domingo, janeiro 8

Manuel Alegre exorta intelectuais a "restituírem esperança" aos portugueses

[Maria José Oliveira/Público, 08.01.2006]

Manuel Alegre estava como um peixe na água. Sentado ao lado dos escritores Mário de Carvalho e Mário Cláudio, numa mesa à volta da qual se encontravam também a sua porta-voz, Inês Pedrosa, e a professora Clara Crabbé Rocha. Em redor, viam-se Eduardo Prado Coelho, Jorge Palma, Fernando Pinto do Amaral, Nuno Júdice, Nelson de Matos, José Manuel Saraiva, Hélia Correia, Diogo Dória, Rui Zink. Mas também o ex-dirigente comunista Carlos Brito, a fundadora do PS, Carolina Titto de Morais e o socialista José Leitão.
Na véspera do arranque oficial da campanha eleitoral, Alegre jantou, no Hotel Altis, em Lisboa, com cerca de 150 personalidades da cultura.
O momento serviu para a estreia do hino da candidatura, interpretado por Paulo de Carvalho e letra do médico Fernando Guerra. Titulada "Livre e fraterno Portugal", a canção, cuja letra foi distribuída pelos presentes em pequenos papéis, foi produzida por Elvis Veiguinha, que curiosamente assinou também a autoria dos arranjos do hino da candidatura de Mário Soares.
Num discurso apropriado para a ocasião - pontificaram as citações de Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner, Camões, Bernardim Ribeiro e Ossip Mandelstam -, Alegre apelou à intervenção dos intelectuais na "restituição da esperança aos portugueses". "Os intelectuais portugueses devem voltar a ter uma grande responsabilidade por Portugal, a responsabilidade de restituir aos portugueses a esperança em si mesmos", afirmou, alertando que o país "não vive numa torre de marfim, mas numa cidade que é preciso reconstruir". Os apoiantes aplaudiram e manifestaram-se mais efusivos quando o candidato frisou que "um Presidente tem de garantir a saúde e a decência da democracia". "É hoje uma necessidade e uma urgência", acrescentou. E concluiu: "Nada tenho para vos dar e nada posso pedir mais do que a vossa confiança e solidariedade."
A intervenção de Alegre foi parca em mensagens políticas e o apelo que o candidato havia feito aos "indecisos" do eleitorado socialista, anteontem à noite, em Angra do Heroísmo, não se repetiu. No jantar com apoiantes da ilha Terceira, Alegre exortou os militantes do PS a escolherem entre a vitória de Cavaco Silva ou a sua passagem à segunda volta. Em tom veemente, disse: "Queria dirigir um apelo a todos os indecisos e especialmente aos indecisos socialistas porque está na altura de decidirem se queremos ou não ir à volta. O que é que realmente os preocupa? Derrotar Cavaco Silva ou que um candidato independente passe à segunda volta?".
Ontem à noite, ao mesmo tempo que se iniciava em todas as sedes de candidatura o evento "Noite Alegre" (música e leitura de poemas para dar o pontapé de saída da campanha), Inês Pedrosa leu, no Altis, mensagens de apoio dos escritores Pedro Tamen, Hélder Macedo e João Aguiar e do pintor Jorge Pinheiro. A porta-voz anunciou também uma nova entrada no rol de apoiantes de Alegre: a do escritor José Riço Direitinho.

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