domingo, março 18

CRÓNICA PUBLICADA NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Crónica publicada no Jornal O Primeiro de Janeiro, em 11/3/2007


ÁGUA VIVA


UM BISPO PARA O PORTO


Jacques Gaillot, um bispo francês, escreveu um livro famoso de nome “Una Iglesia que no sirve, no sirve para nada”, e que constitui, só no próprio nome um desafio a toda a Igreja, mas de forma particular aos servos dos servos, os bispos. Por isso agora que um novo Bispo é designado para a Diocese do Porto, haveremos de lhe dizer, na altura da sua entrada, a mesma frase, que uma Igreja que não é Serva, não serve para nada. O que não significa que a Igreja do Porto, na sua multifacetada forma, não tenha servido, isso seria contradizer a história. Mas muito longe de comentarmos as várias escolas do episcopado do Porto, e às vezes os seus confrontos, queríamos dizer a D. Manuel Clemente que venha, com a certeza que os mais oprimidos e pobres esperam pela sua actuação, e que é necessário um novo ar fresco, a brisa da Igreja Serviço, e que as cristãs e os cristãos, de todas as denominações, esperam uma actuação saudável, capaz desta atitude profética da denúncia, da construção de uma outra humanidade, também aqui na Diocese do Porto.

Que D. Manuel Clemente continue com o seu ecumenismo perante todos, numa atitude de reconciliação, mas, também, que possa ser um bispo político, isto é, que intervenha nas questões do quotidiano, em defesa principalmente daqueles sem voz, nem vez, e que não deixe de levantar a sua voz, para a defesa da dignidade e liberdade humanas. E isso significa que “exponham os princípios com que se hão-de resolver os problemas gravíssimos da posse, do aumento e da justa distribuição dos bens materiais, da paz e da guerra, e da convivência fraterna de todos os povos”, como anúncio do Evangelho, e de acordo com o Decreto sobre os Bispos, do Concílio do Vaticano II. Não esperamos um bispo fechado num palácio, mas que se faça de todos, em favor de todos, e assim ajudará a todos nós, padres ou leigos, a serem entusiasmados pela missão, de levar Jesus às gentes desta humanidade. Com respeito de todas as convicções, mas não claudicando perante interesses e poderes, que tal como o império romano ou religioso do tempo do Senhor, pretendem sufocar e matar a mensagem. Que esta Páscoa veja entrar na Diocese do Porto, um bispo, que em comunhão com todos, faça desabrochar uma Igreja de serviço, para servir para alguma coisa.

Joaquim Armindo

Mestrando em Saúde Ambiental e Licenciado em Ciências Religiosas

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.com

Escreve no JANEIRO quinzenalmente.

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