domingo, novembro 26

CRÓNICA PUBLICADA NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Crónica publicada no Jornal O Primeiro de Janeiro, da autoria de Joaquim Armindo, em 19/11/2006

ÁGUA VIVA

O SR. DIOGUINHO


Quem vai ao jardim do morro, em Vila Nova de Gaia, aparece-lhe um busto, o único existente nele: é o de Diogo Cassels, “benemérito da instrução”. Muitos passam e podem pensar que é mais um, mas não é. Este senhor riquíssimo, e que morreu pobre, era um cristão “protestante”, que fazia da sua vida, a dos mais pobres e com o pensamento ecuménico, que possuía, adere à Igreja Lusitana, Católica, Apostólica, Evangélica, filiada na Comunhão Anglicana. É que o sr. Dioguinho, como era conhecido, foi um homem ímpar em Gaia e em Portugal. Na sua mão um único catecismo, a Bíblia, que procurou servir até ao fim da vida, e um propósito firme, que todos a lessem, por isso fundava as escolas, antes dos templos, como é o caso do Torne, onde eu, (e o meu pai!), aprendemos as primeiras letras.

Em 7 de Novembro fez 83 anos da sua partida para o Senhor da Vida, as crianças daquela escola lá estiveram, para dizer: “Olá Sr. Diogo, Olá! /Nós viemos dizer: Bom Dia! /Olá Sr. Diogo, Olá! / Nós queremos agradecer.” Nestas pequenas frases resume-se o sentimento de todos os que tiveram o privilégio de conhecer o pensamento e a acção de Diogo Cassels, hoje tratado em teses de doutoramento, e da sua capacidade de entender o futuro. Quando a Igreja Católica a mando de uma intolerância balofa, privilegiada pelo estado novo, proibia o conhecimento, o sr. Dioguinho, dava-se como um todo ao diálogo, fundado na Bíblia, Palavra de Deus, querendo-a conhecida, de qualquer proveniência, sem proselitismos, e afirmava que o importante é que cada um vivesse a fé.

Viver, não recordar, Diogo Cassels, é querer seguir o exemplo de um santo, não canonizado, nem isso importa, muito menos a ele. Viver com ele, é seguir Jesus, porque foi o exemplo completo do que é ser cristão; apedrejado, preso e maltratado, às mãos de poderes políticos e religiosos, mas que a todos tinha no coração, porque o perdão nem sequer era palavra usada, dado que respirava a vida, vivida em constante descobrimento do Reino dos Céus.

Diogo Cassels, olá meu amigo, na comunhão dos santos. Obrigado!

Joaquim Armindo

Mestrando em Saúde Ambiental e Licenciado em Ciências Religiosas

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.bogspot.com

Escreve no JANEIRO quinzenalmente

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial