domingo, novembro 12

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Artigo publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, de 5/11/2006, da autoria de Joaquim Armindo

ÁGUA VIVA

O CRIME DA ESCRAVATURA


A indemnização devida à África pela escravatura estará em discussão, no Fórum Social Mundial, que se realizará em finais de Janeiro de 2007, na cidade de Nairobi. Esta atitude significaria que as principais potências colonizadoras, a Europa e todo o Mundo Árabe, pagariam pelo pecado gravíssimo da escravatura aos actuais líderes africanos o preço daquela atitude, como se apagasse aquele crime, colocando nas mãos de alguns novos senhores quantias monetárias, como indemnização. É evidente que a ser assim teríamos que percorrer todo o mundo afim de determinar todas as populações vítimas da escravatura, fosse ela na África ou na Europa, porque também uma nova escravatura surgiu por força da “revolução industrial”. Além do mais haveria que determinar se esta indemnização não seria uma armadilha para as próprias populações, promovidas a eternos dependentes dos “carrascos”. E como disse Abdouleye Wade, presidente de Senegal, “Pessoalmente sentir-me-ia ofendido se apenas me perguntassem quanto me devem dar para que esqueça a escravatura”, é que a questão não está em apagar a memória com dinheiro, mas em partir dela para uma nova mentalidade.

As igrejas cristãs, e as muçulmanas, como principais forças da promoção da escravatura em África, devem, isso sim, ter uma atitude de pedir perdão pelas atrocidades cometidas, como o fez João Paulo II, no Senegal, no sentido da compreensão das civilizações e culturas, e numa atitude de fraternidade reconhecer o dever de cooperação com aqueles povos. Interiorizar a história, promovendo o bem-estar de todos os povos, e caminhando com eles na busca da felicidade total, é a forma mais completa de assumir o passado e compreender o futuro com atitudes de respeito da dignidade da pessoa humana. A escravatura é um crime, e esse não se apaga com dinheiro, mas com sinceros posicionamentos de responsabilidade perante o hoje e o amanhã da história da humanidade. O único caminho possível é o do perdão sincero, e o da defesa da dignidade humana, esteja onde estiver.

Joaquim Armindo

Mestrando em Saúde Ambiental e Licenciado em Ciências Religiosas

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.com

Escreve no JANEIRO quinzenalmente.

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