sábado, agosto 12

Centros de formação profissional avaliados por padrões de qualidade
MANUEL CORREIA
Centro da metalurgia é o maior e um dos melhores do país


Alexandra Figueira

Omodelo de funcionamento dos centros protocolares de formação profissional deverá ser alterado de modo a recompensar os de reconhecida competência e a criar parâmetros de gestão que possam ser seguidos pelos restantes. Em causa estão 27 centros de formação profissional, de gestão conjunta entre o Governo e as respectivas associações sectoriais ou sindicais que, no ano passado, geriram um orçamento de cerca de 85 milhões de euros para dar aulas a 61 mil formandos.

Partindo de uma proposta de remodelação dos centros de formação industrial apresentada pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), está a ser pedido a quatro centros de formação protocolada que cheguem a um acordo sobre um "manual de boas práticas", a replicar pelos demais centros, afirmou ao JN o presidente da CIP, Francisco van Zeller.

O trabalho será feito à luz de "três ou quatro ideias" dadas pelo Governo, garantiu uma fonte bastante próxima ao processo. Entre as orientações, assegura a fonte, está uma maior autonomia de gestão a dar aos centros de reconhecida qualidade, nomeadamente na capacidade de assinar contratos programa por vários anos, quer permitam planear as actividades lectivas e os investimentos e envolvendo mais as grandes empresas de cada sector. Além disso, e para os restantes centros cujos níveis de qualidade necessitam melhorar, os "que não corresponderem serão alvo de sanções", adiantou a mesma fonte.

A autonomia de gestão é, para van Zeller, o maior dividendo que os centros podem recolher. "Os benefícios podem não ser só dinheiro - se bem que haverá com certeza mais dinheiro - mas são mais independência nos investimentos, programados a quatro ou cinco anos", disse. Neste momento, a gestão é repartida entre a associação parceira de cada centro e o Instituto do Emprego e da Formação Profissional.

Quatro centros foram escolhidos, à partida, como modelo de gestão, de acordo com uma outra fonte directamente envolvida no processo. São eles os dois da construção civil e obras públicas (CICCOPN e o CENFIC), o centro do sector metalúrgico (CENFIM, de longe o maior do país) e o da indústria electrónica, o CINEL.

Estes quatro centros têm níveis de qualidade genericamente reconhecidos pelas entidades empregadoras, tanto que a taxa de empregabilidade dos seus formandos é total. É este exemplo de qualidade que van Zeller quer ver replicado em toda a formação profissional ministrada em Portugal.

Contactado, o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, Fernando Medina, não quis prestar declarações sobre a matéria.


Espaços repetem-se

Os centros de formação profissional de gestão repartida entre o Instituto do Emprego e da Formação Profissional e as associações do respectivo sector foram criados em 1985. Ao longo dos anos, tem sido recorrente a discussão sobre a necessidade de mudar a forma como trabalham mas, duas décadas depois, nada mudou para os 29 centros existentes. Não só a gestão continua paritária (com duas entidades a ter a mesma capacidade de decisão), como há vários espaços dedicados à mesma área de actividade. No têxtil e vestuário, por exemplo, o CIVEC dá formação sobre vestuário e confecção, o CITEX dedica-se ao têxtil e o CILAN versa apenas lanifícios. Também o comércio conta com dois centros diferentes. O mesmo acontece com a construção civil e obras públicas, cujos dois centros de formação profissional estão entre os melhores do país e servirão de exemplo aos restantes.

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