segunda-feira, abril 2

COMISSÃO VERDADE E AMIZADE - TIMOR -LESTE




O administrador apostólico emérito de Díli, Dom Carlos Filipe Ximenes Belo, assegurou hoje, diante da Comissão de Verdade e Amizade, que os soldados indonésios e seus aliados paramilitares locais queimaram igrejas e assassinaram sacerdotes, depois que Timor-Leste votou a favor da independência, no referendo de autodeterminação realizado em setembro de 1999.

Em suas declarações à comissão instituída pelos dois países _ Indonésia e Timor-Leste _ para determinar os fatos de 1999, Dom Ximenes Belo, Prêmio Nobel da Paz-1996, por sua resistência à ocupação indonésia, afirmou que, embora prefira olhar para o futuro, não se pode esquecer o passado.

"É importante reconhecer, como pessoas humanas e como cidadãos, que não fomos capazes de proteger os direitos humanos, a tolerância e a solidariedade" _ afirmou Dom Ximenes Belo à comissão, composta por cinco indonésios e cinco timorenses, e que foi duramente criticada pelas organizações de direitos humanos, por pretender relativizar o papel da Indonésia nos massacres. "Isso não significa que queiramos reabrir velhas feridas ou atiçar o ódio" _ acrescentou o bispo.

Dom Ximenes Belo explicou como as tropas indonésias e seus aliados paramilitares assassinaram sacerdotes, atacaram igrejas e queimaram documentos religiosos. No dia 6 de setembro de 1999, os militares lançaram coquetéis "molotov" contra sua própria casa, onde havia acolhido refugiados _ explicou.

Até este momento, apenas uma pessoa foi condenada pelos conflitos que eclodiram após o referendo de oito anos atrás, nos quais morreram aproximadamente mil pessoas. Os soldados e seus aliados paramilitares foram acusados de numerosos homicídios, saques e incêndios.

A classe política dos dois países mostrou-se pouco decidida a resolver o assunto e as Nações Unidas sugeriram inclusive, a eventual criação de um tribunal internacional para julgar os fatos e processar os responsáveis.

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