ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO
No Jornal O Primeiro de Janeiro foi publicado, em 8/10/2006, a seguinte crónica da autoria de Joaquim Armindo.
ÁGUA VIVA
E OS VALORES?
Numa primeira carta pastoral o novo Bispo de Leiria – Fátima, faz uma interessante reflexão sobre a beleza e a alegria da vocação cristã, para referir ser necessário que a actual fé cansada, dê lugar à frescura, beleza, paixão e encanto. Neste curioso testemunho D. António Marto refere que a crise de vocações na vida política, sindical, associativa e na igreja, deve ser lida à luz da sociedade e da cultura onde estamos inseridos. Pela primeira vez leio, num texto, a clarificação da actual situação de “amnésia” das comunidades cristãs, e fazendo o paralelo com as indiferenças relativas às várias vocações dos cristãos, que não só a do sacerdócio. Podemos discordar do porquê desta falta de vocações (do sacerdócio) e até se a mesma não é um sinal do Espírito a dizer que talvez tenhamos colocado todas as questões da igreja, nas mãos dos padres e bispos, como se fossem eles os donos, mas certamente estaremos de acordo que a “incerteza e a confusão reinantes”, são paradigmáticas duma cultura globalizante levando tantos a venderem os seus valores, por caminhos contrários a compromissos “fortes, exigentes e duradoiros”, verdadeiros construtores da paz e da justiça.
Mais novos e mais velhos, vendem as suas ideias e a sua dignidade, pela possibilidade de obter poder e dinheiro, sendo que sentem estas atitudes como experiências novas, que os farão caminhar para uma felicidade de vida, quando não passam de puras ilusões, que os retiram do meio das pessoas e lhes asseguram um viver digno de verdade. É necessária a decisão de, na sociedade actual e sua cultura, os cristãos e as cristãs serem capazes de cultivar valores de solidariedade e de fraternidade, que conduzam e alimentem uma outra sociedade, baseada numa nova ordem mundial, ora isso faz-se com práticas inovadoras abertas ao sopro, aos ventos das mudanças, para um pensamento diferente, e de escuta activa aos clamores daqueles que são os últimos.
De facto o preocupante não é a igreja em si, ou que ela tenha falta de vocações, mas sim andar arredado dos sinais dos tempos, cultivar a indiferença, e não defender os valores fundamentais e sagrados da pessoa humana, feita à imagem e semelhança de Deus.
Joaquim Armindo
Mestrando
http://www.bemcomum.blogspot.com
Escreve no JANEIRO quinzenalmente
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