CRÓNICA PUBLICADA NO PRIMEIRO DE JANEIRO
Crónica escrita no Jornal O Primeiro de Janeiro, de 7/11/2006, por Joaquim Armindo
MOSCADEIRO
DR. RUI RIO SEJA COERENTE!
Esta crónica que escrevo, quinzenalmente, é para a Maia, mas creio que perante a últimas atitudes do Dr. Rui Rio, e dado que toda esta grande área do Porto é de todos, não posso ficar calado; por isso devo escrever sobre aquele sr. presidente da câmara e o esmagamento, não só cultural, que está a levar a efeito a tudo o que não é controlado por ele, e que, tem necessariamente, de se comprometer a dizer bem da sua obra, em total desrespeito pela criatividade. A grande revolução numa cidade ou num país mede-se, sempre, pelo grau de cultura das pessoas que as habitam, e não é possível vencer outras batalhas, nomeadamente as económicas, ou défices, relegando para ultimo lugar as questões do conhecimento em todas as dimensões. Dizia Amílcar Cabral, um dos políticos que mais admirei, que a revolução na Guiné – Bissau, ou era eminentemente cultural, ou não era. É isto que o Dr. Rui Rio não percebe, ao cortar aquilo que diz serem “subsídios”, está a trabalhar no sentido das populações serem ignorantes e não está a ser coerente, porque se o fosse rejeitava já todos aqueles que o Porto recebe da União Europeia, quer fosse para a educação, quer para estradas, isso ele não diz, porque precisa do QREN e outros instrumentos subsiodependentes. Mas isso não faz, daí a incoerência das suas atitudes: uma quando recebe, outra quando tem o poder de devolver ao povo, aquilo que dele recebe, e não o faz. É que quando recebe está tudo bem, quando é para “dar” está tudo mal. Não compreende que o que comanda a vida não são orçamentos, mas atitudes e valores, e estes não se fazem por pertenças poupanças, para agradar ao sr. presidente da câmara. O que o sr. dr, Rui Rio, e sou insuspeito para o dizer, deveria aprender era com a Maia ou Matosinhos, e tentar desenvolver a solidariedade cultural e social, isso, contudo, parece não querer. Já vai sendo tempo de parar com a sua cruzada anti natura, e proceder a uma severa autocrítica, porque está a abjurar o que de melhor há na cidade, quando para a descaracterizar já basta o monstro da Avenida dos Aliados que, objectivamente, descaracterizou, dando-lhe o ar de uma sala de visitas trôpega.
Temos, como é óbvio, de gerir todo o património da cidade, e desta região com a certeza de não estarmos a hipotecar o futuro, mesmo do ponto de vista das finanças públicas, mas que façamos disso a espinha dorsal da política a seguir é cegueira e venda a valores estereotipados, e isso não pode a população consentir, nem continuar a passar ao lado, com indiferença, porque os valores que o Dr. Rui Rio defende estão nas antípodas daqueles que as mulheres e os homens do Porto sempre tiveram na alma e no coração, e isso mais dia, menos dia, dará lugar à “revolta dos taberneiros”. O povo do Porto, da sua região, esteve na rua a defender o seu Coliseu, também saberá dar a resposta certa para defesa do seu Porto, disso não podem existir dúvidas. A caracterização do Porto depende das suas gentes, da formulação de públicos, da formação permanente, e o que temos assistido é o ferir das legitimas aspirações do povo, por um homem que sempre viveu na Boavista, e está, continuamente, a não ser digno da cidade onde cresceu. Tratar desta forma, como faz, a cidade, é reduzi-la a cinzas, prestar um mau serviço, que bem faria em se demitir de imediato; aliás é o que o pulsar do Porto, das Fontainhas ao Castelo do Queijo, de Gaia a Vila do Conde, todos nós lhe dizemos que o poder detido é efémero e a história não se condói com homens desta têmpera. Dizem-lho os homens das artes e das letras, os trabalhadores, os do comércio e da industria e até os arrumadores de carros, que prometeu retirar do Porto, que faça um favor à cidade demitindo-se, porque quem não sabe, mais vale dar o lugar a outro.
Rui Rio confunde tudo, e como ouviu falar em subsídios a fundo perdido, pensa que se “perdem” aqueles investimentos feitos na construção da sabedoria e do conhecimento, mas não é assim, pode ser nos seus papeis de economista, curiosa economia esta!, que coloca números à frente das pessoas, e faz estas dependerem deles, quando a verdade é o contrário, por isso a redução é ridícula. Rui Rio deveria ter ouvido a tempo a sabedoria das vendedeiras do Bolhão, elas que sentem o seu Porto mais do que ninguém, e aprendido a sabedoria popular onde está o segredo para o desenvolvimento e o progresso, sem ela não existe presidente que resista. Rui Rio deveria ter aprendido que os euros recebidos de Bruxelas, também são subsídios para o desenvolvimento, sem eles Portugal e o Porto estariam desgraçados, estes ele os recebe, como fundamentais, mas deixa nas valetas das ruas e vielas aqueles que fazem o pão, a liberdade e o progresso. Rui Rio esquece que foi no TEP, na Árvore, no SEIVA TRUPE ou na UNICEPE que se forjou a resistência contra o regime obscuro de quase cinquenta anos, porque para ele regressar a esses tempos, onde a cultura e o desporto, o bem estar, eram metralhados, é que estará bem, aí só podiam actuar os trauliteiros do estado novo, que quanto mais inculta a população melhor. Rui Rio tudo esquece, porque o filme que está a ver, roda do avesso.
Resta-nos as câmaras da região, para a resistência que a estes procedimentos cresça, e todos possam recriar a liberdade de ser. De Vila do Conde a Espinho, de Matosinhos a Gondomar e Maia, que mil flores da cultura nasçam para impedir o suicídio do nosso Porto, às mãos deste presidente.
Joaquim Armindo
Membro da Comissão Política do PS da Maia
http://www.bemcomum.blogspot.com
Escreve esta crónica quinzenalmente
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial