
TU!
O homem e a mulher são seres políticos, criados à imagem e semelhança do Criador. Não há homem, nem mulher, que não creiam num outro mundo, numa nova ordem mundial sob todos os aspectos. Se creem, são seres situados e pessoas únicas e irrepetíveis.
A posição do meu camarada Manuel Alegre, que apoio como candidato à presidência da república, ao não suspender o seu mandato enquanto deputado, não abona nada a seu favor.
Amanhã no Jornal O Primeiro de Janeiro, será publicado um artigo da minha autoria:
Caros Amigos,
Quando este Governo tomou posse ainda tive a pequena esperança de que o realizador Rui Dias José seria reintegrado na RDP e que voltaria à antena o saudoso "Feira Franca", tanto mais que o seu sucedâneo – o "Passeio Público" – não lhe chega nem aos calcanhares. Mas quando soube que o actual Governo não hesitou em reconduzir a administração nomeada por Morais Sarmento, dissiparam-se as poucas ilusões que ainda tinha. Como o mandato da actual administração termina em 2007 não é crível que o programa "Feira Franca" venha a ressurgir, pelo menos num futuro próximo. Poderá já não ser razoável continuar a lutar pelo "Feira Franca", mas seria importante que os membros do grupo (eu incluído) continuássemos a lutar por uma rádio pública melhor. Ultimamente tem havido alguns bons reajustamentos na programação, mas a situação da música portuguesa de qualidade na 'playlist' continua tão vergonhosa que não é possível ficarmos indiferentes. Nesse sentido, eu proponho uma reformulação do grupo passando a chamar-se, por exemplo, Liga dos Ouvintes da RDP-Antena 1. Esta é uma sugestão que deixo à vossa consideração, porque é uma pena que o grupo esteja inactivo e não seja aproveitado o potencial dos seus membros no sentido de se lutar, prelo menos, por uma presença digna da música tradicional portuguesa na rádio que todos pagamos. Agora que está prestes a tomar posse o provedor do ouvinte da rádio pública, pode ser que ele seja mais receptivo à intervenção dos ouvintes do que a direcção e a administração da RDP.
Cumprimentos,
Álvaro José Ferreira
«Cavaco é como um eucalipto,
provoca aridez à sua volta»
Em entrevista à Visão, Miguel Cadilhe diz não ter a certeza de que Cavaco ganhe as presidenciais, classifica a saída de Durão como «inqualificável», afirma que votaria contra o Orçamento por este «agravar a difícil conjuntura que vivemos» e considera que o PR não devia ter ficado calado quando Sócrates aumentou impostos
Na sua primeira grande entrevista em anos, Miguel Cadilhe diz não ter a certeza de que Cavaco ganhe as presidenciais, até porque a aritmética mostra que será a esquerda a vencer, e não é brando quando fala do ex-primeiro-ministro e actual candidato presidencial: «É como um eucalipto, provoca aridez à sua volta». O ex-ministro das Finanças de Cavaco classifica como «inqualificável» a saída de Durão para presidente da Comissão Europeia, afirma que a liderança do PSD «há anos que não encontra o seu caminho» e confessa ter «muita dificuldade em concordar com a Ota». Defende também uma descida dos impostos.
Quanto ao Orçamento de Estado para 2006, que, apesar de tudo classifica como «respeitável» por mostrar um «esforço grande do Governo», Cadilhe diz que votaria contra por «razões de orientação da política orçamental, tendo em conta o facto de Portugal estar em recessão grave». Diz o ex-ministro social-democrata que este orçamento «agrava a difícil conjuntura que vivemos».
O ex-ministro das Finanças concorda com a redução da despesa pública, conforme está patente, no Orçamento de Estado para 2006, mas defende que se deve diminuir ao mesmo tempo as receitas fiscais, «senão estamos a agravar a quebra da procura».
Quanto ao aumento de impostos a resposta é clara: «Nunca. Nunca». E quanto a isto considera que o Presidente da República deveria ter dito: «Meus amigos, atenção, promessas solenes e importantes em campanha eleitoral são para cumprir. A promessa de não subir impostos tem de ser cumprida». O Presidente, diz Cadilhe, «pode, e deve, dar uma palavra forte. E não é em privado, mas em público».
