sexta-feira, janeiro 27

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRA MÃO

Artigo da autoria de Joaquim Armindo, publicado no Jornal Primeira Mão, dia 20 de Janeiro de 2005.

FALTA A CEREJA NO BOLO

Numa altura em que seria normal falar em Presidenciais, coloco esta crónica num ponto importante, que diz respeito ao Partido Socialista da Maia. Por isso, não vou, mais uma vez, afirmar que apoio e voto em Manuel Alegre, porque creio que está suficientemente clara esta minha posição. Por aquilo que Alegre trouxe de novo à campanha, seu posicionamento e atitudes, e porque veio afirmar que afinal o primado da cultura e duma alfabetização generalizada, é que é a mola fundamental para uma alteração significativa, em quaisquer défices. Colocou o epicentro das questões, que nos afligem, com coragem, nas decisões políticas centrais, e, perante a possibilidade de um candidato que entende a democracia, como de pulso de ferro, Professor Doutor Cavaco Silva, (na Madeira, num dos dias de bebedeira presidencial da região era conhecido pelo Senhor Silva...) ganhar, Manuel Alegre situa-se como o mais presumível candidato a enfrentar este perigo.

Mas de facto não era esta a questão da minha crónica de hoje, mas debruçar-me sobre o pulsar do meu Partido na Maia, e qual o meu entendimento para o dia seguinte às eleições presidenciais. Não o faço em jantares, programados e ditos de trabalho, que alguns perdedores, fazem campear um pouco, numa surdez hipócrita, deixando-nos acreditar que primeiro as eleições, e então, depois, vamos ao partido, como se eles não andassem com acordos em jantarecos, posicionando-se para imprimir uma linha que deixará tudo na mesma, retirando a coragem e a determinação de oposição que os nossos vereadores na Câmara e na Assembleia Municipal estão a ter.

Um partido não pode ser assim, tem de pautar a sua conduta pela transparência, pelos valores e atitudes atinentes, porque “o vento passa sempre, e não é a concha de mão que o pode parar”, no dizer de Samora Machel. E este vento, o rufar, vai para além das proposituras que uns tantos iluminados querem engendrar nas conversas de entendimentos, à margem do nosso povo, e elimina as malfeitorias de uns tantos, que teimam em agarrar-se ao poder, mesmo que o cidadão, que dizem defender, tenha consecutivamente dito que não é isso que quer.

Os vereadores do Partido Socialista têm sabido forjar uma posição sólida, de oposição credível, rejeitando logo de início quaisquer lugares de gestão, antes de o Presidente da Câmara se pronunciar, excepto um, que talvez se tenha retirado, porque entendeu, que não lhe seria oferecido qualquer lugar (até vem agora com o exemplo de João Soares, que aceitou um lugar, e mal, no meu entendimento). Mas dizia eu, que a posição dos nossos vereadores tem sido vertical, no sentido de uma oposição responsável, que não troca a sua consciência, por, porventura, ofertas que podiam surgir. E ainda bem, que começamos a possuir o entendimento do que é a nossa função, cumprir contribuindo com os nossos princípios, tendo em mente sempre servir o povo maiato, essas mulheres e homens, que tudo dão pela vida, com suor e, porventura, lágrimas, vertidas na labuta do trabalho, e não nos ares condicionados dos restaurantes, onde quase tudo se decide, em favor desse povo. Por isso, a minha crónica é pública, e não atende a mordaças de aparelhos, sabiamente oleados. Os vereadores do PS já demonstraram que são capazes, unidos ao povo, de apresentar as suas propostas alternativas e denunciar, sem medos, o que o poder engendra, na quietude da sua mudez e surdez, e quantas vezes incompetência.

A bancada da Assembleia Municipal tem sido pautada, na generalidade, pelas boas intervenções, pela capacidade de resposta e bom nível de análise e discussão políticas. Talvez, ainda exista uma aprendizagem a efectuar, mas a liderança audaz e forte tem-se feito sentir, e a capacidade da dialéctica dos nossos parlamentares municipais, não envergonha ninguém, antes dá alento, àqueles que, como eu, necessitam de uma discussão frutuosa, que conduza a uma nova atitude do poder, para o bem comum de todos nós. A audácia tem sido característica, de alguns dos membros do nosso grupo parlamentar, com os estudos feitos e sabendo muito bem do que estão a falar; uma lufada de ar fresco, como si diz, trespassa no hemiciclo, e tenho a certeza que este vai dar um contributo arejado, para a eficácia, e não só eficiência, na fiscalização da acção camarária. E para isso, sei, tem contribuído o diálogo, existente entre os vereadores e a liderança parlamentar, a esquecer maus tempos em que tal não existia.

E isto tudo está bem encaminhado, falta só a cereja no bolo, que é não embarcarmos na possibilidade do PS ao nível maiato, ter uma liderança e condução, do mais do mesmo. Qualquer candidatura que apareça protagonizada, por quem perdeu, e acreditou, talvez sozinho, que ia ganhar com maioria absoluta, será errada e a machadada final dada neste partido. É necessário que novos homens e mulheres apareçam, e sem rebuços fracturem com o passado, porque a não ser assim, todo o esforço acima enunciado e praticado, será vão. É necessário e urgente que os socialistas maiatos, não se esqueçam das lições passadas, e não se embarque em aventuras, só porque alguns querem manter-se indefinidamente no poder, para conquistar benesses, e não para servir.

Vamos, então, colocar a cereja no bolo?

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS da Maia

1 Comentários:

Às 9:17 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos
enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de
Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não
conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. -
Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos
ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito. (S. JOÃO, cap.
XIV, vv. 15 a 17 e 26.)

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial