terça-feira, dezembro 27

EIS QUEM É CAVACO SILVA

Cavaco Silva quer ter «conversa longa com o primeiro-ministro»

Candidato à Presidência da República com o apoio de PSD e CDS-PP, Aníbal Cavaco Silva quer, caso consiga ser eleito, começar por ter uma longa conversa com o primeiro-ministro José Sócrates e, eventualmente, até propor alguma actuação legislativa, mas nunca sendo uma arma de arremesso entre a Oposição e a Maioria.


Em extensa entrevista publicada na edição desta terça-feira do Jornal de Notícias, mas concedida três dias antes do Natal, Cavaco Silva assume que «a primeira tarefa que gostaria de realizar (enquanto Presidente da República) era uma conversa longa com o primeiro-ministro», embora frise desde já que «não pretendo substituir-me ao Governo».

Mesmo assim, «é bom não esquecer que há o legitimidade que o presidente tem pelo facto de ser eleito directamente pelo povo», recorda o ex-primeiro ministro, prometendo, caso seja eleito para Belém, apostará na «cooperação» com o Governo, alargando «esses estímulos e contactos à sociedade», embora possua uma opinião diferente da do Governo em alguns sectores específicos, como é o caso dos «têxteis e calçado».

«Tenho dito e continuarei a dizer que é uma ilusão pensar em substituir, de um momento para o outro, os têxteis por indústria tecnologicamente avançadas», sublinha o candidato, para quem a questão da crescente deslocalização das empresas poderá ser combatida com a criação da figura de «um secretário de Estado» que «fizesse a lista de todas as empresas estrangeiras em Portugal e, de vez em quando, fosse falar com cada uma delas para tentar indagar sobre problemas com que se deparam e para antecipar algum desejo dessas empresas se irem embora, para assim o Governo tentar ajudá-las a inverter essas motivações».

Cavaco Silva afirma que tal já foi feito «na Áustria», «mas também noutros países, tenho a lista completa», ao mesmo tempo que defende que «o investimento estrangeiro em Portugal está muito bloqueado». «O presidente não pode fazer alguma coisa para ajudar a desbloquear? Se ajudar a aumentar o clima de confiança já faz alguma coisa», garante.

O candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP afirma, de resto, que a imagem de Portugal no estrangeiro «não é muito boa», sendo que «essa é uma área em que deve existir uma grande concertação com o primeiro-ministro, porque Portugal tem de falar a uma só voz», embora Cavaco não se mostre, por exemplo, «muito favorável» a que o Presidente da República participe também nos conselhos de ministros, «excepto em momentos de crise em que o presidente queira manifestar solidariedade muito forte para vencer uma situação». Mesmo porque, sublinha, «o presidente não deve participar no processo político de decisão próprio do Governo».

Apesar desta posição, Cavaco Silva assume, na entrevista ao JN, que pretende «acompanhar os assuntos europeus», mantendo sempre uma posição concertada com o Governo, não descartando sequer a possibilidade de sugerir legislação ao primeiro-ministro, pois o «o presidente deve sugerir intervenção legislativa nalgumas áreas».

No entanto, garante o candidato, caso seja eleito Presidente da República, «não utilizarei os meus poderes como arma de arremesso».

27-12-2005 8:39:28

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