ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO
Artigo publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, em 24/9/2006, da autoria de Joaquim Armindo
ÁGUA VIVA
A LIBERDADE DE PENSAR
Bento XVI tem a liberdade plena de pensar e de expressar a sua opinião. O pensamento é livre, e não pode ser em nome de uma fé, por mais pessoas que a ela tenham aderido, como é o caso da muçulmana, que se vai alguma vez condicionar essa liberdade. A Igreja Católica sabe bem, por experiência, que sempre condicionou através dos tempos as consciências e amarfanhou o pensamento crítico, condenando mulheres e homens a suplícios bem pouco dignificantes, mas não será por isso que os seus membros, no qual me incluo, deixarão algum dia de possuir a liberdade que Jesus, o Senhor, lhes deu de viver, e pela qual foi condenado pelos poderes políticos, económicos e religiosos do seu tempo, daí que os nossos irmãos muçulmanos não têm que ser pródigos em manifestações e actos hostis, se não concordam, e têm esse legitimo direito, devem colocar-se numa posição de escuta e de discussão pública.
Por um lado a Igreja Católica deve compreender estas posições porque já, como disse, tem a experiência da intolerância para com a ciência e a razão, quando consubstanciava como grande defesa da religião, que não da Fé, as tradições e ignorava a razão, perseguindo sem piedade todos aqueles que com as suas descobertas se ponham ao lado do progresso, afirmando ser as descobertas cientificas do demónio, para depois pedir perdão pelos erros cometidos; ou nem sequer permitia que outros homens pudessem pensar diferentemente dela, chegando a queimá-los nas santas fogueiras.
No entanto isso não a pode impedir hoje de chamar a atenção, como fez o Papa, numa aula académica, agora, sobre a história muçulmana e poder emitir posição e juízo sobre essas questões, porque não existe nada intocável. As autoridades políticas, económicas e religiosas muçulmanas devem aceitar, em nome do mesmo Deus de Abraão, e não proclamarem mais uma guerra santa contra um homem, que é o chefe de estado do Vaticano e da Igreja Católica, só porque pode pensar de forma diferente. Também elas um dia podem vir a pedir perdão por mais estes atentados contra a liberdade humana e o diálogo, dado que nada há em qualquer igreja que possa fazer apelos a guerras santas, contra infiéis, que não existem.
Joaquim Armindo
Mestrando
http://www.bemcomum.blogspot.com
Escreve no JANEIRO quinzenalmente.
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