terça-feira, fevereiro 6

CRÓNICA PUBLICADA NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Crónica publicada no Jornal O Primeiro de Janeiro, em 30/1/2007

MOSCADEIRO


QUE CAMINHO PARA O PS DA MAIA?


Parecia que estava tudo no melhor dos mundos no PS da Maia. Até que, agora, estalou todo o verniz. Alguns ainda pretendem camuflar a verdade e defender, porventura, privilégios adquiridos ou a adquirir. Mas isso não vai ser possível, a política é serviço e não exercício de poderes inconfessáveis. Querer agora com ataques à direita, ao poder instituído, tentar esconder o que se passa, é inconfundivelmente uma miopia política. As ideias que todos temos no PS não podem ser manipuladas, nem muito menos esmagadas. Houve e há um “chefe” que as quer amordaçar, para que os seus interesses pessoais possam ser preservados, mas só consegue que ninguém o perceba, e enquanto de corpo livre não estiver na política nada vamos conseguir. O socialismo quer conseguir uma outra humanidade, baseada em valores éticos de entrega total à verdade, e às evidências correspondentes; não poderemos nunca desviar as nossas capacidades, de, quer na oposição, quer no poder, sermos capazes de forjar uma unidade, na diversidade, sem anátemas, e percorrer um caminho salutar de luta quotidiana por ideias, que levem o nosso povo a viver melhor, a ser melhor. Se estamos desavindos nesta ocasião, como noutras, é tão só, porque ainda não nos encontrarmos com os interesses do nosso povo, não escutamos as suas preocupações e desviamo-nos de o ouvir. Que tragédia, grande, para a maioria, que diz ser “Primeiro as Pessoas”, do que ver uma oposição esfrangalhada, actuando sem moral e tendo como cenário a não existência de outro modo de se afirmarem, a não ser a invenção de um poder e oposição dentro do todo PS da Maia. Se fosse poder, e tenho-o dito, seria uma catástrofe não poder contar com uma oposição forte; mas é isso que se está a passar no PS da Maia, ao ponto de já ninguém perceber o que pensam as pessoas, porque efectivamente não existem ideias, e se as há fecham-se a sete chaves, que nem os dirigentes do PS conhecem. Querer afogar quaisquer que sejam os protagonistas, querer silenciar o que se passa, fugir à análise serena e ao planeamento progressivo é estourar definitivamente com o PS na Maia.

A compreensão de toda esta questão, que faço também minha, deve enquadrar-se na história mais recente do partido aqui na Maia, não muito por causa do meu afastamento vingativo por parte do “comandante” das listas (apesar que dentro da minha humildade, penso que não faria má figura na assembleia municipal), ou do presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova da Telha, como condição suprema para o entendimento entre as diversas formas de pensar, como se com isso se ganhassem as eleições autárquicas. A minha história está contada, só servirá como espelho do que se pode vir a passar à medida da radicalização das posições. Por isso, e porque o que se passa não se pode apagar, é necessária a justiça. Que dizer das eleições fraudulentas para a comissão política concelhia (e até sei da ignorância do actual presidente), às quais o partido ainda não respondeu, que dizer do processo difamatório que tem arredado o camarada Andrade Ferreira da liderança do grupo parlamentar (conduzido por um membro do actual secretariado), que dizer da não convocação das reuniões da comissão política, que dizer dum deputado municipal que junto ao presidente da câmara, foi pedir desculpa pelo que ia dizer à noite, que dizer da notória incapacidade dos deputados municipais com argumentação medíocre, o que já faz mandar às malvas as respostas contundentes que o líder da maioria sempre teve. E que dizer dos nossos vereadores ao aprovar medidas que poderiam ser analisadas em sede própria, e não o foram, como a macroestrutura da câmara, ou mesmo o plano de actividades e orçamento. Muitos mais factos poderiam ser relatados, e creio bem que devem ser analisados, não para crucificar ninguém, mas para esclarecimento, porque só pode existir reconciliação baseada na justiça, e, de facto, o PS da Maia não se reconciliou consigo próprio, ainda existe opressão, e como em tudo quem oprime não pode ser livre. A liberdade conquista-se, na discussão livre, de quem não tem medo de possuir “telhados de vidro”. O PS da Maia, alguns dizem que bateu no fundo, e eu afirmo que não tem é uma cultura capaz de ser útil ao povo da Maia, de participação democrática, de humildade de serviço; esta é a questão: a falta de cultura, o resto são sintomas de uma doença infantil, diagnosticada, mas não tratada. Até já se escondem realizações e não se convocam os militantes, porque o protagonismo de quem quer ir à frente é mais determinante, do que o diálogo sincero e aberto.

Num quadro destes não vale a pena estar a afirmar que os dossiês estão aí a ser preparados (por quem?), que uma “nova era” (lembram-se?) aí vem, e que esperemos (nós os protagonistas, temos de esperar pelas decisões!). É necessário e urgente tratar das feridas, colocar na discussão tudo, e dar liberdade ao partido, o que começa por convocação de eleições antecipadas para a comissão política, porque ninguém pode preparar o partido para as próximas autárquicas com a serenidade necessária com tudo isto, será fratricida. É bom recordar que o presidente da distrital assumiu posição, ao lado dos vereadores, e logo contra o secretariado e grupo parlamentar, e não serão palavras de circunstância que irão modificar nada. Eleições, e livres, sem estigmas de secções de consultório, eis a primeira medida a tomar por quem não faz da política a sua subsistência. Até lá, e assim, nada vamos conseguir.

Membro da Comissão Política do PS da Maia

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.com

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