segunda-feira, janeiro 9

Fernando Nobre, Presidente da AMI:

O fim da Pobreza e da Miséria: uma exigência ética, moral e social mais que justa imprescindível

Que ninguém tenha qualquer dúvida: Sem a erradicação da pobreza e da miséria no Mundo, e em Portugal, ou pelo menos uma demonstração inequívoca duma vontade política determinada em se avançar decisivamente nesse sentido, a sociedade humana caminhará inelutavelmente para a

violência e a insegurança extremadas. Não se trata de futurologia ou premonição mas apenas de um diagnóstico social que receio estar certo.

Já o disse e escrevi repetidamente: se não acabarmos com essa grande vergonha mundial, mas

também nacional, seremos todos responsáveis pelo advir funesto de graves problemas cujos sinais,

já são mais que visíveis: o que se passou recentemente na fronteira de Marrocos com os territórios espanhóis do norte de África (que foram nossos), é apenas só mais um sinal anunciador do que será impossível evitar num futuro próximo.

Ou os países ricos desenvolvem imediatamente uma verdadeira política de desenvolvimento em prol

dos povos dos países mais atrasados e dos seus próprios excluídos, e exigem sem contemplações nem permissividades o fim da corrupção e da má governação desenfreadas por parte de quem os governa há pelo menos trinta anos, ou então o "caldo está mesmo entornado" e viveremos um revolução violenta, que já germina, de contornos inimagináveis.

Nada poderá impedir que os famintos se atirem contra as barreiras de arame farpado, de minas ou

de metralhadoras que supostamente defendem a nossa fortaleza evitando que eles se sentem à nossa mesa, farta de proteccionismo, de subsídios agrícolas que aniquilam povos esquecidos e nos enfermam numa obscena e mortal obesidade. Os famintos encontrarão, como sempre encontraram na História da Humanidade, líderes para os guiarem nessa caminhada de sofrimento mas sem escapatória.

Não tenhamos ilusões: Tal como no passado, nada poderá impedir a caminhada, o êxodo, de milhões e milhões de pessoas para uma visão do Eldorado que eles fazem do nosso mundo.

Para quem conhece um pouco de História, sabe perfeitamente como acabou o decadente e farto, de

orgias e de vómitos, Império Romano...

Está a Europa, bloqueada por líderes incompetentes e insensíveis escudados na sua visão ultraliberal

autista, absolutista e em manifesta falência, preparada para impedir, com acções decisivas, inteligentes e humanistas, que tal aconteça? Tal exigiria uma mudança radical dos seus líderes, do seu discurso e sobretudo da sua acção.

Sinceramente duvido. E mais...temo muito que já seja tarde. Acontecimentos violentos e incontroláveis como os observados em Melila, motivados pelo desespero total, contribuirão para que a Europa reforce a sua vertente securitária, agora contra os famintos que em breve talvez sejam apelidados de terroristas, e se feche na sua torre de marfim fazendo a política da avestruz como tem feito até hoje: sem nenhum rasto e nenhuma ousadia criativa. Tal autismo, quanto a mim, não augura nada de bom. Alguns pensarão: mais um Velho do Restelo!

Enganam-se redondamente. Contrariamente ao que muitos "opinion makers" dizem, quantas vezes

sustentados apenas por conhecimentos desfocados porque puramente livrescos e teóricos, nutridos por discussões de café tão ociosas quanto vácuas e desfocadas, o que eu digo é sustentado no que observo com preocupação e tristeza nas sete partidas do Mundo, há quase três décadas.

Se o viajado Infante Dom Pedro (o malogrado de Alfarrobeira) tivesse sido escutado e compreendido na primeira metade do Século XV...

Não há pois mais tempo a perder. Como cidadãos globais que queremos e devemos ser, nós os Portugueses, mais do que ninguém, temos que exigir que os Objectivos do Milénio sejam atingidos em 2015 como prometeram os governantes do mundo inteiro, na Cimeira do Milénio das Nações Unidas, em Nova Iorque, no ano 2000.

Não podemos permitir nenhuma escapatória ou desculpa: se há dinheiro, muitas centenas de biliões de dólares ou euros, para corromper governos, comprar armas e financiar todas as guerras, mesmo as mais espúrias, como a do Iraque, também tem que haver meios para se acabar com essa vergonha imunda, a Pobreza, a Fome, a Humilhação silenciosa e ensurdecedora dos miseráveis que estou cansado de encontrar pelo Mundo, mas também no nosso país. Não tolero vê-los morrer como moscas, à fome, tiro ou doenças esquecidas, sem um grito porque esmagados por uma, quanto a mim, inaceitável fatalidade.

É uma questão de decência. É um imperativo de consciência. Tem de ser A Causa Mundial, tal deve ser também A nossa Causa Nacional.

Para alguns estarei a ser, mais uma vez, politicamente incorrecto e ainda bem! Entendo que ao ponto

em que a nossa sociedade humana chegou é imperioso gritar, mesmo se forem só gritinhos de rato, e tentarmos ser sobretudo e apenas humanamente correctos. É tão só isso que me move: doa a quem doer. Também me dói a mim ver o que vejo, viver o que vivo... Grito em nome dos famintos e dos miseráveis silenciados e sem voz com quem me cruzo, quantas vezes impotente, há tanto tempo e em todos os continentes.

O tempo das palavras terminou. Eis chegado o momento das grandes opções e da acção.

Pretendo, com a AMI, com todos vós, filhos do mesmo e único Deus, contribuir com uma microgota para a necessária mudança da nossa Humanidade. Acabar com a Pobreza e a Miséria, também entre nós, é imperioso, é inalienável: é simplesmente uma questão de inteligência, de humanismo. Só assim poderemos continuar em Democracia, em Paz e em Segurança.

TEM QUE SER e, como digo aos meus filhos e a mim próprio,

O QUE TEM DE SER TEM MUITA FORÇA.

TEM MESMO QUE SER. Desculpem-me a veemência.

Fernando de La Vieter Nobre

Presidente e Fundador da Fundação AMI

In AMI Notícias

1 Comentários:

Às 11:20 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Não se turbe o vosso coração. - Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me
vou para vos preparar o lugar. - Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí
estejais. ( S. JOÃO, cap. XIV, vv. 1 a 3.)
A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos Espíritos.
Independente da diversidade dos mundos, essas palavras de Jesus também podem
referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticidade. Conforme se ache
este mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio
em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente,as percepções que tenha. Enquanto uns não se podem afastar da esfera onde viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos; enquanto alguns Espíritos culpados erram nas
trevas, os bem-aventurados gozam de resplendente claridade e do espetáculo sublime do
Infinito; finalmente, enquanto o mau, atormentado de remorsos e pesares, muitas vezes
insulado, sem consolação, separado dos que constituíam objeto de suas afeições, pena sob o
guante dos sofrimentos morais, o justo, em convívio com aqueles a quem ama, frui as delícias
de uma felicidade indizível. Também nisso, portanto, há muitas moradas, embora não
circunscritas, nem localizadas.

 

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