segunda-feira, julho 10

RESPONSABILIDADE SOCIAL




TERCEIRO SETOR
Oded Grajew: pensador social
Oded Grajew reúne muitas histórias num único trajeto. Saiu de Israel, ainda criança, e trouxe ao Brasil a vontade de lutar pelas questões sociais

Janaína Marques
da Redação

10/07/2006 01:43

A voz mansa e tranqüila do homem de barba branca e olhos claros parece não ter pressa em revelar o percurso já traçado, longo e recheado de ações. Os gestos são contidos, a fala pausada, como se tivesse o controle do tempo. Oded Grajew expira idéias e luta por elas, sem mostrar cansaço. Foi criador da Grow Jogos e Brinquedos, fundador do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE), presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) e da Federação Latino Americana de Fabricantes de Brinquedos.

Mas não era o bastante. Fez surgir e presidiu a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, planejou a Cives - Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. E, quando viu que faltava ainda mais, idealizou o Fórum Social Mundial e aceitou ser assessor especial do Presidente da República, do qual exonerou-se no final de 2003. Atualmente preside o Conselho Deliberativo do Instituto Ethos e o UniEthos e é membro do Conselho do Pacto Global, das Nações Unidas e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. "Basicamente, sou o mesmo de antes", diz ele, com outros inúmeros planos na cabeça. Amigo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Oded diz que existem muitas críticas ao governo que são pertinentes, mas destaca que os avanços são maiores e desafia a sociedade a fazer as reformas necessárias. "Nossos políticos não são camicases", acrescenta.

O que chamou sua atenção no mercado de brinquedos para que o senhor fosse um dos criadores da Grow? Os momentos da sua infância em Israel têm alguma ligação com a sua escolha por este segmento?

De certa maneira, sim. De tudo o que a gente procurou fazer, até hoje, a Grow é conhecida nisso: brinquedos de qualidade, brinquedos inteligentes, brinquedos educativos...É fazer com que, através do lúdico, a criança e o adolescente possa aprender as coisas. Tanto a qualidade do produto, do material como a qualidade do conceito foram o diferencial da Grow desde o começo.

A Grow foi a primeira empresa brasileira a investir em jogos para adultos.
Foi. Quando começamos, não tínhamos muito capital. E nós tínhamos que fazer algo diferente do que se fazia. E não tinha nenhum jogo para adulto, para jovens. E nós entramos neste mercado.

Então foi a criado o jogo War, talvez, o mais famoso entre este público. Houve até países que só passaram a ser conhecidos através do jogo, como Vladivostok. De onde surgiu a idéia?

Conhecíamos alguns jogos que tinham lá fora para adultos e adolescentes e não existiam no Brasil. E, sabendo dos mecanismos daqueles jogos, como eles se desenvolviam, a gente pegou as idéias e desenvolveu, no Brasil, o War. Começamos a jogar, gostar, testamos, mostramos aos amigos e decidimos que o War seria o primeiro jogo a ser lançado.

Qual a avaliação que o Sr. faz do setor de brinquedos no Brasil?

Bom, não acompanho mais. Fazem 13 anos que vendi a minha parte da Grow. Sei que o setor de brinquedos do Brasil, como indústria, foi o único setor na América Latina que permaneceu. Todos os outros segmentos de brinquedos desapareceram. Com a abertura dos mercados, a abertura indiscriminável, os brinquedos chineses invadiram o mercado e não dá para competir. Para a América Latina, (os chineses) mandavam as sobras dos brinquedos. Os preços dos que chegavam ao Brasil eram mais baratos que a matéria-prima. Foi destruída toda a indústria de brinquedos na América Latina e a única que sobrou foi a do Brasil, porque quando eu era presidente da Abrinq, nós criamos uma série de mecanismos para que o setor permanecesse. Um deles foi uma norma de segurança e qualidade na fabricação de brinquedos. Norma voluntária, que depois virou uma norma legal, para que os brinquedos fossem de boa qualidade e não pudessem representar perigo às crianças. Quando abriu o mercado, a mesma exigência que se fazia aos brinquedos nacionais, deveria se feita aos brinquedos importados. E os da China eram altamente tóxicos, de baixa qualidade e não puderam entrar no Brasil. Essa foi uma barreira. Em negociação com o Governo, na época, fizemos regulamentações contra o dumping. O brinquedo não podia entrar no Brasil subfaturado, como entrava em outros países.

O senhor abandonou a sua função de empresário, criou o Instituto Ethos e foi o idealizador do Fórum Social Mundial. Por que abandonou a empresa para entrar no Terceiro Setor? Qual a avaliação que o senhor faz desta área?