Tendo como pretexto o lançamento, segunda-feira, no Porto, do seu livro «O Sobrepeso do Estado em Portugal», Cadilhe justifica nesta entrevista à Visão a publicação do livro nesta altura: «Portugal está numa complicada passagem da sua história e precisa de mudanças fundamentais, de âmbito político». E Cadilhe diz ter «algumas ideias para apresentar».
De saída da Agência Portuguesa para o Investimento, diz que o problema de eficiência e competitividade que o país atravessa se prende com o facto de o euro ser «uma moeda forte de mais para a nossa estrutura produtiva» e do peso do Estado, com uma burocracia «extensa e excessiva».
«O país precisa de um abanão. Politicamente é muito difícil, por isso os políticos preferem ir aos poucos» e «quando se opta pela lentidão acaba-se por não ter velocidade suficiente, nem ritmo, nem profundidade, nem espessura», diz Cadilhe.
O economista reafirma a convicção de que Portugal «só lá vai com uma redução de todo o funcionamento corrente do Estado/Administração Pública». Cadilhe retoma a proposta de criação de um Fundo Extraordinário de Investimento, que iria buscar recursos a uma emissão de dívida pública longa a fundos estruturais e à venda de activos do Estado (ouro do Banco de Portugal). O objectivo seria financiar um regime especial de rescisão amigável que leve à saída dos funcionários públicos dispensáveis.
O ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva responsabiliza o antigo primeiro-ministro por o processo, que iniciou em 1989, não ter avançado.
«Tivemos um dos lados, o despesista (o novo sistema remuneratório da função pública), que avançou, enquanto o contrabalanço da produtividade, mediante auditorias e redimensionamentos e reafectações, para reduzir despesa pública, não se realizou», diz Cadilhe.
Recentemente saído da presidência da Agência Portuguesa para o Investimento (API), Cadilhe condena ainda os «erros irreversíveis nas privatizações nos últimos dez anos, e que levaram os centros de decisão para fora do país».
Recebi hoje um convite da Comissão Política da Maia do PS e da Comissão Executiva Distrital do MASP 3, que convida todos os militantes do Partido para uma Reunião de Trabalho, de apoio a Mário Soares. Dois comentários:
Artigo, da minha autoria, no Jornal O Primeiro de Janeiro, do dia 15/11/2005
MOSCADEIRO
A(s) FRANÇA(s)
Nos últimos dias temos sido relembrados, por sinais vindos da França, de que toda a nossa sociedade está eivada de forças poderosas que retêm o que o mundo produz, para nada dar àqueles que são os destruídos e recusados pela minoria que detém os poderes. Aliás, o “dar” nem sequer será correcto, mas sim o distribuir os bens por todos, à medida da necessidade de cada um. E todos nós somos responsáveis, por vivermos a imponderação das nossas consciências.
A França é o país campeão da Igualdade, Fraternidade e Liberdade, onde os ventos de Maio de 1968, varreram por completo a Europa, dando-lhe um carácter de sublevação e que se traduziu num poderoso movimento que chegou a Portugal pela crise académica de 1969, e foi, sem dúvida, um prenúncio, de que a ditadura em Portugal tinha os dias contados. Tudo o que se passa em França, deve ser sujeito a um criterioso estudo e reflexão, porque são presságios do que por cá poderá acontecer. Aliás, não é por acaso que o movimento, sem chefes, já tem ramificações na Holanda, Bélgica, Grécia e Alemanha. Então a nossa predisposição não deverá ser, só, de conferir uma segurança que esteja disposta ao combate à violência, mas a da compreensão dos fenómenos que ditam este desencanto na vida, por tantos jovens, que já nada têm a perder e encontram na afronta a única alternativa de dizerem ao mundo que existem, enquanto mulheres e homens, que querem um sentido, negado e repudiado por todos aqueles que fazem do seu ser, a incapacidade de serem fraternos, no banquete pela dignificação da pessoa humana, pela con-criação a que somos chamados, desde tempos infindos, e, para nós, numa inculturação baseada nos princípios adâmicos.
