sábado, janeiro 27

Exposição nas instalações da Reitoria da Universidade do Porto






«Depósito, anotações sobre densidade e conhecimento» é o nome da exposição que a Universidade do Porto inaugurou hoje, nas instalações da Reitoria, na Praça Gomes Teixeira. Afinal o que podem ter em comum uma múmia egípcia, animais embalsamados, bolas de desporto, vasos gregos, um modelo da ponte da Arrábida (executado por Edgar Cardoso), gessos de Marques da Silva ou algumas estatuetas de Abel Salazar? À primeira vista nada, mas a verdade é que do aparente caos emerge uma ordem natural de organização do conhecimento, ou seja, recusa-se a imagem tradicional da peça única, presente em grande parte das estruturas museológicas, e privilegia-se a complementaridade e quase fusão desses elementos.

Daí que esta mostra da U.Porto parta da densidade para desembocar no conhecimento. De acordo com o comissário da exposição, “quando pomos os pés numa exposição de um museu, imaginamos que por baixo da ordem estabelecida do que se mostra se esconde a desordem organizada do que se conserva e guarda”, daí que, ao pensar-se num depósito “vem-nos à cabeça uma grande quantidade de peças arrumadas de uma forma compacta, densa, num local escuro”.

A exposição abre na entrada da Reitoria com algumas peças de considerável volume, onde uma aparente anarquia cria a “selva do conhecimento”. Para o comissário da exposição, este desconcertante conjunto (um cristal de quartzo, o esqueleto de um gorila, uma tela de Ângelo Sousa ou uma prova de esforço) “cria um campo de possibilidades a partir do qual se podem começar a estabelecer as subtis relações e nexos que configuram o conhecimento”, permitindo que o que parece aleatório, se olhado com mais atenção, revele um tecido de sentidos.

O principal núcleo expositivo está patente no átrio de Química, onde uma estrutura com sete metros e meio de altura e doze metros e meio de largura (concebida pela arquitecta Inês Moreira) é o palco privilegiado da aplicação de uma lei nessa selva. Várias centenas de peças estão dispostas numa ordem de complexidade, desde os minerais e as rochas, terminando nas mais recentes teses de doutoramento produzidas na universidade, afinal o local por excelência da organização do conhecimento. Para que cada visitante possa melhor apreender a exposição, vários binóculos suspensos do tecto permitem ao visitante entrar na intimidade de cada um dos objectos e criar as suas próprias associações. A partir de hoje e até 30 de Junho.

Uma das mais curiosas instalações desta exposição será o chamado Museu da Rua. Trata-se de uma estrutura que será montada no exterior do edifício da Reitoria e onde o cidadão comum poderá deixar algum objecto que ache digno de ser apreciado.

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