Em 1987, eu era presidente do Sindicato das Indústrias de Brinquedo e Instrumentos Musicais do Estado de São Paulo. E como presidente deste Sindicato, participava da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Eu, junto com os outros presidentes de sindicatos, achava que a Fiesp, na época, não representava aquilo que os empresário poderiam representar. Era uma entidade muito conservadora na época da Ditadura Militar, e que apoiava a Ditadura Militar. Queríamos um movimento empresarial que falasse da democracia, da justiça social... Mostrasse que há outro tipo de pensamento empresarial. E em 87, criamos o Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE). Fui o primeiro coordenador-geral do PNBE, pois não tinha presidente, tinha coordenador-geral. Acho que não se deve perguntar por que as pessoas fazem essas coisas no Brasil, mas se deve perguntar por que não fazem. Não faz aquele que é cego, insensível, não percebe o que está acontecendo, não olha em sua volta. Não conhece outras realidades do mundo. Viver num País, onde você se depara todo dia, cada instante, com problemas sociais, éticos, ambientais e tendo um mínimo de informação, conhecimento de que todo mundo tem um determinado poder, é impossível não querer fazer alguma coisa para mudar. O espantoso não é aquele que faz, o espantoso é aquele que não faz. Não conseguiria viver no Brasil, olhando as coisas, me angustiando e não fazendo nada. Aí, pensei, vou fazer aquilo que posso fazer, dentro das minhas possibilidades. Fiz a minha empresa na Grow. Sabia que algumas coisas poderiam ser feitas. A Grow, naquela época, não sei hoje, em meio a 400 outras empresas, era sempre a primeira, a segunda, a terceira em vários quesitos: salário, alimentação, saúde... Essa área do Terceiro Setor não existia na época da ditadura, que faz exatamente isso: sufocar a sociedade civil. Foi depois da ditadura que as coisas começaram a aparecer. Você, como uma pessoa informada, lê muito, viaja, vê como são as coisas lá fora, vê que tem o Terceiro Setor, entidades não governamentais... Então, as coisas começaram, com a redemocratização do País, a aparecer. Existem basicamente dois tipos de movimentos: os primeiros movimentos, geralmente são entidades que tentam amenizar os problemas, remediar. Isso é muito importante num País com tanta carência: ajuda as pessoas com fome, dando alimento, as pessoas com problema de saúde, dando assistência médica, ajuda os idosos... Funções muito importantes, porque quem passa necessidade, tem necessidades imediatas. E as pessoas agem sobre sintomas, sobre defeitos, sobre os problemas. E outras entidades tentam agir sobre as causas, sobre os processos que produzem esses tipos de problemas. Os dois movimentos são importantes. Quem tem fome, precisa comer hoje. Não pode esperar. A escolha que fiz foi sempre tentar agir sobre causas. Aquele que produz resultados através de processos que fazem as coisas acontecerem. O que, muita vezes, não é uma coisa muito fácil, porque quando você age sobre causas, você mexe com interesses. Dom Hélder já falava uma frase que sempre ficou para mim: "Quando falo da pobreza me chamam de santo, quando falo das causas da pobreza me chamam de comunista". Sempre as coisas que procurei foi saber quais são as causas do problema.

Quais são as vitórias do Instituto Ethos?

