quarta-feira, setembro 8

UMARTIGO PARA PENSAR

Eduardo Prado Coelho escreve hoje no Público a sua crónica diária, que dá para refletir. Aqui a deixo:

Abandono

Nós sentimos um mal-estar generalizado no país, que apenas o episódio do Euro veio interromper. Mas a tentativa de relançar o optimismo efectuada por Santana Lopes não cola com a realidade. Vemos o aumento do preço do pão (o que tem um terrível valor simbólico), assim como o da electricidade e dos transportes. Vemos que a necessária reforma do sistema das rendas para habitação vai ter consequências dramáticas a nível do quotidiano das pessoas. Ao mesmo tempo verificamos que os carros de luxo se vendem com extrema facilidade e que os andares topo de gama são rapidamente absorvidos pelo mercado. Daí que se sinta que a distância entre os ricos e os pobres se agrava, reforçando as injustiças sociais, e que ao mesmo tempo Portugal ocupa os índices mais desastrosos e miseráveis nas hierarquias que definem o progresso de um país.
Às vezes um índice aparentemente secundário revela todo um mundo de coisas. Porque isto anda tudo ligado. Segundo a presidente da Comissão Nacional de Saúde da Criança e Adolescente (o que dá a sigla impronunciável de CNSCA), a drª Maria do Céu Machado, também directora do serviço de pediatria do Hospital Amadora-Sintra, verifica-se a convergência de três fenómenos: o desemprego, os maus tratos em relação às crianças, o abandono nos hospitais. Trata-se de um triângulo social horrível, que apenas se pode explicar nestes termos brutais: "quando aumenta o desemprego, aumentam os maus tratos". Porque o desespero, o alcoolismo, a droga, a miséria, a tentativa de eliminar uma criança que surge como um empecilho quotidiano, são malhas de um só tecido.
A explicação da drª Maria do Céu Machado é dupla: por um lado, aumenta o número de imigrantes que vieram para a Ponte Vasco da Gama e para a construção de estádios, e que de repente se viram sem trabalho e sem dinheiro. Em segundo lugar, entre os portugueses cresce o nível de desemprego, sem que o Governo seja capaz de concretizar um plano de tratamento social deste terrível desastre. Como diz Maria do Céu Machado, "quando nos chegam crianças às urgências, ao preencher na ficha o campo da profissão dos pais, é assustadora a quantidade de desempregados".
Os maus tratos são inexplicáveis, o abandono também. Ora o número de crianças abandonadas nos hospitais é completamente aflitivo. Muitas dessas crianças chegam em estado de choque, são tratadas e, quando podem ter alta, não dispõem de quem as acolha. A média do tempo de internamento é de 62 dias, mas algumas chegam a ficar dois anos à espera de encontrar instituições capazes de as receberem. O grande problema não é que isto exista, o que já de si é horrível. O verdadeiro problema é o de que os números aumentam. Miséria faz crescer a violência nas ruas, faz crescer a corrupção, faz crescer a desagregação da estrutura familiar.
Poderá um Governo que tem à frente das suas finanças um homem marcado pelo humanismo cristão ignorar estes casos humanos? Refiro-me a Bagão Félix, que há dias afirmava que as dificuldades lhe dão vontade de rir. Suspeito que deve andar sempre às gargalhadas pelos corredores do ministério.

NÃO FOI O ENTÃO "PAULINHO DAS FEIRAS" QUE PROMETIA ACABAR COM TUDO ISTO ! E NÃO É ELE QUE MANDA NO GOVERNO?

OS SOCIAIS - DEMOCRATAS SINCEROS DO PSD, DEVEM ESTAR ENVERGONHADOS.






1 Comentários:

Às 11:02 da tarde , Blogger elisa... disse...

Infelizmente, a memória é curta meu caro...
Até a do bagão...

 

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