ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO
Artigo publicado no Jornal Primeiro de Janeiro, em 12/4/2005, da minha autoria:
UNIDADE E CONSENSO
Desconfio sempre quando numa organização, e nomeadamente política, os seus dirigentes obtêm a seu favor eleições quase por unanimidade; é mau sinal, são líderes fracos, e normalmente sem características de forjarem programas encorajadores de dinâmicas que se apoiem em discussão política séria. Normalmente geram-se essas votações em nome de unidades e consensos frágeis e tácticos, portadores da anulação das oposições, que como se sabe em democracia, são o baluarte de actos de governação fortes, dialogantes e operativos.
O dicionário Houaiss, da Língua Portuguesa, refere unidade como sendo uma “ harmonização de esforços entre duas ou mais pessoas; aliança, coesão, união”, e consenso, como “concordância ou uniformidade de opiniões, pensamentos, sentimentos”. Assim, num órgão político onde impera a unidade e o consenso, significa que apesar de algumas divergências naturais entre pessoas, se gera um esforço de uma capacidade de compreender os variados pontos de vista, não os ignorando, mas com vigor analisá-los e superá-los. Não há unidade e consenso, assim, pela simples disposição de esmagar umas opiniões em detrimento de outras, ou mesmo marginalizar e, consequentemente, imolar alguém. Outrossim, uma vítima é sempre o calcanhar de Aquiles em todo o processo que conduz a uma unidade e consenso, e é perigoso mantê-las.
Aliás, todo o processo que conduz a uma vivência democrática, - para que não seja a sua negação - não pode ser obtido pelo ignorar de posições contrárias, nem muito menos em tempos ínfimos, que se tornam incapazes de promover uma visão séria dos outros, sem antes as pessoas, porque é de pessoas que se trata, reverem os seus passados históricos, não os olvidarem, e então partirem para um futuro de relacionamentos, que podem conduzir a uma boa educação, assente em princípios e objectivos claros. Muito menos quando esses passados, traduzem não só a divergência política, mas também de ética, moral, cultural, e, sobretudo, de comportamentos e atitudes.
Viu-se isso na África do Sul onde para se caminhar para o futuro, foi necessária a constituição uma Comissão de Reconciliação e Justiça, para que todo aquele povo não esquecesse, mas justamente se reconciliasse. Não ter em consideração os passados, a história, seria acender em breve prazo uma colisão entre os contendores. Neste País não foi assim, e ainda bem.
À escala do nosso microcosmos político maito, as coisas passam-se na mesma óptica, as reconciliações são analisadas, a justiça impera, e os programas traduzem um sentimento de unidade e consenso; proceder de outra forma é como reduzir o amanhã a lutas que colocarão a nu a fragilidade de acordos, que mais parecem posicionamentos de avanços de outros para o poder. Querer este, e em nome deste, forjar as ditas unidades e consensos, com vítimas à mistura, não é mais que hipotecar um futuro, bem mais perto do que o que é pensável. O poder por si, e em torno de uma pessoa, é fragilizador, quando a equipa se mostra à partida hipotecada. Não se decretam unidades, nem consensos, mas discutem-se, principalmente com aqueles que mais se opuseram, e se não for assim as estratégias estão votadas a um fracasso rotundo. O poder, ou o querer o exercício do poder, substantivado na falsidade de actos, mesmo que eles pareçam unos, sem a multiplicidade dos factores intrínsecos inerentes às várias opiniões, é frágil, incompetente e desonesto politicamente, logo não será exercido em nome das pessoas, e muito menos com a sua participação activa.
Podem existir votações a raiar a unanimidade, veja-se a eleição do Dr. Santana Lopes, no Congresso do PSD que o elegeu, e a sua depois, caída vertiginosa, e às vezes raiando a injustiça. Todos os líderes e dirigentes dos Partidos, nacionais ou locais, que pensam serem os iluminados verão as suas luzes se apagarem a breve prazo, mesmo com as unidades e os consensos, com que à pressa, e sem aparente oposição, são eleitos para os vários cargos. É pobre e roedora a sustentabilidade em que se movem, não conseguindo a adesão do eleitorado, porque este não pode compreender que várias posições, às vezes diametralmente opostas, se concertem em duas ou três semanas. Não é possível, só a fraqueza de uns e outros, pode ditar tais posições.
E aqui não se trata do apoio ou não a quem é eleito, mas o ditame do próprio desenvolver das opiniões, às vezes convergentes, porque violentamente violadas. As consciências não se vendem, e logo a sua liberdade fará brotar as insanáveis divergências, que nem um poder conquistado fará demover.
E é este recado, em forma de crónica, que gostaria de enviar ao Partido Socialista da Maia, porventura tão próximo de um poder, e, talvez, tão longe da ética política que deve enformar as relações entre pessoas, e, concomitantemente, longe do exercício harmonioso, unido e consensual desse poder.
