terça-feira, fevereiro 28

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Artigo publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, de 21/2/2006, da autoria de Joaquim Armindo
MOSCADEIRO


OPOSIÇÃO CREDÍVEL


Um partido no poder, lucra com uma oposição credível e actuante. Sem esta correlação de forças podemos afirmar que não estamos num país, ou outra organização territorial, democrático, pois os pares não se afirmam enquanto forças representativas de modelos de gestão ou sociedade, sufragadas pelos cidadãos, dentro de uma perspectiva de intervenção, mas como um colaboracionismo de interesses pessoais, em contraponto ao bem-estar colectivo. As sociedades democráticas afirmam-se pela nitidez das propostas, quais alternativas aos ditames de um poder, que porque o é, necessita que o legitimem, e isso faz-se pelo confronto de atitudes reconciliadoras das perspectivas politicas, sociais e culturais, dos vários agentes de mudança. Estes ou são livres, isto é, exercem as suas actividades sem nada deverem ao poder instituído, ou certamente são forças apegadas continuamente a favores e dependências, não exercendo assim a sua vocação de opositores, construtores de alternativas, na sua acção fiscalizadora, denunciadora e criativa de propostas capacitadas pela emergência de con-criar. Ora, isto significa que a oposição, não pode, nem deve estar, na dependência financeira e económica, mas também na prática dos favores do poder, porque isto lhe tira a capacidade de ser oposição, e ao poder de ter oposição, o que é traduzido por um exercício ignóbil de subversão dos arquétipos fazedores do bem, na unidade reconciliadora, mas ao mesmo tempo combativa.

O pragmatismo do ser oposição, sem, como se diz, ser bota-abaixo, titula-se por uma coerência de saber ter atitudes munidas de bom senso, que ao mesmo tempo são reveladoras dum processo de reconversão, dinamizado por propostas, às vezes não antagónicas, que direccionem as posições, num sentido de valores, que as várias forças produzem, dentro de si, movimentadas por factores endógenos, mas cujo somatório algébrico, num sistema modular, é sempre menor à entrada, do que na saída, dado que as sinergias interagem, criam, como movimento de criação, e doam aos outros ideias factoriais abrangentes e consequentes. Isto define oposição que quer amanhã ser poder, mas que não aliena, hoje, as suas responsabilidades de produzir em cada combate, as necessárias manifestações andragógicas, que permitem um ser colectivo, de procriação contínua, sustentada e fomentadora das inovações necessárias à sustentabilidade das relações interpessoais fomentadoras do debate continuado, e necessário à exequibilidade das regras da intervenção dos cidadãos, de per si, ou agregados em movimentos geradores de movimentações contribuidoras para o bom andamento democrático.

Tudo isto seriam frases feitas e ocas se não se aplicassem às forças que actuam na Maia, enquanto poder e oposição, a dita coligação, que já não o é, e o PS. As posições que foram tomadas no passado constituem um repositório negador dos princípios enunciados, por parte da oposição, que tentamos evidenciar agora, isto é, a legitimidade de quem prossegue uma praxis contrária aos princípios, assentando a sua acção na prossecução de objectivos pessoais e desprezando as bases de uma oposição credível; prova-se o facto desta afirmação, pela evidência da votação popular que castigou a sua promiscuidade com o poder, afirmando com clareza que não é assim que se é oposição. Esta é um conjunto de princípios programáticos, de causas e de valores, que enunciados contrariam os procedimentos usados, mas, também, protagonistas, quer activos, quer passivos, que se deliciaram em resultados de uns tantos, que interpretaram mal os sentimentos e expectativas do povo maiato, e, portanto, merecem ser tratados, com dignidade humana, sim!, mas afastados destas andanças, pois não têm mais nada a dizer ao povo, a não ser a sua incapacidade de escuta activa, dos seus problemas e consequente resolução.

Querer agora, depois dos seus programas (se é que existiram), vir a terreiro, para mais uma vez, teimarem na sua liderança (com o sacrifício pessoal, que sempre apregoaram), não é mais do que querer confundir os incautos que no PS da Maia podem enganar, mas ao povo não enganaram. Os protagonistas desta liderança aí estão a lançar a confusão do ser oposição e a prepararem-se para conduzir um partido, que sempre levaram à derrota, não para mal deles, mas das populações maiatas. E é necessária a denúncia activa, porque se não acontecer assim, estaremos em contradição com aquilo que esse grande democrata Willy Brandt, dizia: “Qualquer sofrimento de um ser humano, seja onde for, afecta-nos a todos. Não se esqueçam de que quem tolera uma injustiça durante muito tempo, fomenta a injustiça”, e porque assim é, não nos cansamos de alertar as maiatas e os maiatos, nomeadamente os socialistas, para as contradições ainda inerentes ao PS da Maia. Que eles tomem nas suas mãos o Partido, saibam escolher a alternativa (já em andamento) à direcção actual, substituindo os dirigentes actuais, e colocando-se, sempre, numa posição de intervenção pró-activa, no sentido que coisas destas não mais se passem no partido, para bem de todos, inclusive destes dirigentes, que teimam em permanecer, mesmo contra a sabedoria do nosso povo.

Joaquim Armindo
Membro da Comissão Política do PS da Maia
jarmindo@clix.pt
http://www.bemcomum.blogspot.com

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