sexta-feira, junho 23

Artigo da autoria de Joaquim Armindo, publicado no Jornal Primeira Mão, em 16 de Junho de 2006:


SOLIDARIEDADE COM ANDRADE FERREIRA


Quando o anterior (?) presidente da comissão política do PS da Maia, foi eleito, a sua primeira actividade foi criar as condições necessárias, para a então líder do grupo parlamentar do PS, na assembleia municipal, renunciasse, e foi assim que, por “motivos particulares e pessoais”, se viu obrigada a isso. Na verdade a usurpação do seu lugar de líder, nas reuniões preparatórias, levaram a dr.ª Paula Cristina, deputada da nação, a tomar a posição de, para que o partido não se fragilizasse, invocar outros motivos, e deixar que o “projecto e as ideias” dele pudessem ter o apoio dos maiatos. Nada disso aconteceu, e as derrotas eleitorais sucederam-se. Agora, invocando “motivos profissionais e pessoais”, o dr. Andrade Ferreira toma a mesma atitude, pede a suspensão, para mais tarde, renunciar. O partido socialista da Maia, perde consecutivamente quadros válidos, para que a mediocridade tome as rédeas de um poder, em nome “dos projectos e das ideias”, que não existem, ou se existem o povo da Maia, está farto de dizer que não as quer.

No caso do agora líder parlamentar, suspenso, as pressões foram e são enormes, chegando ao ponto de o atingir na sua honra e dignidade pessoais; poderosas forças do partido, hoje em lugar de destaque no comando da Maia, que ainda há bem pouco tempo foram risota no próprio plenário, tudo fizeram para que um dos representantes do partido, mais lúcido e capaz, se sentisse na obrigação de não querer partilhar o mesmo conjunto de ideias, e não ser forçado à ruptura, pura e simples, pública. A constituição de um acordo pré-eleitoral constituído na Maia, revelou-se frágil e incapaz de levar o partido a ser uma força pródiga em carácter oposicionista credível ao actual poder da maioria. Assim se desfaz mais uma tentativa de querer conciliar, aquilo que é inconciliável. Os prepotentes e caçadores de votos são sempre assim, tentam forjar unidades, e assumindo o poder, tentam libertar-se dos mais capazes e audazes, para não lhe fazerem qualquer sombra. Penso que o “caso do 25 de Abril”, foi aproveitado no sentido de dar a machadada final em quem ainda lhes fazia frente. Acusando Andrade Ferreira de não estar com aquela data e ter claudicado frente ao poder, admitindo não realizar qualquer comemoração (uma mentira, fácil de desmontar!), choveram acusações das mais torpes àquele deputado, que, penso, consequentemente, entregou nas mãos dos acusadores o lugar para que foi eleito, porque não precisa dele para nada, nem foi para isso que se candidatou, mas para servir as populações.

Ainda não perceberam aqueles que comandam os destinos do PS da Maia, não ser este o caminho, mas um outro passando pela seriedade política perante os eleitores, e pensam que só com o voto, controverso, dos militantes do partido, já têm os destinos do concelho nas mãos. Mas não é assim, os chutos que dão a todos que com inteligência e sem interesses pessoais querem estar ao serviço das causas públicas, num partido, são dados neles próprios, porque logo se verá quem são os mais capazes, e esses di-los o povo quem são e à falta da credibilidade necessária preferem optar pelos que já estão, dado que a serem outros, talvez a gestão fosse muito mais ruinosa. Andrade Ferreira é um médico prestigiado, reconhecido pela sua intelectualidade e personalidade, não veio para a política, no sentido da obtenção de favores, deles não precisa, ao contrário de outros, e que para servir os interesses públicos penalizou a sua família e profissão, mas daria de si o melhor para que o bem comum pudesse florescer, e na Maia se concretizasse o anseio de muitos: uma alternativa do partido socialista, afirmada na defesa de princípios e causas. Tal não conseguiu, e descobriu, creio, que este caminho não levará a lado nenhum, excepto àqueles que necessitam de pedidos, as chamadas cunhas, para atingirem patamares, que de outro modo não conseguiriam; a vida política está eivada do parasitismo, de quem só por este meio consegue ser notado e favorecido. Não é, porém, este o sentido que dá à vida Andrade Ferreira, e no seu caminhar para uma humanidade outra, não tem, necessariamente, de o fazer nesta frente, mas possui outras, porque todos nós precisamos de outras formas de dar expressão às nossas expectativas, e ao nosso sentir a vida.

A vida para Andrade Ferreira não é redutível à discussão política, sempre espartilhada, nos partidos políticos, mas existem outras formas de ser útil à sociedade, e quando se gastam energias num sentido que a nada conduzem, por lutas intestinas atingindo o inacreditável, porque anedóticas, mais vale ser frontal e, sem perder o sentido da sua posição na humanidade, remar com outros na prossecução dos seus altos desígnios.

Andrade Ferreira faz falta à política na Maia, mas não a qualquer preço, por isso a minha total e inequívoca solidariedade.

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS da Maia

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial