquim Armindo, em 31/12/2005
ÁGUA VIVA
FAZEDORES DA PAZ
Todos o cristão é chamado a ser fazedor activo da Paz, não basta uma atitude de “querer viver em paz”, como ouvimos da boca de muitas pessoas, porque a Paz é um encorajamento em viver com os outros, a não ter paz enquanto muitos outros vivem na guerra permanente de não ter tecto, de serem marginalizados, de serem injustiçados, de sobreviverem no desemprego, ou num que é atropelador dos direitos fundamentais da dignidade humana. O ser fazedor da Paz, significa um autêntico envolvimento por ela, e isso não se consegue ignorando a justiça; querer viver em Paz, quando tantos outros são espezinhados, ignorados, é um acto de ignomínia, um pecado grave, porque é colocar-se numa situação nas antípodas de Jesus.
Gostaria, neste momento de relembrar dois artífices desta luta pela paz, que não se resignaram nunca a chamar ao levantamento dos cristãos, habituados ao aconchego das suas famílias, ignorando, por completo, que a Paz só é conseguida, pelas suas posições pró activas, no seio da sociedade em que se inserem. São eles Paulo VI e o Irmão Roger, este assassinado de forma brutal e cruel.
Dizia Paulo VI, que o novo nome da Paz é a Justiça, e fundamentava-se proclamando que a Paz é possível, se uma nova ética mundial for promovida, no projecto da globalização, e isso é imperativo, e não voluntário, em cada ser cristão; mas é necessário que todos façam das suas vidas a doação plena ao incremento e procura da Paz. Contudo esta nunca se dará, se na humanidade a Justiça não for conseguida. Não existe ninguém que possa “viver em paz”, enquanto um único homem ou mulher, for discriminado e ferido.
O Irmão Roger, referia num projecto de carta, para ser lida no encontro de jovens deste ano em Milão, que a Comunidade de Taizé que “quem procura amar e dizê-lo através da sua vida é levado a interrogar-se sobre uma das questões mais prementes – como aliviar as penas e o tormento daqueles que estão próximos ou longe?”, isto é ser fazedor da Paz.
Será que os cristãos estarão dispostos para a luta pela Paz verdadeira, deixando de querer apenas “viver na sua paz”, enquanto tantos sofrem?
Joaquim Armindo
Licenciado em Engenharia e Ciências Religiosas
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