EM 1 DE MAIO DE 1972, DALA, ANGOLA
um de maio de mil novecentos e setenta e dois,
as granadas rebentaram à minha frente,
nove corpos mortos,
alguns feridos,
éramos dezassete.
o combate contra a guerra, pelo florir dos girassóis,
que acompanham o sol,
sol que não foi de todos,
éramos jovens, no pulsar da vida,
e víamos,
e sentíamos,
e vivemos,
a morte na crueza da maldade.
um de maio de dois mil e seis,
a recordação, o ícone,
da nossa vida,
nove corpos mortos,
alguns feridos,
éramos dezassete.
fere-me que as magnólias, não floresçam,
e a espada, sobre a cabeça,
o punhal no coração,
já não somos tão jovens,
perdemos parte do ser,
da sociedade, da rejeição,
e vivemos,
a morte em cada esquina, do nosso caminhar.
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