domingo, março 4

CRÓNICA PUBLICADA NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Crónica publicada no Jornal O Primeiro de Janeiro, em 25/2/2007

ÁGUA VIVA


QUARESMA: A REFLEXÃO DA GLOBALIZAÇÃO


Num período em que os cristãos iniciam a Quaresma, onde a reflexão das questões quotidianas devem ser mais ponderadas, em preparação para a Libertação, talvez conviria que pensássemos, neste período, e tendo em consideração o último Fórum Social Mundial, realizado no Quénia, de 20 a 25 de Janeiro, sobre a globalização. Esta forma de ser, globalizando os interesses de muitos, tem preocupado principalmente os missionários que, em terras distantes, vêm um modelo de economia, liberal ou neoliberal, abater-se sobre aqueles povos, mercê da deslocalização de empresas, de países mais ricos, como acontece em Portugal, para os mais pobres, no sentido de pagarem menos e os lucros subirem. Mas não é este o sentido que deveremos tomar da globalização, ela tem de ser sobretudo um factor de solidariedade entre os povos, onde as desigualdades e injustiças existentes, possam dar lugar a uma nova cultura ética e ordem mundial.

Após a publicação da encíclica Centesimus Annus, de João Paulo II, que os cristãos assumem o compromisso de uma visão ética sobre a globalização. Mesmo Jesus colocou na prática esta questão, provando aquando da multiplicação dos pães e dos peixes, que existe a possibilidade de com o pouco que existe, dar a todos e sobrar. Basta que todos nós queiramos, e a focalizemos, tendo por centralidade a pessoa humana e não as finanças mundiais, dependentes em grande força do incremento de guerras, para com o fabrico das armas, se alimentar. Por isso uma reflexão séria nesta Quaresma de qual o nosso papel, enquanto cristãos, sobre o que motiva a globalização, a sua necessidade de beneficiar as pessoas e os povos, promovendo a dignidade, cultura, economia e tecnologia, de forma que novos rumos se fomentem, em bases éticas e morais. Isto é, a globalização só tem sentido a favor do desenvolvimento das pessoas, e não duma colonização económica, que gere o domínio, e não promove a libertação. Como o caminho decisivo dos quarenta dias de Quaresma, não é outro que não seja uma libertação integral de todos, a Páscoa, faz todo o sentido que o nosso caminhar seja a reflexão, como autocrítica, mais que todas as vias sacras, sobre esta importante e decisiva alteração dos rumos da humanidade.

Joaquim Armindo

Mestrando em Saúde Ambiental e Licenciado em Ciências Religiosas

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.com

Escreve no JANEIRO quinzenalmente.

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