sábado, outubro 29

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

SOBRE AS ELEIÇÕES

Uma organização política que tudo apostou em ganhar as eleições autárquicas na Maia, deveria, tendo-as perdido e pesadamente, fazer a sua análise e com brevidade, dizer aos seus militantes e votantes do porquê dos resultados. Assim se veria a seriedade das pessoas que estão à frente dos destinos dessa organização. O que é certo, porém, já passaram demasiados dias e nada foi dito e analisado.

Um procedimento deste tipo denota um desnorte total e falta de objectividade e humildade democráticas; o rumo de que tanto se falava, como um projecto construído durante quatro anos, afinal esboroou-se nestas eleições, com resultados piores que em 2001. Onde estava a certeza de que uma “nova esperança” ia surgir e que as maiatas e os maiatos, votariam massivamente nesse projecto? Afinal onde esteve a unidade tão propagandeada e que só uns poucos energúmenos (entre os quais eu) não estariam de acordo? É a hora não de julgar, mas de decisivamente dar a volta e construir uma verdadeira unidade, em torno de um projecto comum. Um querer comum parte sempre do povo, que tem de ser entendido e delineado objectivamente como o grande protagonista da história. Esta não é de um homem teimoso, porque quando o é, dá o que deu.

E não venham tentar justificar com as medidas do Governo, que teria tudo deitado abaixo, certamente que numa mínima percentagem há que reconhecer um certo contributo, mas não foi determinante para a derrota humilhante na Maia, onde tudo teríamos a ganhar. E se não é assim, digam porque é que em Gondim e Milheirós tal não se fez sentir, aí já não existia Governo? E se assim fosse, como é o PS ganhou as Juntas de Freguesia, em Gueifães e Águas Santas, não se fizeram sentir os malefícios do Governo? Mas perdeu –se aí para a Câmara Municipal!

Creio bem, que não vão tentar dizer que fui eu que contribui para isso, seria uma total insanidade, primeiro porque não tenho assim tanto poder nos maiatos, segundo porque mantive descrição durante a campanha, não tendo actuado porque fui esquecido e nenhuma informação me deram (a não ser a candidatura a Vermoim), apoiei pelos meus meios a “nova esperança”, fazendo mesmo apelo ao voto. E creiam que nunca esperei grande coisa do protagonista, que em todo o Concelho aparecia completamente isolado nos cartazes. Foi uma forma de fazer política, denotando uma estratégia do passado, a que eu não dei o meu acordo, sendo, infelizmente, dos poucos que se levantaram denunciando que não iria a lado nenhum.

Combati a estratégia seguida, denunciei que era errado aceitar pelouros e outros lugares, e fi-lo publicamente, tendo-me esta atitude custado alguns agravos de boca; votei sempre na Assembleia Municipal contra o PSD/CDS, intervim consecutivamente, o que me custou uma carta do meu Partido dizendo que não se reviam nas minhas posições; lutei, e publicamente, por uma unidade de esquerda, com o PCP e BE, gracejaram com esta posição, tendo agora admitido que seria certa. Fui leal, mas lealdade significa dizer o que se pensa, e não dar palmadinhas nas costas e na primeira esquina passar a rasteira. Por isto tudo, em vingança pessoal e política o meu nome foi vetado para todas as listas, pelo candidato à Câmara. Era eu que estava enganado?

A oposição não é “comer à mesa do orçamento”, como bem disse Andrade Ferreira, não é seis meses antes denunciar aquilo que bem se sabia estava a passar, mas duma forma construtiva, consecutivamente erguer a voz e lutar por valores e princípios, do socialismo, porque senão quem acredita em nós? A resposta a esta pergunta encontra-se na posição do eleitorado nas últimas eleições. A estratégia seguida e o projecto, que nunca soube qual era (!), afinal que resultado deu?

Agora levantam-se muitas vozes, como sendo as primeiras, a defender alguns daqueles pontos, mas a quererem que o protagonista seja o mesmo e não pode ser. Não quero cortar a cabeça a ninguém, como a mim me cortaram, mas ser clarificador do debate que urge fazer no PS/Maia sobre os resultados e inverter de vez o caminho completamente errado que, por teimosia, uma pessoa quis seguir, tendo-se curvado até a um acordo que tinha tudo, menos unidade (aliás como denunciei aqui neste jornal). Poucos, até mesmo dos mais aliados ao candidato, pensaram qualquer dia em ganhar, sabiam que a derrota era certa, mas prosseguiram perante o delírio do candidato.

Perante estas e muitas mais (não é de esquecer que na Comissão Política, que aprovou as listas, três secretários – coordenadores de secção tiveram a coragem de denunciar o caminho seguido), o PS da Maia perdeu a ocasião histórica de governar o Concelho, foi a melhor oportunidade e a mais desbaratada que tivemos. Agora continuamos na cura da oposição (por quantos anos?), sendo necessário fazer das fraquezas uma oportunidade de mudança, profunda e com ideias frescas rumarmos a um novo contributo para a Maia. É que nem sempre as maiorias têm razão (desconfio sempre de unanimidades a quase 90%), e foi esse o caso nesta derrota do PS na Maia.

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS/Maia

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.pt

1 Comentários:

Às 6:14 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Os seus comentários são um insulto à inteligência! Então e os péssimos resultados em todo o país, como os explica?!
Que abordagem tão simplista a sua, parecendo querer ignorar as batalhas que o Eng.José Sócrates (louve-se) tem travado com os mais variados grupos sociais, que dia após dia demonstram o seu desacordo e descontentamento.
A derrota do Partido Socialista aconteceu em todo o país. Dá que pensar, mas acredite (se quiser!) que o maior responsável é o Dr.Durão Barroso, que com a sua gestão obrigou a que agora tivessem que ser tomadas medidas rigorosas, que obviamente se esperava penalizadoras nas urnas.

 

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