ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRA MÃO
Artigo, da minha autoria, publicado no Jornal Primeira Mão, de 25 de Novembro de 2005:
SEJAMOS VERDADEIROS
Análises incapazes e faltando à verdade dos factos fazem com que volte ao tema das últimas eleições autárquicas, tendo como referencial o seu historial que não convém esquecer.
Um dos perigos mais evidentes para quem ganha ou perde eleições, é sem dúvida o esquecimento do que elas representaram e a ilibação dos protagonistas, não enquanto seres humanos, mas sim na definição das suas tácticas e estratégias, das suas ideias e da quase infalibilidade que antes colocam nas suas opções, e depois se queiram render a factores extrínsecos, como se estes fossem determinantes, para o apuramento das responsabilidades dos colectivos que impuseram as suas determinadas ordens, como imperativas e determinativas para o sucesso ou insucesso dos resultados obtidos. E aqui entra a verdade, que nestas coisas da política deve ser uma linha mestra, com que todos temos de coabitar e respeitar; sem que em todas as análises se coloque, ao menos nas reuniões partidárias internas, como uma marca indelével, continuaremos todos num vazio e escuro, decapitador de qualquer futuro, e é neste que se joga a determinação das afirmações que não nos subjuguem à mentira, castradora de melhores futuros, para o todo público. Enganar a verdade, é um engano pessoal e colectivo, é como esconder o que está à nossa frente, é um contínuo desfiar de um rosário, onde as contas são contra nós, e os que hão-de vir.
Na Maia nas eleições autárquicas existiram vencedores e vencidos, todos devendo assumir a sua posição com humildade democrática, quando os vencedores não o fazem ou se desviam dos seus programas, são mentirosos e facilmente o povo votante os marca, se a oposição for contundente, já quanto aos vencidos devem procurar quais as razões programáticas e protagonistas, da sua deriva, e aqui não há, nem pode haver, razões, que a razão desconheça, para esconder ou mentir sobre as reais causas do desaire eleitoral. Nem que para tanto seja necessário os actos de contrição necessários, afirmar como causas fundamentais a não compreensão do povo maiato para um programa que seria o melhor do mundo, é cegueira produtora não de novas candidaturas, mas do procurar conduzir a politica maiata na sombra, e posicionando-se para novamente apresentar candidatos perdedores, porque sempre o foram. Esta é uma verdade insofismável e contraditória com actos que pretendem esconder desaires autárquicos, com, porventura, ganhos presidenciais.
É natural que esteja a falar do Partido Socialista na Maia, perdedor naquelas eleições, e que mostra incapacidade numa renovação de métodos e protagonistas, respeitadores do socialismo que jura defender. É o meu partido, e se pensam que ao trazer a público estas considerações estou a ser contra ele, enganam-se, porque a verdade é dinamizadora das correntes de esquerda, quando assumida com a transparência necessária ao bom desenvolver de um outro estar de oposição, na tentativa de forjar novas capacidades e defender as populações contra, porventura, aventuras impensadas de quem detém, por maioria, o poder e o exerce com sobranceira incapacidade. Mas para isso, há que “arrumar a casa” e, falando verdade, nos retirar do lamaçal em que estamos. Não que queira “cortar cabeças”, mas que os posicionamentos comecem a ficar claros e os actores se renovem a ponto de uma caracterização suficientemente invulgar, mas determinativa para o esclarecimento quotidiano das posições assumidas.
Ora no PS/Maia, não está a acontecer a pacificação das hostes, nem a assumpção das posições consistentes com os resultados eleitorais. É verdade que o candidato, tantas vezes perdedor, não assumiu o cargo (saberemos porquê?), mas também o é que persistiu em continuar a comandar a política da Maia do (seu?) PS, a reconhecer que o seu projecto (?) era o melhor, e, certamente, com ele quer prosseguir, para mais uma vez perder. A Comissão Política da Maia ao eleger como seu candidato o seu actual presidente, e por mais de noventa por cento, na suposição de nele vislumbrar a capacidade de liderança e de que era o melhor para a Maia. Porém não soube interpretar o sentir e pulsar do seu povo e enganou-se. Daí o ter de assumir as consequências necessárias, e não o faz.
A última reunião da Comissão Política do PS, foi civilizada, mas não pacifica, ou não foi verdade que ao assumir as culpas como um colectivo, posicionou as suas intervenções solicitando mudanças nos órgãos dirigentes? Foi ou não foi verdade, que para dissipar o desaire das autárquicas o seu presidente avançou, e só ele, com as presidenciais, e quem lhe garante que o partido na Maia está unido à volta de Mário Soares? A mesma convicção de que iria ganhar as autárquicas, por maioria absoluta?
Já vai sendo tempo da análise serena do que se passa na Maia, e, por coerência, como referia um alto dirigente do PS na Maia, fazer acertos na direcção do Partido. Sem isto, não iremos a lado nenhum, porque tememos encarar a verdade. Seria necessária a coragem de a assumir.
Joaquim Armindo
Membro da Comissão Política do PS/Maia
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