terça-feira, junho 14

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Artigo da minha autoria, publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, de 7 de Junho de 2005:
MOSCARDEIRO

AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS


Há dias recebi na minha caixa do correio uma revista intitulada “maisMaia”, da Câmara Municipal da Maia, edição de 50 000 exemplares, datada de Maio de 2005. Esta revista trimestral podendo ser um órgão de informação ao serviço das pessoas que residem na Maia, e baluarte de uma cultura de democracia, ficaria bem a todos, especialmente ao Presidente da Câmara. Mas, não é!

A começar pelo título “maisMaia”, precisamente o slogan da campanha eleitoral que nos governa. Compreendo e aceito que o Presidente da Câmara tenha necessidade da sua promoção, e que neste tempo de eleições precise de aparecer com obra feita; já não compreendo, porém, a falta de verdade de que a revista enferma, e a tal para já, convenhamos, chama-se falta de pudor. Não creio que o sr. Presidente não saiba, e que tenha sido enganado, dado que se o foi é ingénuo, coisa em que não acredito, e se sabe é uma coisa complicada.

Nas páginas centrais, aparecem os “Principais empreendimentos concluídos entre Setembro de 2002 e Abril de 2005”, e estaria tudo bem se fosse uma realidade, o que não é!, e isso não se faz, é feio, e nem parece vindo da pessoa que na capa [ o presidente da Câmara ], refere: “Para mim, o mais importante são as pessoas”.

Vejamos quatro exemplos: o de Moreira, chamado Centro Cívico de Moreira (a nova Junta de Freguesia), está pronta há um ano e embora inaugurada, não está a funcionar, e foi construída pela Lipor; rotunda na intersecção da EN 13 com a EN 107, começaram há um mês as obras, e não está concluída; em Vila Nova da Telha, o Parque de Quires, não está pronto, e ainda nesta freguesia a substituição de redes e reformulação urbana da Urbanização do Lidador, é falsa, não está pronta, e muito longe disso.

Estas levianas afirmações só desacreditam quem as escreve, ou pensam que o povo, o votante, não lê, e se não sente enganado? E mais, colocam os políticos como mentirosos, e são todos medidos pela mesma peneira.

Estamos a aproximarmo-nos das eleições autárquicas e parece que tudo serve, uns procedem desta forma, outros, que andavam de braço dados com eles, votando a favor de tudo, agora querem aparecer como paladinos da oposição. Valha-nos Deus, quem passa a não perceber nada são as populações, que em Outubro votam, e que agora nem sabem a quem devem dar crédito.

A politica e os políticos deviam exercer nobreza nos seus actos, procedendo com ética, e sobretudo servindo a coisa pública; não conhecem, porém, sequer esta palavra, e depois pensam que enganam, quando os defraudados são eles próprios.

Com estes cenários, e com o fecho dos partidos à sociedade (embora jurem total abertura), é de toda a pertinência que apareça a tal candidatura independente; que ao que parece não é uma estória de fadas. Ela será bem vinda, nem que apenas sirva para uma discussão politica séria, e conseguir meter um pouco de ordem de natureza moral e ética nestas coisas da política.

Quem pensava que iríamos assistir a uma luta, entre os dois protagonistas dos maiores partidos, parece que estará enganado, um terceiro, e ao que se sabe independente, e centrando apoios à direita e esquerda pode ser um adversário de peso, desequilibrando os brandos costumes em que este poder e oposição nos habituou. Não creio, porém, que o poder possa estar em causa, mas será certo que irá tremer. Não podemos esquecer que quem ganhava as eleições era o Dr. Vieira de Carvalho, ora, segundo consta, são independentes seus amigos que estarão a lançar essa candidatura.

Não tenho mandato de tal candidatura, até porque todos sabem que o meu Partido é o Socialista, mas que gostaria, até para bem do PS/Maia, que independentes, pessoas que não se reconhecem na prática dos partidos na Maia, apareçam e coloquem certa ordem nestas coisas, seria muito bom. Poderia ser que até os procedimentos e atitudes de alguns fossem mais caracterizadores da verdade, e nem falsas oposições aparecessem, a quererem lugares simplesmente, nem a história da maisMaia se repetisse.

Os independentes são mulheres e homens, enjoados por gestões enganadoras e à procura de remédios para oposições balofas, que as façam ser oposição; normalmente são pessoas que gostam de servir, mas obedecem às suas consciências, mais que a explicar, aquilo que é inexplicável, não encontrando saídas nos actuais partidos, por enganosos.

Se uma tal terceira candidatura aparecer, que seja de combate e alternativa, não consubstanciada em hábitos doentios, de quem se quer perpetuar no poder ou no poder da oposição; terá dado um bom contributo para o arejamento de que a política maiata necessita, e, afinal, as atitudes cidadãs não se esgotam nos partidos; os movimentos cívicos trazem à mistura frescura e podem contribuir para que a vida política, agora na Maia, se regenere e todos aprendam a assumir actos corajosos de governar e ou a ser oposição, o que será salutar para todos.

Venha lá a candidatura independente, que eu não deixarei de ser socialista, e de aprender com eles.

Joaquim Armindo
Deputado Municipal do PS
jarmindo@clix.pt
http://bemcomum.blogspot.pt

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