Primeiro, ele ter sido criado. Foi em 1997, um ano que viajei muito, conheci muitas coisas na área social e empresarial. Com um grupo de empresários, de quem estava sempre junto, desde o PNBE e a Fundação Abrinq, a gente se reuniu e a decisão de criar o Instituto Ethos foi um grande passo. Foi muito pensado, muito refletido. Porque quando começamos nem a palavra Responsabilidade Social e Empresarial existia. Tinha que explicar o significado, o conceito. Estávamos falando do pessoal de filantropia, sobre projetos sociais, planejamento de gestão socialmente responsável, da relação da empresa com todos os públicos, meio ambiente, consumidores, fornecedores. A filantropia, a ação social de uma empresa representa, no máximo, até as empresas superfilantrópicas, 1% do faturamento. Estamos falando dos outros 99% mais 1%. É um passo gigantesco. Começamos com 11 empresas associadas, hoje estamos com 1.200. E, hoje, o conceito, a cultura da responsabilidade social e empresarial, no Brasil, foi entendido pela sociedade. Não há hoje nenhuma empresa que não ouviu falar, não sabe o que é responsabilidade social e empresarial. Isso é diferente de implementar, mas o assunto está na agenda nacional. E os avanços, percebemos em várias empresas, vários setores, que antes não tinham idéia do conceito de responsabilidade social e, hoje, adotam instrumentos de gestão, indicadores, fazem um balanço social que não é apenas um folheto mercadológico, que fala da creche que a empresa ajuda, mas fala da relação da empresa com todos os seus públicos, a imprensa, a mídia... A filantropia continua na página geral ou de assistência social, mas esse assunto entrou na pauta empresarial e na pauta da sociedade. Nenhuma empresa pode dizer que não sabe como avaliar, o que fazer e como relatar a responsabilidade social. Informações não faltam. A nossa missão é mobilizar, sensibilizar as empresas para que adotem um gestão socialmente responsável, fazendo das empresas parceiras da construção da sociedade sustentável. O Ethos hoje é uma referência internacional, um case internacional. Já participei de vários fóruns internacionais, conselhos internacionais... Estamos tomando várias iniciativas, como o Pacto contra o Trabalho Escravo, a aprovação da Lei do Aprendiz, que é a regulamentação da Lei que torna obrigatória a contratação de aprendizes pelas empresas, em função de seus funcionários, o avanço na implementação de fracionamento de remédios, que permite as pessoas comprarem a quantidade de remédios que precisam e não aquilo que está na caixa e implementação de vários fóruns empresariais de apoio aos municípios, né? Só na cidade de São Paulo foram implementadas mais de mil parcerias.

Então, a gente pode considerar que o Brasil está evoluindo nesta área?

Está evoluindo. Olha, eu tenho um filme na minha frente, não é só fotografias. Tenho desde 86, 87, esta questão social, entidade não governamental, direitos humanos, diversidade, questão ambiental... A sociedade se mobilizou, está se mobilizando. Vários assuntos foram feitos, vários avanços foram definidos. Então, tem avançado bastante. A sociedade também está entendendo do seu papel em relação ao governo. Estão começando e vai, cada vez mais, pressionar para que os governos cumpram a sua parte. Um presidente foi tirado do poder, políticos foram cassados, governantes que não responderam aos anseios do povo não foram reeleitos. Muita coisa já foi feita, mas há muita coisa para fazer.

E como foi criado o Fórum Social Mundial?

Lidando com o mundo empresarial e o conhecendo, nunca fui ao Fórum Econômico Mundial, mas conheci o presidente. Sempre tentava dizer que era importante focar na questão social, na questão ambiental, empresarial, dentro da agenda do Fórum Econômico Mundial. Mas nunca obtive sucesso, porque ele achava que o comércio, a ampliação dos negócios vai trazer, por si, melhoria social e ambiental. Ele achava tudo uma bobagem e isso ficava na minha cabeça. Via que o Fórum Econômico Mundial falava as coisas, achava que era isso mesmo, com muito poder de comunicação. Falavam que a economia ia resolver a vida das pessoas. Via muito um grande mercado, as pessoas, ou como consumidoras ou produtoras. O Carlos Menén... O modelo implementado na Argentina, que tinha que ser seguido por vários países, era um modelo... Achava que não era isso. Eles falavam, inclusive, que eles é que protestavam contra a globalização e não tinham idéias, não tinham propostas. E aí, eu estava em Paris, isso foi em 2000. Foi na época, inclusive, do Fórum Econômico Mundial. Eu estava passando férias. Sempre me martirizava e, de repente, tive a idéia. Estava sentado no hotel, pensando, vendo as notícias, tinha lido o jornal. E pensei, bom, se existe o Fórum Econômico Mundial, é preciso mostrar que existem outros caminhos. Outra globalização é possível. Há sempre outras formas de se fazer as coisas. Se você tem o Fórum Econômico Mundial, pode fazer o Fórum Social Mundial em contrapartida para que as pessoas possam fazer suas escolhas. Se é o Social que vai ser subordinado à Economia ou se a Economia será o meio do crescimento social, aquele negócio de viver para trabalhar ou trabalhar para viver, do dinheiro como fim e do dinheiro como meio, essas contraposições. Aí, comecei a falar com as pessoas. Primeiro, com a minha mulher, depois com os amigos, que tinha em Paris. Fui checar a idéia, se era boa. Trocamos idéias de onde poderia ser, Brasil, Porto Alegre... Cheguei ao Brasil, falei com o prefeito de Porto Alegre e com o Governador do Rio Grande do Sul, na época. Disse: tenho uma idéia. Não sei se vai dar certo, mas, se der certo, pode se preparar que Porto Alegre vai se tornar a cidade mais conhecida do mundo. Você não vai mais precisar explicar que a cidade fica ao lado de Buenos Aires. Chamei alguns amigos de algumas organizações sociais, que fizeram parte do Comitê Organizador, eram oito entidades. A primeira reunião foi no Ethos. Falei: a idéia é essa. Comecei a organizar, fomos buscar dinheiro, financiadores no Brasil, fora do País. Fomos montar o escritório. Em menos de um ano depois da idéia, lançamos o Fórum em Porto Alegre, em janeiro de 2001.

