quinta-feira, abril 13

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Artigo da autoria de Joaquim Armindo, publicado no jornal O Primeiro de Janeiro, de 4 de Abril:



MOSCADEIRO

DA VITALIDADE DA SOCIEDADE

Participei há poucas semanas na redacção da moção, duma lista candidata à Comissão Concelhia do PS/Maia, em que afirmava que a Vitalidade da Sociedade, é de primordial importância, mas que na redacção final não aparece. Já tenho afirmado, muitas vezes, que esta questão de apresentar documentos políticos, quer aos militantes dos partidos, quer ao povo português, não passa de um engano; não só porque ninguém os lê, mas também são colocados “nas gavetas” após eleições. Não sei até, se foi por alguma destas razões que o candidato Fernando Ferreira, aconselhado, certamente, pelo seu “padrinho”, nas últimas eleições para a concelhia, nem projecto apresentou, e parece que “ganhou”, isto é, o caciquismo politiqueiro que ronda as águas da Maia (veja-se o caso paradigmático de Pedras Rubras, onde Salazar não faria melhor), sobrepõe-se às ideias em confronto, determinando, assim, a nula participação daqueles que se dizem militantes. Mas fosse, porque fosse, a verdade é que o exercício de condensar num suporte os vectores fundamentais de programas, não deve ser escamoteado nos partidos políticos, e, nomeadamente, naqueles que se dizem da fraternidade. Por isso, continuo a defender a análise teórica, sobre uma prática evidente (não o contrário!), e sendo assim penso que é de louvar a apresentação das moções, até para que não se caia no acriticismo de partidos, com militantes não praticantes, o que é uma aberração, em qualquer organização.

Então, um dos princípios defendidos nessa moção apresentada aos militantes maiatos do PS, baseava-se na impossibilidade de alteração, sobretudo das atitudes, com forças endógenas somente, isto é, o partido teria de contar com a Vitalidade da Sociedade, neste caso maiata, como capacidade exógena para conseguir uma modelação das suas actividades. E dizia, que era fora dos horizontes dos militantes, que conseguiríamos as sinergias necessárias, para alterações profundas no funcionamento interno, não tendo dúvidas que consubstanciar as nossas posições, só têm efeito, no ouvir activamente, com pró-actividade contínua, as populações, nomeadamente aquelas que não nos são afectas, porque só assim possuiremos a humildade democrática de sabermos que a verdade, não reside em nós, mas na globalização de todos os saberes, sejam daqui ou dacolá.

É basilar verificar que a sociedade maiata, embora doente, possui dentro de si capacidades suficientes para inflectir as lógicas partidárias, e contribuir para o emergir de consubstancialidades que permitam a participação activa dos cidadãos, numa acção de cidadania consequente. E só assim, tem sentido que os mais despertos (que não necessariamente, os mais inteligentes!), para a política, coloquem no centro das suas preocupações a análise e reflexão, politicamente incorrecta, realizada por todas e todos que se interpenetram na sociedade, e descrêem dos métodos usados pelos partidos políticos, que mesmo na sua casa usam de tramóias inconcebíveis, numa sociedade saudável. Talvez, porventura, que se a centralidade política fosse esta, no reconhecimento que a sociedade maiata tem em si a capacidade evolutiva de contribuir, para a modificação azeda dos partidos, e no caso particular, do PS da Maia, estaríamos a contribuir para uma melhor gestão da cidade, e torná-la saudável.

Está aqui um novo paradigma, o de retornar ao princípio que as nossas soluções para o desenvolvimento da sociedade, da Maia, não passa por bonitos esquemas partidários, por melhores que nos pareçam, gizados pela melhor massa cinzenta, mas da emanação dos sentimentos das populações, dos seus quereres, expectativas e sobretudo confiança. Esta já não existe, porque os movimentos sociais não se geram, ou são atropelados pelo nefasto poder, que urge colocar em questão, desobedecendo, com urgência, às diatribes que exibe enquanto força bloqueadora do pensar cultural nacional. Quem arrasta para os partidos pessoas a quem não se dá força, ou apenas a do voto, duma cultura genuína tradutora de participações activas e empreendedoras, continua no poder, mas num pedestal sem consequências de serviço; assim, usa-o em seu proveito, é mentiroso, e pouco lhe resta a não ser, marginalizar-se no domínio da sua consciência, e deixar a humanidade mais pobre com a sua opção de agir. É o descrédito das acções, que se traduzem nas expressões do nosso povo, quando se fala de política.

Por tudo isto, é que o reconhecimento nos programas partidários, que a sociedade tem vitalidade para intervir, e corrigir, os pensamentos das nossas pobres politicas, não é enganador, mas um princípio que dá força ao reconhecimento do serviço à causa pública. Quem assim não o fizer, está enganado, a história não lhe dará razão e o futuro desmascarará, mais cedo, ou mais tarde, as impossibilidades do conluio com aqueles que mais sofrem, e necessitam não que os ajudem a libertar-se, mas que se libertem com eles!

Maia, Maia, que pobre política e pobres políticos tens, mas acredito na tua sagacidade para caminhar com eles, e inverter esses “iluminados”!

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS da Maia

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.com

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