Não temos qualquer dúvida que, quando jovens de 14 anos, incendeiam automóveis, autocarros, escolas e outros edifícios estamos perante uma rebeldia sem limites, a que é necessário pôr cobro, e é difícil consentir que as forças de segurança o não tenham feito, diria é mesmo impensável; mas o fundamental é saber as causas destes desesperados actos, e onde uma sociedade baseada fundamentalmente em combates sem tréguas a défices, não desperta para a realidade que é culturalmente amarfanhada, movimentando-se numa espécie de integração em valores que não reconhecem como seus, em vez de serem usufrutos duma vivência traduzida em inculturações, que longe de sufocarem hábitos e crenças, as solidifica e tradu-las para o bem das pessoas. A revolta tem como primeira leitura os bairros degradados e as condições de vida abjectas, mas ela é, sobretudo, de natureza cultural e vivencial. Sem dúvida, que jovens a quem é negada a educação, a formação, o emprego, a intelectualidade, o serem de uma família, porventura, não cosmopolita com o país que escolheram para viver, nada tendo a perder, como já referi, são um barril de pólvora, mas contra as injustiças criadas por quem detém os poderes económicos, culturais e sociais. E é aqui que residem as causas de tal violência. Estes jovens são descendentes de quem deu o seu trabalho pelo engrandecimento, neste caso da França, por quem dobrou o seu esforço por trabalhos que os naturais não queriam fazer, e agora encontram-se em becos sem saída, daí que não seja de admirar que ataquem os símbolos de um poder, que para si é demoníaco.
Não será de admirar que esta onda de violência se torne incontrolável e chegue a outros países; em Portugal, à sua escala, certamente estes diferendos terão o seu tempo, e está na hora do dia que aconteçam. Não sei se as forças portuguesas de segurança vão ser mais eficazes, mas isso contorna o problema, não o resolve, porque ele é de princípios universais de dignidade humana e não de repressão. Onde se abate uma violência, não se pressupõe que outra não acorde noutros locais, e a questão não está nas expulsões destas pessoas, porque nós somos uma aldeia globalizada e a expulsão só colocará num outro espaço, onde nascerão novas violências, estes jovens. Os imigrantes ou emigrantes, são seres situados e como tal vivências comunitárias que ou respeitamos e tratamos como iguais, ou estamos a semear outras irascibilidades violentas.
È assim à escala de cada cidade, de cada concelho, de cada bairro, que devem ser vistas as dificuldades e o debate da prática a seguir, com eles, e não sem eles, como se fossemos os protagonistas únicos da história. E não somos! Com todas as contradições ainda a Europa há-de ser o continente da esperança, numa confusão de raças e crenças, de sermos todos iguais, nas diferenças particulares enriquecedoras da humanidade. Em cada bairro deste concelho da Maia, terá, também, de estar presente esta novidade da convivência, na justiça, de muitos que querem viver felizes. O seu governo não pode, seria um erro político imperdoável, consentir que se pense que a França fica muito longe, não, porque esta França, não é singular, ela são as francas-bomba prestes a rebentar, por simpatia, em cada parte desta terra, e também na Maia.
Sempre, que aqui, se comete uma injustiça, semeia-se a violência: seja esta a mensagem em que cada maiato deverá reflectir.
Joaquim Armindo
Membro da Comissão Política do PS/Maia
http://www.bemcomum.blogspot.pt
Escreve esta coluna quinzenalmente.
Por motivos imprevistos não foi publicado o artigo, da minha autoria, no Jornal Primeira Mão, na última sexta-feira; o mesmo será publicado na próxima 6.ª feira.
Amanhã, sexta-feira, será publicado um artigo da minha autoria, no jornal Primeira Mão:
Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA
Este discurso merece ser lido, afinal não é todos os dias que um Brasileiro dá um "baile" educadíssimo aos Americanos...
Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).
Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro.
Esta foi a resposta do Sr. Cristovam Buarque:
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro...O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser Internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa! "
ESTE DISCURSO NÃO FOI PUBLICADO. AJUDE-NOS A DIVULGÁ-LO
Porque é muito importante... mais ainda, porque foi Censurado
Segui hoje a entrevista do Prof. Cavaco Silva, só um comentário: NADA DISSE.
