terça-feira, novembro 16

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O PRIMEIRO DE JANEIRO"

Artigo, da minha autoria, no Jornal "O Primeiro de Janeiro", em 9 de Novembro de 2004.

MOSCARDEIRO


MOREIRA: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ?



Moreira da Maia é uma Vila. Já lá vão uns anos desde que a Assembleia da República tomou essa decisão. Já eu então pertencia à Assembleia de Freguesia, como hoje. Não vi contudo, desde esse acto legislativo de elevação a Vila, que tal haja beneficiado em alguma coisa Moreira da Maia e as pessoas que aqui vivem. Apesar dos esforços do então presidente do executivo da Junta, Sr. David Branco, que, esclareço, não pertence ao meu Partido.

Quando se passa pelas ruas e vielas da Vila, tão mal tratadas, repara-se com preocupação no enorme desfasamento entre o natural crescimento demográfico e o desenvolvimento sustentado, que deveria ter acompanhado aquele.

Um dos exemplos é junto à Ponte de Moreira, onde cresce uma urbanização, que, diga-se, com arquitectura apelativa, mas estragando tudo, os construtores vão erguer duas torres de mais de vinte andares cada. Por toda a freguesia desde o aeroporto, passando pela zona industrial, até Crestins, erguem-se prédios, misturados com fábricas, uma das quais é a Central de Valorização Energética, ou seja, a incineração do lixo.

Isto é, uma freguesia eminentemente rural, está a dar origem a uma outra realidade, onde as infra-estruturas tardam em aparecer. Existem locais onde a par da propaganda da Empresa Municipal Maiaambiente, da recolha selectiva porta a porta, nas zonas "nobres", se vêm enormes lixeiras.

A nova Junta de Freguesia sediada num bom edifício, pago com dinheiro da Central de Incineração, e como contrapartida para a contaminação dos imensos lençóis freáticos, bem junto ao contaminado Rio Leça, Moreira da Maia está a destruir o equilíbrio que deveria existir entre a ruralidade e os espaços urbanos; Moreira da Maia, com fracas estruturas viárias, ambientais e económicas, está a esmagar a qualidade de vida dos seus fregueses, e, de maneira alguma, a valorizar o seu passado. A expansão desordenada do "betão armado" assassina as vivências das populações, e contribui não para um pólo de desenvolvimento harmonioso, mas para a morte inevitável da ruralidade, em detrimento daquele.

Com o metro do Porto a passar sobre os "carris" do antigo caminho de ferro, bem poderia a Vila do Concelho da Maia, ser mais atraente sob o ponto de vista cultural, arquitectónico e sócio-económico. Mas não, a incompetência política e de gestão de quem a governa, em conluio com o poder municipal, tiram-nos todas as veleidades. Moreira da Maia, continuará a ser esquecida pelos decisores da edilidade.

Os esforços de descentralização cultural que tão bem os anteriores presidentes de Junta conseguiram organizar, estão entregues na sua organização à carolice de meia dúzia, quando estes eventos deveriam sair das próprias populações, organizadas em Conselho de Colectividades, que dessem corpo a verdadeiras manifestações culturais de massas. É preciso e é necessário que o poder cultural, saia do Praça Dr. Vieira de Carvalho, seja, dos Paços do Concelho, e desabrochem para as zonas limítrofes, como é o caso de Moreira, e isso que seja profissionalizado e não colidindo com as boas vontades, que têm mérito, mas às vezes não passam disso.

Tendo, por exemplo, em consideração as exposições de pintura, arte sacra e feira do artesanato, perguntar-se-á quantos Moreirenses as visitam e delas usufruem! Uma minoria, e eu vi as salas vazias quando por lá passei, até para fazer umas compras. É preciso mais dinamismo e actuação de pessoas profissionais nestas importantes promoções.

Na última Assembleia de Freguesia foi presente, como sempre, o Balancete das Contas, referido a Setembro, e pasmei, como em outros anos. É que para despesas de investimento a Câmara e o Governo, tinham contribuído exactamente com zero euros. Sei que zero é um número, mas aqui muito amargo !

As promessas são muitas, desde a esquadra da GNR até ao Centro da Juventude, passando pelo disciplinar do trânsito nas Guardeiras e Padrão de Moreira. E as sedes para o Rancho Folclórico e para a Banda de Música ? Nada! o poder esqueceu-se, que em Moreira vivem muitas pessoas imigradas de outros centros, sem se cuidar com o desenvolvimento sustentável. Certamente, que aqueles que aqui nasceram e se mantêm vivendo, vêm morrer a sua etnografia, as suas culturas, e numa ocasião excelente para o casamento da inculturação com os que elegeram esta terra como também sua, e sitio para viverem.

Moreira da Maia, Vila, que te estão a destruir e a obrigar a esqueceres os teus avós, e esquecendo-os vais perdendo as tuas linhas na história; não traças os caminhos do futuro! Acorda minha terra, e reage, que todos nós estaremos na luta.

Joaquim Armindo
Deputado Municipal do PS e da Vila de Moreira
jarmindo@clix.pt
http://www.bemcomum.blogspot.com








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