domingo, dezembro 24

CRÓNICA PUBLICADA NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Artigo publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, da autoria de Joaquim Armindo, em 17/12/2006

ÁGUA VIVA


LIBERTAR TODOS

“Ele vem libertar os prisioneiros”. Deixa-O vir novamente a este mundo através do nosso compromisso para “libertar a todos”; e demos graças pelo facto que somos libertos por Jesus em tudo o que ele é, diz, e faz, desde Belém até ao Calvário e além”, assim termina a sua mensagem de Natal, o Arcebispo Rowan Williams, aos milhões de fiéis anglicanos e a todos os cristãos e homens de boa-vontade. E, de facto, a centralidade do Natal, em que comemoramos o nascimento de Jesus, o de Nazaré, é isto mesmo, um compromisso de cada um na libertação total de todos. Sem esta tomada de consciência o Natal torna-se uma infelicidade, traduzida na correria das frases feitas, ditas e reditas, sem qualquer eficácia na libertação total da mulher e do homem. Quem, como eu, viu as ruas de Bolonha, Florença ou Veneza, como no nosso país, a celebrar a pobreza do menino de Belém, nas ruas engalanadas mas paupérrimas de amor, acredita que O devemos deixar vir novamente, na sua mensagem de ruptura, com uma sociedade trucidada pela opulência do poder económico e vazio de valores. De Belém vai até à morte, perde a sua causa, nasce e morre, como um perdedor nato, mas tudo faz para a liberdade de todo o ser.

Compromisso significa a radicalidade da vida de Jesus, que em cada homem e mulher via o Pai, e por isso lutava, contra todos os poderes de então, Igreja incluída, mas que sabia bem o que era, dizia e fazia; aí estava a vida plena da felicidade e alegria. Compromisso que era liberdade, e não subjugação a uma terra onde os amos celebravam a vitória da guerra. Compromisso com a paz e a justiça, porque nunca haverá ser humano liberto, onde exista um único que não o seja. E este compromisso também é a leitura dos sinais, que por aí pululam, quais estrelas, a indicarem, que onde exista um “prisioneiro”, aí está Deus, e, por consequência, deverão encontrar-se os cristãos, porque Natal é reconhecer em cada um dignidade.

Este compromisso com Jesus não pode passar pela indiferença do sofrimento de cada pessoa, mas pela celebração activa de sermos portadores de uma nova esperança, na construção de uma ordem internacional que não escravize, mas liberte. Isso passa por cada um de nós.

Joaquim Armindo

Mestrando em Saúde Ambiental e Licenciado em Ciências Religiosas

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.com

Escreve no JANEIRO quinzenalmente.

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