Existe também o Oded ligado ao Governo Lula. O senhor foi o primeiro amigo íntimo do presidente Lula a deixar o Governo. Como foi sua experiência e o que levou o senhor a sair da sua posição?

Conheço o Lula há 22 anos. É meu amigo. Fui o primeiro empresário a apoiá-lo, isso na década de 80, desde 89, realizando encontros com empresários. Tentando desmistificar tanto a idéia que os empresários faziam do PT quanto do PT dos empresários. Tive uma relação, política e pessoal e até familiar com ele durante muito tempo. Sempre vi e vejo o meu papel na sociedade civil. Que as coisas só vão acontecer no dia que a sociedade se conscientizar e se mobilizar. Não tinha a idéia de ir para o Governo. Mas ele insistiu e eu achava que era importante, no começo. Não sei se você lembra, a situação, no começo, era muito difícil: a situação econômica, a desconfiança, o dólar era quatro, dois para o Brasil, a inflação indo para 55% ao ano, fuga de capitais, etc. Então, achava que era importante, no começo, para buscar apoio na sociedade, fazer a ponte com o setor empresarial, que é tão importante e poderoso, por diversos assuntos, econômicos, sociais. Fui, sabendo, assim como ele, que era uma coisa limitada. Então, pedi licença, me desliguei do Instituto Ethos. E, depois de um ano, quando as coisas melhoraram, estabilizaram, vários programas em parceria entre Governo, empresa e sociedade civil foram estabelecidos. Achava que era o tempo... Morava em São Paulo, minha família está aqui, o meu papel da sociedade que eu sempre quis fazer... Sabia que era uma coisa limitada, então me desliguei (do Governo) depois de um ano.

Mas a questão do PT com...
(Interrompe) Eu sempre tive escolhas na minha vida. Fui fazer as coisas onde achava que era mais útil. E achei que contribuí. Ia cuidar da minha vida. Gosto da minha mulher, dos meus amigos,todos estão aqui em São Paulo. E gosto do meu trabalho, do que faço.Todas as coisas que aconteceram depois, não tinha a mínima idéia: Mensalão, essas coisas, não tinha a mínima idéia. O Delúbio (Soares) só vi uma ou duas vezes, o Marcos Valério, nunca tinha visto na vida. Quando vi a cara dele pela primeira vez foi pelo jornal, quando estava viajando. Não tive nada a ver com as coisas que apareceram depois. Saí no final de 2003.

Mas o senhor como amigo do Lula, conhecendo ele, acha que o presidente sabia de tudo que estava acontecendo?

Pelo que conheço, o Lula é uma pessoa que confia muito nas pessoas. Ele delega muito, confia muito. Essa é uma característica dele, sempre foi assim. Pelo que sei, ele delegou, confiou. Eu te digo: o Lula e mais 180 milhões de brasileiros sabem que existe caixa 2 em campanhas eleitorais. Você sabe que tem caixa 2 em campanhas eleitorais?

Deduzo, sem poder provar.
Provar, não, mas todo mundo sabe. No Brasil, todos os políticos sabem, porque tem um processo, um sistema eleitoral que favorece. O dinheiro é importante nas campanhas e nenhuma empresa gosta de aparecer em campanhas. Há todo um sistema que faz isso.

O senhor acha que ele foi traído pelas pessoas em que confiou?

Olha, primeiro ele me falou que foi. Conhecendo ele, já vivi, convivi, então, ele chega para as pessoas e diz o seguinte: olha, você cuida disso, você cuida daquilo. E ele confia. Ele não pergunta como foi. No meio de uma campanha, a agenda, não sei se você já chegou a ver, é uma loucura. Não tem nem tempo para respirar. É comício, 24 horas do dia, entrevista, debate, comício. Acho que ele realmente não sabia.

E o senhor vai votar nele?

