segunda-feira, agosto 23

AINDA A ALIENAÇÃO DOS NOSSOS BENS: NA MAIA, TAMBÉM?

A Câmara Municipal da Maia fez chegar à Assembleia Municipal uma lista de quatro imóveis, com o intuito de os alienar, isto é, vender. Posteriormente e pela voz do seu vice-presidente, sem que a Câmara fosse ouvida, retiraria um, a Casa de Corim, por, segundo o mesmo, ter-se encontrado uma outra saída (!).

A primeira questão a colocar, por quem não percebe a decisão da alienação, é saber porque motivo o presidente da Câmara decidiu colocar esta questão em reunião de Câmara não pública, o que, convenhamos é uma situação um tanto estranha dado que é adquirido que questões desta importância devem ser tratadas em reuniões públicas, para que os cidadãos possam ter oportunidade de verificar os argumentos e até as votações. Já que, relativamente a estas, muitas dúvidas nos surgem, até pela leitura dos jornais; na realidade existiram votos favoráveis, abstenções e contra, sendo unicamente clara a posição de um vereador, Miguel Ângelo Rodrigues, e menos de outros que após a reunião vêm para a comunicação social, parecendo os arautos da defesa dos imóveis, quando na verdade o não foram, no executivo.

A Câmara Municipal da Maia, de acordo com o Presidente, não tem problemas económicos, é uma das mais fortes de Portugal e quiçá da Europa, tem uma plêiade de obras a decorrer (ainda não sei onde !), e a sua situação é confortável, mau grado ser uma das que mais demora a pagar dívidas aos empreiteiros.

Até parece que a actual gestão camarária aprendeu com a anterior Ministra das Finanças, não tendo fundos, vende o património, como se isso acrescentasse alguma riqueza sustentável ao Concelho. Talvez que se o presidente da Câmara esperar mais algum tempo o novo Primeiro-Ministro retirará algum/a coelho/a de sua Santaneta cartola, e além de invadir por tudo quanto é edifício público de áreas de lazer, como bares, boites e outros do mesmo estilo, também saberá construir os túneis necessários para "desenrascar" a péssima politica económica e financeira, do seu antecessor.

Há contudo no meio de tudo isto, algo que a Câmara não está a respeitar, é a memória de gratidão ao Dr. Vieira de Carvalho. E deveria, até porque esta Câmara é a mesma que foi eleita com aquele, infelizmente, desaparecido autarca, e não tem legitimidade politica, ética e moral, para alienar os bens, que são os nossos, que Vieira de Carvalho adquiriu. Até porque, segundo melhor opinião, não é encontrada uma linha no programa eleitoral da coligação liberal e populista que governa o nosso Concelho, que preveja a alienação sucessiva dos seus bens. Não tem, pois, legitimidade democrática o executivo Camarário nem qualquer legitimidade popular para tal. Se o quer fazer devolva ao povo Maiato, o que é dele; e à falta de coragem para se submeter a sufrágio com um programa diverso do que era do Dr. Vieira de Carvalho, pelo menos referende os actos que vem fazendo, como este, em consulta popular.

Quando estávamos a analisar a questão da alienação do Matadouro, do Pólo de Serviços Públicos e do Tribunal de Comarca, estava sentado à minha frente o vice-presidente da Câmara, em representação do Presidente (que para assunto tão importante, talvez não tenha tido disponibilidade política para ser presente), e da cadeira de Deputado Municipal pensei o que seria se em vez dele, estivesse lá sentado aquele que designam como o segundo Lidador da Maia; porventura esses bens estariam para ser alienados ?

Estou completamente à vontade para falar nisto. Não concordava com a politica do anterior Presidente da Câmara, por isso era oposição, (não se esqueçam do voto de censura que apresentei na Assembleia Municipal, pela sua acção), mas creio bem que uma vez aqueles bens adquiridos não devem ser vendidos; não sou puritano nestas questões, estaria por exemplo de acordo com uma outra solução para a gestão do Aeródromo de Vilar de Luz, esse sim a Câmara não tem que fazer a sua gestão, porventura uma empresa, em que a Câmara teria uma parte do capital, mas estes não, senhor Presidente !

Só por descontrolo político da maioria, quiçá sua má gestão, os gastos sumptuosos para alguns, o medo e o receio (fundado é certo!) de perder o poder neste Concelho, pode ditar esta atitude ignóbil, de quem deita mão a tudo para continuar agarrado ao poder. É preciso fazer dinheiro, porque não existe plano politico, nem soluções, tal vai a condução da Câmara da Maia, pois é urgente continuar a campanha eleitoral.

As Maiatas e os Maiatos, contudo, não se deixarão levar por estas condutas reprováveis, e saberão dar a devida resposta nas urnas, se o PS Maia quiser e souber ser alternativa.

Joaquim Armindo
Deputado Municipal do PS

ARTIGO OPINIÃO, PUBLICADO NO JORNAL "PRIMEIRA MÃO", em 23/7/2003

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