ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO
Artigo publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, em 25/7/2006, da autoria de Joaquim Armindo:
MOSCADEIRO
É URGENTE A PAZ!
A guerra declarada ou não que se assiste em todo o Médio Oriente, e cujos comentadores políticos ou militares tecem considerações de toda a índole, sobre poderios e capacidades estratégicas, devia encher de vergonha toda a humanidade. É uma ignomínia os ataques e contra ataques, de qualquer das partes, colocando de joelhos perante os senhores das guerras, os povos que são martirizados no seu quotidiano há longas décadas. A guerra, e sabe quem andou lá, como eu, é uma aberração total, e só a Paz, pode conduzir ao convívio fraterno; nada justifica, homens matarem outros homens, por nada, dado que tudo é relativo, e este planeta onde vivemos é realmente uma aldeia muito pequena, no universo. É necessário e urgente a criação de plataformas de paz, onde tudo se discuta, nomeadamente as causas profundas da guerra, e onde a cultura e a luta contra a fome e as desigualdades, possam fomentar a atitude ecuménica, do reconhecimento das diferenças que conduzem, forçosamente, às vivências comunitárias do nosso caminhar sobre o planeta.
Todos sabemos das circunstâncias históricas do conflito entre israelitas e árabes, da prepotência daqueles que defendem o sionismo, isto é, um país onde não estão as fronteiras definidas, porque elas serão aquelas ditadas pelo seu deus, e essas não se sabem onde acabam; mas também conhecemos os ditames de muitos, que julgam ser o seu deus condutor da guerra santa contra os infiéis. São estes os pressupostos que movem os homens e as mulheres que, generosamente, morrem por causas escusadas, e que não são as dos senhores das guerras, movidos por interesses económicos e, sobretudo, sede de poder, como se este conduzisse à vida, e não fosse em si a génese da morte; o poder exercido sem o conhecimento lúcido e participação activa das populações, em direcção ao bem comum, traduz-se na mais violenta morte para todos, nas antípodas da vida. Matar é o contrário de ser, e isso é uma violência contra qualquer um. Por isso não existe nenhuma razão para exércitos, bombas e matanças, sejam descriminadas ou não; e não aceito que se diga serem alvos militares estarem a ser bombardeados, e não civil, não é verdadeiro, e mesmo que o fosse, só por si, é a vergonha dos seres humanos. Não existem guerras justas, são todas injustas.
A guerra em causa, tão do agrado do sr. Busch e das suas paranóias de querer ser o senhor do mundo e da guerra, a par dos falcões dos detentores dos armazéns de material de guerra, enchidos depois da guerra do Iraque, justificam este recrudescimento da guerra, tudo estava preparado, dum lado e do outro, excepto das mulheres e dos homens que lá vivem, para o seu despejo sobre todo o lado, e se preciso for então estão na calha a Síria e o Irão; tudo ansioso por mostrar que ganham o prestígio de dominadores. A história mostra com evidência que não pode existir paz entre os povos, se ela não for firme entre as religiões, significando que por detrás das guerras existem sempre as religiões, quaisquer que sejam, por isso, como defende Hans Kung, no seu livro “Projecto para Uma Ética Mundial”, é necessário definir um paradigma ecuménico de diálogo, pois se o fizerem retirarão às guerras a substantividade de que carecem.
Por isso mesmo as maiatas e os maiatos, devem encarar esta carnificina a que se assiste no Líbano, e se seguirá em outros pontos do Médio Oriente, como uma causa sua, pugnando para que como refere o autor já referenciado: “é impossível haver paz entre as nações sem haver paz entre as religiões, é impossível haver paz entre as religiões sem haver diálogo entre elas e é impossível haver diálogo entre as religiões sem um estudo aprofundado dos respectivos princípios teológicos fundamentais” (pág. 187, da obra citada). Esta afirmação pode parecer ousada, é como “atirar” sobre as religiões o anátama das guerras, mas o passado histórico ensina ser assim de facto. Israel, povo com histórico guerreiro, actua, dizimando, destruindo e matando, em nome do seu deus, enquanto o outro lado, o povo palestiniano sacrificado e maltratado, os chefes dos países árabes, também justificam a guerra santa, em nome do seu deus, o mesmo dos israelitas e dos cristãos. No entanto, não pode um deus, estar de qualquer lado da guerra, porque sempre foi a paz. Quaisquer actos como os que estão a ser cometidos no Líbano e Israel, e amanhã no Irão e na Síria, não servirão os interesses de quaisquer povos, antes os destroem e aniquilam. Lutar e matar em nome de um deus destes, não é caminhar no sentido da paz, mas no da destruição.
E dado que os nossos partidos políticos e igrejas parecem não acreditar na força do povo, para se levantar e dizer ser possível a paz, no respeito pela justiça e dignidade dos povos, então que nós, cidadãs e cidadãos, também daqui da Maia, saibamos enfrentar os senhores do poder, do dinheiro e da guerra e denunciarmos activamente a situação, no sentido da exigência de acabar com a guerra. Se não o fizermos, seremos cúmplices.
Joaquim Armindo
Membro da Comissão Política do PS da Maia
http://www.bemcomum.blogspot.com
Assina esta coluna quinzenalmente.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial