Arte dos anos 80 numa mega-exposição
| | Franz West "Wegener Räume", 1988 |
Isabel Peixoto
A arte dos anos 80 vai ser recordada pelo Museu de Serralves, a partir de 10 de Novembro, através de uma mega-exposição com obras de 70 artistas. Chegam assim ao Porto os nomes mais marcantes de uma década sem correntes artísticas significativas mas que foi ninho de importantes eventos geradores de mudanças radicais, sobretudo no quadro político, a nível mundial. Com predominância da escultura, a mostra vai ocupar uma área de quatro mil metros quadrados, sendo a única que o museu terá patente até Março de 2007.
Desde a sua inauguração, com "Circa 1968", em 1999, que o Museu de Serralves não apresentava ao público uma só exposição. A partir de 10 de Novembro, 200 peças dão corpo à mostra "Os anos 80", reunindo pela primeira vez no nosso país um conjunto significativo de obras fundamentais de uma década que marcou a abertura da arte portuguesa além-fronteiras.
Julião Sarmento, Pedro Cabrita Reis - os mais internacionais dos nossos artistas da época -, José Pedro Croft, Rui Sanches e Ana Jotta são os representantes nacionais na mostra, que estará organizada por zonas geográficas. Outros nomes se juntam, como Jean-Michel Basquiat, Thomas Schütte, David Hammons, Reinhard Mucha, Martin Klingelhöller, Franz West, Jean-Marc Bustamante, Cindy Sherman, Tunga, Juan Muñoz, Cristina Iglesias, Matt Mullican e Jimmie Durham, entre muitos outros, mestres da escultura, pintura, fotografia e outras vertentes artísticas. Alguns estarão presentes na inauguração.
"Os anos 80 são um período importante em termos culturais, políticos e sociais", refere ao JN o comissário da exposição, Ulrich Loock, sublinhando que essa década significou, também, "o primeiro momento para os artistas portugueses actuarem como artistas normais". "E, subitamente, começam a viajar . Antes, viajar significava exílio", acrescenta.
De uma maneira geral, a década de 80 foi marcada "por figuras solitárias, que não apareciam juntas para identificar um grupo ou um estilo", diz Ulrich. Na verdade, essa onda de individualismo foi apenas quebrada por dois movimentos na pintura, o transvanguardismo, que recuou ao período anterior ao modernismo; e a "appropriation art" (arte de apropriação), mais visível na fotografia.
Segundo o mesmo responsável, "a diversidade é o que une estes artistas", muitos dos quais não procuraram novas certezas. Por isso, refere que a exposição será "dominada por artistas que decidiram fazer da incerteza o seu próprio 'habitat' artístico, encontrando símbolos e fórmulas de exprimir a incerteza".
A mais de um mês da inauguração, Serralves é já o centro das atenções das principais revistas internacionais especializadas em arte. O que, de certa forma, gera algumas expectativas até para os organizadores da mostra.
E porque já passaram mais de 20 anos sobre a época agora relembrada, Ulrich Loock tem uma única ambição "Espero refrescar a memória e até criar memória com esta exposição. Que as pessoas vejam coisas que estão muito próximas do seu tempo, mas de que não têm conhecimento". | | | | |
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