segunda-feira, janeiro 2

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL DESAFIO

REFLEXÃO LITURGICA

CONSTITUIÇÃO A SAGRADA LITURGIA

No passado dia 8 de Dezembro completou-se quarenta anos do fim do Concilio Vaticano II, em boa hora convocado pelo Papa João XXIII, e que foi, sem dúvida, um despertar da Igreja, um “abanão” que todos, até a sociedade que não é cristã, considerou muito útil para a vida da humanidade. Dos documentos então produzidos, muitos permanecem na ignorância de todos nós, que não nos demos ao trabalho de os ler e estudar, não que eles sejam superiores à Palavra, mas porque contêm a sabedoria da Igreja ao longo dos tempos, e, portanto, são um depósito (tesouro) imprescindível para o nosso crescimento.

Um dos documentos que então se produziram, é a Constituição sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium), aprovada unicamente com 4 nãos, em 2151 votantes, o que se traduz por uma catolicidade, quase unânime. Constituída por sete capítulos, observa temas tão importantes, como a participação dos fiéis, a língua ou a música. Centrada no ponto crucial da nossa vida cristã, a Sagrada Eucaristia, no seu primeiro capítulo chama logo à participação activa do povo de Deus, quando refere “Para assegurar esta eficácia plena [da Eucaristia], é necessário, porém, que os fiéis celebrem a Liturgia com rectidão de espírito, unam a sua mente às palavras que pronunciam, cooperem com a graça de Deus, não aconteça de a receberem em vão. Por conseguinte, devem os pastores de almas vigiar por que não só se observem, na acção litúrgica, as leis que regulam a celebração válida e lícita, mas também que os fiéis participem nela consciente, activa e frutuosamente”.

E mais adiante “É desejo ardente da Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e activa participação, nas celebrações litúrgicas”, para chamarem todos à necessidade da formação contínua, os sacerdotes e os fiéis, segundo o seu “género de vida e grau de cultura”, e de forma clara e contundente afirmar “Faça-se o mais depressa possível a revisão dos livros litúrgicos, utilizando o trabalho de pessoas competentes e consultando os Bispos de diversos países do mundo”. Muito interessante é a sua visão de que a liturgia não é “acção privada”, mas “sacramento de unidade”, “Povo santo reunido e ordenado sob a direcção dos Bispos”,e, portanto, a possibilidade do uso da língua vernácula. No momento da aprovação desta constituição torna-se uma relevante afirmação, a que se refere mais uma vez ao povo reunido “Para fomentar a participação activa, promovam-se as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como os gestos e atitudes corporais. Não deve deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado”. Assim, é por demais evidente, que os fiéis não seriam mais os assistentes à missa, mas activos protagonistas desta, como os ensinamentos de Jesus.

Depois de recomendações similares sobre os outros sacramentos e os sacramentais, refere o ano litúrgico, as festas da Virgem e dos Santos, e sentiu necessidade de referir que “A Igreja, segundo a tradição, venera os Santos e as suas relíquias autênticas, bem como as imagens. É que as festas dos Santos proclamam as grandes obras de Cristo nos seus servos e oferecem aos fiéis os bons exemplos a imitar”; observe-se a sabedoria destas palavras quando se coloca neste ponto como importante “proclamam as grandes obras de Cristo”, é uma excelente reflexão sobre algumas práticas de piedade que colocavam Jesus, o Cristo, em nenhum lugar, quando é precisamente o contrário.

Termina esta constituição sobre a liturgia por falar na música e na arte. Sobre aquela é referido que “A música será, por isso, tanto mais santa quanto mais intimamente unida estiver à acção litúrgica, quer como expressão delicada da oração, quer como factor de comunhão, quer como elemento de maior solenidade nas funções sagradas. A Igreja aprova e aceita no culto divino todas as formas autênticas de arte, desde que dotadas das qualidades requeridas” e recomenda que “os compositores e os cantores, principalmente as crianças, devem receber também uma verdadeira educação litúrgica.”, ao mesmo tempo que se deve “Promova-se muito o canto popular religioso, para que os fiéis possam cantar tanto nos exercícios piedosos e sagrados como nas próprias acções litúrgicas, segundo o que as rubricas determinam”.

Passados estes quarenta anos do fecho do Concílio, pelo Papa Paulo VI, todos estes textos devem ser relidos e apercebidos do seu real valor, para a vida dos cristãos, recordando a primeira mensagem do Papa João Paulo II, que diz: “Primeiramente, desejamos insistir na permanente importância do Concílio Vaticano II, e é para nós obrigação explícita garantir-lhe a devida execução. Consideramos, por isso, obrigação fundamental promover, com actividade prudente e ao mesmo tempo estimulante, a mais fiel execução das normas e orientações do Concílio”.

Pois, que para nós, Comunidade Paroquial da Foz do Douro, os documentos que nos deixaram não sejam textos mortos, mas actuantes, nomeadamente este sobre a Sagrada Liturgia. É tempo de estudo, formação e actualização, em nome de Jesus.

Lurdes Gomes e Joaquim Armindo

1 Comentários:

Às 9:19 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Santo Agostinho é um dos maiores vulgarizadores do Espiritismo. Manifesta-se quase por toda parte. A razão disso, encontramo-la na vida desse grande filósofo cristão.
Pertence ele à vigorosa falange do Pais da Igreja, aos quais deve a cristandade seus mais sólidos esteios. Como vários outros, foi arrancado ao paganismo, ou melhor, à impiedade mais profunda, pelo fulgor da verdade. Quando, entregue aos maiores excessos, sentiu em sua alma aquela singular vibração que o fez voltar a si e compreender que a felicidade estava
alhures, que não nos prazeres enervantes e fugitivos; quando, afinal, no seu caminho de
Damasco, também lhe foi dado ouvir a santa voz a clamar-lhe: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" exclamou:
"Meu Deus! Meu Deus! perdoai-me, creio, sou cristão!" E desde então tornou-se um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho. Podem ler-se, nas notáveis confissões que esse eminente espírito deixou, as características e, ao mesmo tempo, proféticas palavras que proferiu, depois da morte de Santa Mônica: Estou convencido de que minha mãe me virá visitar e dar onselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura. Que ensinamento nessas palavras e que retumbante previsão da doutrina porvindoura! Essa a razão por que hoje, vendo chegada a hora de divulgar-se a verdade que ele outrora pressentira, se constituiu seu ardoroso disseminador e, por assim dizer, se multiplica para responder a todos os que o chamam.

 

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