terça-feira, maio 23

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Artigo publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, da autoria de Joaquim Armindo, em 16 de Maio de 2006.



MOSCADEIRO

AS CIDADES SAUDÁVEIS

Sempre que posso não deixo de ir ouvir os “políticos de serviço”, na Assembleia Municipal da Maia, ao menos não perco o hábito de oito anos, abruptamente interrompido por decisão exclusiva de uma pessoa, do meu partido. Confesso que às vezes apetece-me intervir, mas sei qual é o meu lugar, que é o de ouvir os meus representantes, que normalmente não ouvem aqueles que os elegeram: é a diferença ente a democracia representativa e a participativa. E a minha posição é por esta última, ouvir os legítimos anseios das populações, e não decidir em pertenços directórios políticos, ou em guetos de discussões balofas, a atirar para o ridículo. Esquecem-se os nossos “representantes” de que quem os elege somos nós, de períodos em períodos, sem que entretanto sejamos ouvidos.

Bem, mas como ainda temos liberdade de contar as contas do nosso rosário, quanto mais não seja nos orgãos de informação, que gentilmente nos abrem as portas, sentimo-nos mais confortados e vamos dizendo daquilo que vamos ouvindo e lendo, e não podemos ignorar. Como antigo deputado da Assembleia Municipal, orgulho-me de nunca, ou quase nunca, ter faltado ao contacto com as populações e aos convites que me endereçavam, fosse a que nível fosse, até ao cultural, onde às vezes era o único (lembro-me que o actual Presidente da Câmara, me dizia um dia, que até ia falar disso numa Assembleia, nunca o fez, foi esquecimento, de quem tantas coisas em que pensar), mas, agora, como não os dirigem, e só sei depois, não estou presente. Formas de estar e de pensar a vida!

Nas últimas Assembleias Municipais, tem um jovem deputado, penso do PSD (ou CDS?), descoberto uma coisa muito curiosa, que o seu Município e as suas empresas municipais estão com grande avanço orgulhoso, é que a Maiaambiente, está certificada pelo referencial ISO 9001:2000. Este Sr. Deputado vem muito tarde falar nesta questão da gestão, embora compreenda a necessidade que tem de se fazer a um lugarzito, por isso não me zango, agora que a coloque como ponto centralizador, isso é que não! Meu caro Sr. Deputado, vem tarde, não sei se sabe que foi o Partido Socialista o primeiro a nos seus programas colocar, não só esta, mas todo a normatividade, do Ambiente à Responsabilidade Social, e já há mais de dois mandatos; só que o senhor anda distraído, e agora descobriu, o que estava descoberto, mas com muitos lapsos de memória, perdão, queria dizer de conhecimentos.

Se o Sr. Deputado fizesse o favor, de defender para a sua terra, a Maia, o desenvolvimento sustentável e a estratégia “Cidades Saudáveis”, com pessoas saudáveis, comunidades saudáveis e ecossistemas saudáveis, já compreenderia mais o seu tique discursivo, e até o saudaria, agora falar em sistemas que já deveriam estar implementados, compreenda que em ideias é mais velho do que eu. Tenha paciência, e fale unicamente daquilo que saberá, se é que sabe! Compreenderia, que a Maiaambiente não tem um desenvolvimento sustentável, porque a sua eficiência em matéria económica é desastrada, e isso é um dos vectores para a sustentabilidade, ao lado do ambiente e do social.

Uma cidade saudável, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (em Portugal haverá uma dúzia), é aquela onde a saúde das pessoas “é fortemente determinada pelas suas condições de vida e de trabalho, pela qualidade do seu ambiente bio-fisico e sócio-económico e pela qualidade de acessibilidade a serviços de prestação de cuidados”, e só o poder local está em condições óptimas para promover a saúde e o desenvolvimento sustentável, porque pode movimentar as organizações e as populações num objectivo comum, que parte dum compromisso político, assente em planos de parceria e de pactos celebrados com todas as forças partidárias. Para tal é necessário transparência, sem dúvida, implementação da arquitectura normativa e de excelência (de Códigos de Conduta e Ética), mas muito mais do que isso, do envolvimento das mulheres e dos homens que residem no território, é assim que a OMS define Cidade Saudável, como um processo e não um resultado, de quem está consciente que não conseguiu atingir um nível de saúde de satisfação dos seus residentes, mas que com um processo de melhoria contínua, permitirá emitir Relatórios de Sustentabilidade, do conhecimento e intervenção dos cidadãos.

Na Maia, somos um ecossistema natural, onde as várias comunidades actuam por inculturação, é isso que se torna essencial à vida. Não vale, hoje, quedarmo-nos por cumprimentos da legislação e de normas (que já deviam estar implementadas, de forma harmoniosa e sustentável), mas reconhecermos a inevitabilidade da criatividade no bem-estar das populações (que verdade é, não passa só por criação de hospitais), e essa parece estar a passar ao lado do poder instalado, dado que se queda por intervenções como as daquele Sr. Deputado.

Maia, Maia, que precisas de mulheres e homens de visão, criadores, que lutem pela inevitabilidade do desenvolvimento sustentável, de cidades saudáveis, e não de meros oportunistas, que querem “subir” ao som de parangonas e discursos de louva-minhas!

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS da Maia

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.com

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