quarta-feira, dezembro 27

Como escolher casas saudáveis






As casas saudáveis zelam pelo bem-estar de quem as habita mas, em Portugal, ninguém vigia a construção. Embora exista legislação desde Abril, continua a caber ao cidadão precaver-se. Há quem defenda que cada edifício já devia ter um certificado em como é saudável.

Uma casa saudável - terminologia que surge por oposição aos chamados edifícios doentes, causadores de problemas de saúde nos utilizadores - é pensada de raiz, tendo em conta o clima local, a orientação solar mas também as condições de ventilação e insonorização, entre outras, de modo a proporcionar qualidade de vida, o que nem sempre é acautelado por construtores e autarquias.

O Governo aprovou a 4 de Abril deste ano legislação (decretos-lei 78, 79 e 80) que pode fomentar mudanças mas por agora cabe aos cidadãos que procuram casa terem cuidados no momento da escolha.

Ao ser colocado no mercado, cada edifício já devia ter um certificado em como é saudável e energeticamente eficiente, estando essa responsabilidade do lado dos construtores mas não é isso que sucede.

Isto devia também fazer parte da cultura dos projectistas, dos arquitectos mas ainda há muitas deficiências, e as autarquias, que licenciam as construções, e às quais cabe uma última palavra sobre a qualidade de vida dos cidadãos, não são as entidades mais bem informadas.

As câmaras municipais, ao fazerem os licenciamentos, deviam ter em conta, pelo menos, a orientação solar [são preferíveis as casas viradas a nascente] e as características do solo.

Foi realizado um estudo sobre o tema em Ferreira do Alentejo, Mira e Amarante, devendo as conclusões, a divulgar em 2007, servir para “informar as câmaras sobre as casas saudáveis e o bom ordenamento das cidades”.

Há a tendência para fazer escolas e postos de saúde sempre da mesma forma, sem ter em conta o solo ou o clima locais, e depois as consequências são desastrosas.

Com o dinheiro com que se constrói mal, podia-se construir bem. Não é preciso construir com materiais de luxo, sendo preferíveis materiais baratos que não sejam perigosos. É preferível recorrer à madeira e à pedra do que a materiais cheios de químicos que nos afastam da Natureza. Um cuidado a ter “logo nas pequenas coisas, como ao escolher cortiça para isolar e aquecer, em vez de materiais artificiais”.

Actualmente as pessoas passam mais de 90 por cento do tempo em ambientes fechados, o que afecta o sistema respiratório, as mucosas dos olhos e a pele, exigindo cautela com as madeiras artificiais, os aglomerados, os estofos, as tintas e até os computadores e fotocopiadoras”, pois todos libertam substâncias nocivas.

Para se ter uma casa saudável é preciso uma atitude preventiva, optando por boas condições de ventilação e por materiais limpos, que não emitam substâncias perigosas.

Outros aspectos a ter em conta na escolha de casa são o ruído, que pode originar distúrbios cardíacos, perturbações do sono e, consequentemente, acidentes por falta de descanso e
a humidade e os bolores, capazes de provocar asma e alergias.

Entre os materiais a evitar estão o chumbo, o radão e o amianto, que já foi mesmo proibido. O chumbo, presente em tintas e canalizações, pode gerar problemas neurológicos e cardiovasculares; o radão pode causar cancro pulmonar (embora uma casa bem ventilada ajude a libertar esta radiação existente em alguns solos), e o amianto, quando começa a degradar-se, liberta partículas que também podem causar cancro do pulmão. E apesar de o Parlamento Europeu ter aprovado, a 13 deste mês, uma directiva acerca das substâncias químicas (directiva Reach, que abrange cerca de 30 mil substâncias), continua a ser difícil saber que materiais estão garantidamente isentos de risco.

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