Joaquim Armindo
Deputado Municipal do PS
jarmindo@clix.pt
http://www.bemcomum.blogspot.com
Escreve este coluna quinzenalmente
Desconfio sempre quando numa organização, e nomeadamente política, os seus dirigentes obtêm a seu favor eleições quase por unanimidade; é mau sinal, são líderes fracos, e normalmente sem características de forjarem programas encorajadores de dinâmicas que se apoiem em discussão política séria. Normalmente geram-se essas votações em nome de unidades e consensos frágeis e tácticos, portadores da anulação das oposições, que como se sabe em democracia, são o baluarte de actos de governação fortes, dialogantes e operativos.
O dicionário Houaiss, da Língua Portuguesa, refere unidade como sendo uma “ harmonização de esforços entre duas ou mais pessoas; aliança, coesão, união”, e consenso, como “concordância ou uniformidade de opiniões, pensamentos, sentimentos”. Assim, num órgão político onde impera a unidade e o consenso, significa que apesar de algumas divergências naturais entre pessoas, se gera um esforço de uma capacidade de compreender os variados pontos de vista, não os ignorando, mas com vigor analisá-los e superá-los. Não há unidade e consenso, assim, pela simples disposição de esmagar umas opiniões em detrimento de outras, ou mesmo marginalizar e, consequentemente, imolar alguém. Outrossim, uma vítima é sempre o calcanhar de Aquiles em todo o processo que conduz a uma unidade e consenso, e é perigoso mantê-las.
Aliás, todo o processo que conduz a uma vivência democrática, - para que não seja a sua negação - não pode ser obtido pelo ignorar de posições contrárias, nem muito menos em tempos ínfimos, que se tornam incapazes de promover uma visão séria dos outros, sem antes as pessoas, porque é de pessoas que se trata, reverem os seus passados históricos, não os olvidarem, e então partirem para um futuro de relacionamentos, que podem conduzir a uma boa educação, assente em princípios e objectivos claros. Muito menos quando esses passados, traduzem não só a divergência política, mas também de ética, moral, cultural, e, sobretudo, de comportamentos e atitudes.
Viu-se isso na África do Sul onde para se caminhar para o futuro, foi necessária a constituição uma Comissão de Reconciliação e Justiça, para que todo aquele povo não esquecesse, mas justamente se reconciliasse. Não ter em consideração os passados, a história, seria acender em breve prazo uma colisão entre os contendores. Neste País não foi assim, e ainda bem.
À escala do nosso microcosmos político maito, as coisas passam-se na mesma óptica, as reconciliações são analisadas, a justiça impera, e os programas traduzem um sentimento de unidade e consenso; proceder de outra forma é como reduzir o amanhã a lutas que colocarão a nu a fragilidade de acordos, que mais parecem posicionamentos de avanços de outros para o poder. Querer este, e em nome deste, forjar as ditas unidades e consensos, com vítimas à mistura, não é mais que hipotecar um futuro, bem mais perto do que o que é pensável. O poder por si, e em torno de uma pessoa, é fragilizador, quando a equipa se mostra à partida hipotecada. Não se decretam unidades, nem consensos, mas discutem-se, principalmente com aqueles que mais se opuseram, e se não for assim as estratégias estão votadas a um fracasso rotundo. O poder, ou o querer o exercício do poder, substantivado na falsidade de actos, mesmo que eles pareçam unos, sem a multiplicidade dos factores intrínsecos inerentes às várias opiniões, é frágil, incompetente e desonesto politicamente, logo não será exercido em nome das pessoas, e muito menos com a sua participação activa.
Podem existir votações a raiar a unanimidade, veja-se a eleição do Dr. Santana Lopes, no Congresso do PSD que o elegeu, e a sua depois, caída vertiginosa, e às vezes raiando a injustiça. Todos os líderes e dirigentes dos Partidos, nacionais ou locais, que pensam serem os iluminados verão as suas luzes se apagarem a breve prazo, mesmo com as unidades e os consensos, com que à pressa, e sem aparente oposição, são eleitos para os vários cargos. É pobre e roedora a sustentabilidade em que se movem, não conseguindo a adesão do eleitorado, porque este não pode compreender que várias posições, às vezes diametralmente opostas, se concertem em duas ou três semanas. Não é possível, só a fraqueza de uns e outros, pode ditar tais posições.
E aqui não se trata do apoio ou não a quem é eleito, mas o ditame do próprio desenvolver das opiniões, às vezes convergentes, porque violentamente violadas. As consciências não se vendem, e logo a sua liberdade fará brotar as insanáveis divergências, que nem um poder conquistado fará demover.
E é este recado, em forma de crónica, que gostaria de enviar ao Partido Socialista da Maia, porventura tão próximo de um poder, e, talvez, tão longe da ética política que deve enformar as relações entre pessoas, e, concomitantemente, longe do exercício harmonioso, unido e consensual desse poder.
Joaquim Armindo
Deputado Municipal do PS
jarmindo@clix.pt
http://www.bemcomum.blogspot.com
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1 Comentários:
eiieieieeieie armindão
cala-te e põe os patins que os teus amigos te deram. desaparece e n voltes. eheheheheh. que nó cego te deram. tás feito num oito. estás reduzido à tua insignificância = 0
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