segunda-feira, setembro 27

"FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO" - UM LIVRO A LER



"A Filosofia da Informação surge no contexto da emergência de um novo tipo de informação, informação gerada, gerida, manipulada, armazenada, distribuida pela tecnologia. Ela surge como uma nova aproximação de topo ao homem e ao mundo, isto é, como um novo paradigma, no âmbito do qual se visa descrever e entender não apenas aquilo no qual o homem hoje está emerso, a informação tecnológica, mas sob esse pretexto e no âmbito desse fenómeno de investigar e questionar os próprios fundamentos do que é, do que existe e do que somos nós, homens no mundo."

Assim começa o livro "Filosofia da Informação", de Fernando Ilharco, numa edição da Universidade Católica, na colecção campusdosaber, n.º 4.

O livro dividido em três capítulos fala numa Introdução à Filosofia da Informação, Informação, Tecnologia e Sociedade e, por fim, Para uma Fenomenologia da Informação.
No capítulo 1 de que estamos a falar, o autor faz afirmações que nos levam a reflectir, deixo aqui algumas:

"No que respeita ao fenómeno da informação, por que é evidente que nas sociedades mais desenvolvidas as pessoas vivem imersas em informação de origem tecnológica - porque a tecnologia fez da natureza o seu próprio conteúdo, como referiu Marshall McLuhan (1911-1980) - , deve colocar-se o mesmo tipo de questão. Se a informação não é transparente, se uma distinção ou uma diferença varia o seu significado, isto é, o que ela mesmo é enquanto aquilo que é, de pessoa para pessoa, de situação para situação, de contexto para contexto, então o carácter informativo da informação, a sua pressuposta transparência, deve ser colocada em questão e desse facto retiradas as consequências que se seguirem. Quer isto dizer que a informação deve ser investigada, reflectida, pensada em termos primários e fundadores, ou seja como filosofia, como filosofia da informação."

"A filosofia da tecnologia de informação ou a filosofia da computação delineia o seu objecto na informação tecnológica e nos instrumentos informacionais em questão, o que é apenas uma das questões da filosofia da informação mesmo que eventualmente seja ou venha a ser a mais relevantes de todas as questões desta nova área."

E na página 36: "A informação pode assim ser indicada, como o fez o antropólogo, filósofo e linguísta Gregory Bateson, como a diferença que faz a diferença."
Fundamentando este primeiro capítulo, indica 4 paradigmas sobre a informação "questionar em termos fundamentais o que é a informação é algo semelhante a questionarmos o que é o homem, ou que é conhecimento", para terminar com os problemas em aberto na Filosofia da Informação: "a) o problema ontológico (o problema de fundo, basilar, que constitui o próprio campo de reflexão e análise é a questão ontológica: qual a natureza da informação?)
b) o problema é espistemológico (terá a filosofia esquecido a questão informação ao ter avançado para a questão do conhecimento?)
d) o problema da realidade (Que relação existe entre a informação e a realidade? É a informação realidade? O que é a realidade além da informação?) e) o problema da verdade (a verdade, o estar correcto, ser verdadeiro é ou não uma característica da informação? o que é a desinformação? É a desinformação, informação?)
f) o problema do ser (Que correspondência ou relação existe entre informação e ser?)
g) o problema dos níveis de abstracção (a que níveis de abstracção se coloca cada uma dessas informações? Um 3 é o quê? O número 3, um algarismo uma quantidade, um símbolo, um desenho, um conceito, por um meio de comunicação, um acordo, conhecimento à priori?)
h) o problema dos dados (o que são dados? o que é um dado? o que distingue informação de dados? como os poderemos constrastar ou distinguir de informação?)
i)o problema do conhecimento (qual a relação entre informação e conhecimento? É possível o ser humano, estar no mundo, sem conhecimento?)
j)o problema da acção (para que queremos ser informados?)
i)o problema da comunicação (o que é a comunicação? Será a comunicação a transmissão de informação?)
n) o problema da utilidade (a informação fundamentalmente informa. Assim, deve questionar-se: o que é informar ou ser informado?)
p) o problema da tecnologia em geral (deveremos questionar qual a relação do fenómeno da informação, e dos fenómenos que lhe são adjacentes, com o mundo tecnológico: que relação existe a eficiência tecnológica e a informação?)
r) o problema da informação tecnológica como contexto (à medida que mais e mais organizações absorvem o esquema contextual da informação e comunicação tecnológica, isto é, quanto mais essas entidades partilham entre si um novo esquema cognitivo, mais provável será que a sua produtividade possa subir, sendo que o contrário também se deverá verificar.)
s) o problema ético (As mudanças de comportamentos, de estruturas, de valores, de estratégias de poderes provocadas, desencadeadas ou relacionadas com a disseminação das tecnologias de informação e comunicação pelo planeta estão a colocar novos desafios e novos problemas à humanidade).

Estas são algumas das pertinentes perguntas, que o autor lança no fim do primeiro capítulo do livro, e que merecem ser reflectidas.

As posições dos segundo e terceiro capítulos serão colocadas à medida da minha leitura.

Para informações www.ucp.pt/uceditora/ .

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