Vou votar nele. Não sei se você tem acesso aos números. Muitas coisas que aconteceram neste Governo, são coisas do meu agrado. Gostaria que fosse uma política econômica que favorecesse mais aos pobres, desse mais ênfase a educação...Tenho várias observações a fazer. Agora, todos os números que saíram... Quando se compara este Governo com o Governo do PSDB anterior não dá nem para o começo de conversa. Chegou a ver os números? Todos os números. Todos: econômicos e sociais, por comparação, inflação, balanço de pagamento, dívida, crescimento econômico, geração de emprego, comércio exterior... Todos os números. Depois, pega os números sociais: crescimento da renda dos mais pobres, geração de emprego, distribuição de renda, a pobreza. A Folha (de S. Paulo) fez uma matéria muito grande, número por número. O Nordeste e o Norte crescendo quatro vezes mais em termos de Brasil... Primeiro tem a minha relação com ele, já é uma relação emocional, que pode ser que me contamine, me contagie, mas é assim, com as pessoas amigas, talvez, fiquemos mais tolerantes, né? Tirando a parte emocional, que também me afeta, tem a parte racional. Entre determinado partido, que fez este governo, depois olhando estes números... A questão da universidade, o ProUni, Luz para Todos... Mas há muita coisa que achei que seria feita, há muita crítica a ser feita. Choque de gestão é o que está acontecendo aqui em São Paulo, em termos de segurança pública. A Febem é uma coisa que para mim é muito próxima. Na Fundação Abrinq, nós fizemos várias aproximações com o Governo tentando resolver o problema da Febem. Sempre as portas foram fechadas. Na Febem tem rebeliões diárias aqui em São Paulo. Trata-se da criança e do adolescente. Minha mensagem é a seguinte: na hora de escolherem... inclusive, nem ouçam, porque cada candidato fala bem de si mesmo, não estou falando para as pessoas nem votarem no Lula nem no (Geraldo) Alckmin, mas que peguem os números e comparem e façam a sua escolha. Se depois de compararem, olharem os números, votarem no Geraldo Alckmin, tudo bem. Acho que, aí, fez o caminho certo, olhou, comparou e fez. Agora, esse papo do PSDB falar de caixa 2, como se fosse uma grande novidade, como se nenhum deles tivessem utilizado durante anos.... Tudo isso vai continuar, caixa 2, corrupção, se a sociedade não se mobilizar para fazer a reforma política e a reforma do Estado, que não vão ser feitos pelos políticos, porque eles são os principais beneficiados. No Brasil, os políticos não são camicases, não são suicidas. Eles não vão fazer nada que prejudiquem as suas cabeças.

Dentro destas inúmeras experiências de vida, profissional, como empresário, organizador social... hoje quem é Oded Grajew?

É uma pergunta que me faço sempre. Sou sempre o Oded, mas o Oded que tinha 20 anos, 30 anos, 40 anos, 50 anos, 60 anos e falo com os meus amigos: nunca tive 60 anos antes. Nunca tive 62 como tenho hoje. E procurando, a cada momento, saber qual a melhor coisa que posso fazer, qual o caminho que posso percorrer. Basicamente, sou o mesmo. A pessoa que não se sentiria feliz se não fizesse as coisas que estou fazendo. Agora, o jeito muda, né? A capacidade muda, a energia muda, a forma muda, né? Talvez, hoje, eu tenha menos energia, mas mais conhecimento, mais aprendizado. Tem uma frase do Dalai Lama que diz: "bom é levar a vida de uma forma legal, porque, quando você ficar mais velho, vai ter a chance de revivê-la". Hoje, posso lembrar de muitas coisas. Isso me enriquece e me ajuda a fazer o que faço e também procurar me manter fiel aos meus princípios aos meus valores, porque existem muitas ciladas de poder.


"Para a América Latina, (os chineses) mandavam as sobras dos brinquedos. Os preços dos que chegavam ao Brasil eram mais baratos que a matéria-prima. Foi destruída toda a indústria de brinquedos na América Latina e a única que sobrou foi a do Brasil"

"Viver num País, onde você se depara todo dia, cada instante, com problemas sociais, problemas éticos, problemas ambientais e tendo um mínimo de informação, conhecimento de que todo mundo tem um determinado poder, é impossível não querer fazer alguma coisa para mudar"

"Se você tem o Fórum Econômico Mundial, pode fazer o Fórum Social Mundial em contrapartida para que as pessoas possam fazer suas escolhas. Se é o Social que vai ser subordinado à Economia ou se a Economia será o meio do crescimento social"

"o Lula e mais 180 milhões de brasileiros sabem que existe caixa 2 em campanhas eleitorais"

"Tudo isso vai continuar, caixa 2, corrupção, se a sociedade não se mobilizar para fazer a reforma política e a reforma do Estado, que não vão ser feitos pelos políticos, porque eles são os principais beneficiados"


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