Amanhã no jornal O Primeiro de Janeiro, será publicado um artigo da minha autoria:
Artigo publicado no jornal O Primeiro de Janeiro, de 6 do corrente, da minha autoria:
ÁGUA VIVA
ATÉ JÁ, PADRE JOAQUIM
Conheci o Padre Joaquim, Pároco da Foz do Douro, na Universidade Católica. Foi meu professor de Fé e Teologia, e desde aí, a sua fé contagiante e esclarecida, cativou-me ao ponto de começar a colaborar na Paróquia de S. João da Foz. Com o seu ar humilde, era de facto um servo ao serviço do seu Senhor.
Quando ali cheguei, vinha da Igreja Anglicana, fui recebido de portas abertas e total amizade, como se fosse um velho conhecido. O Padre Joaquim era assim, quem o procurava ouvia sempre uma voz amiga, fosse para quem fosse; nunca recriminando ninguém, porque segundo dizia, tinha muita alegria em ser padre, desta igreja, ora santa, ora pecadora, mas sal do mundo.
Nas suas célebres homilias era directo, conciso e acertava bem nas suas amigas e amigos, dizia que a vida era para ser vivida em alegria, e pelo S. João apelava sempre a que comessem sardinhas e bebessem melhor, dançando e cantando, e já agora “uma directa” para a missa do padroeiro, e mais, que quem fosse a Fátima, devia ir num bom carro e rezar por ele, “para que Deus lhe desse juízo”. Era assim o Padre Joaquim, e haviam muitas pessoas que só tinham paciência para participar na “missa do Padre Joaquim”.
Defensor da cultura, nunca colocou qualquer questão em que além dos cânticos, houvessem outros cantares, ranchos folclóricos, bandas de música e outros, participando na missa, louvando a Deus. Estudioso das coisas do mundo e de Deus, parte da sua vida passou-a em África, estava sempre pronto a ajudar os outros, porque sabia que era libertando-os, que também se libertava a si. Homem íntegro e ecuménico, nunca permitia que junto dele, alguém ousasse dizer algo pouco abonatório de qualquer outra Igreja, fosse ela cristã ou não.
Finou-se em 5 de Outubro passado, com 65 anos de idade, quando a sua cabeça, lúcida até morrer, estava cheia de projectos para a Paróquia e outros grupos que animava. Morreu em paz, na Paz de Jesus que tanto amava.
Ao prestar-lhe homenagem, digo “até já, Padre Joaquim”, porque sei que agora tenho mais um amigo junto a Deus.
Joaquim Armindo
Licenciado em Engenharia e Ciências Religiosas
Li e não posso ficar calado.
Sondagem Correio da Manhã/Aximage
Artigo, da minha autoria, publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, de 1 de Novembro de 2005.
MOSCADEIRO
SEJAMOS CLAROS
Aqueles que entendem a política como uma arte nobre de melhor servir a sociedade, para uma transformação num mundo melhor, onde valha a pena viver, prosseguem ideais que façam com que os seus restantes concidadãos adiram a uma cidadania participativa, e não só uma democracia onde se arrecadam votos. Sei bem que tenha afirmado isto como quase um dogma, mas é assim que penso, e também que actuo. A política está descaracterizada - um nojo, no dizer de um presidente de Câmara, eleito pelo PS -, porque faltam mulheres e homens que entendem os referenciais da ética politica, das causas comuns, do combate a solipsos, numa palavra, a luta pelo bem comum. Enquanto os líderes políticos, e mais concretamente muitos autarcas, lutarem pelos seus esquemas pessoais para servir o seu ego e as suas carências muitas vezes económicas, estão de facto a não servir nada, nem ninguém, servindo-se unicamente a si próprios.
O apego ao poder, com as características de negócio, levam a que as mulheres e os homens vivam de costas voltados para a praxis politica. É que de facto uma fatia bastante elevada quer o poder, para se servir a si próprios, esquecendo-se que isso é o contrário do ser político, por isso se assiste a uma debandada cada vez maior, do não acreditar naqueles que eleitos, não exercem a democracia participativa. E vemos, sentimos e lemos, parafraseando o poeta, “políticos” de todos os partidos a serem assim, exemplos de velas apagadas, para que os cidadãos não possam assistir aos seus desmandos. Mas também existem outros, que sabendo desta situação permanecem quedos, quais estátuas, por não quererem, dizem, trair o partido. Ora, os partidos só o são quando defendem, contra ventos e marés, a necessidade da transparência, e são colectivos situados para convencidamente darem luta contra interesses instalados a favor dos muitos esquecidos. Isto chama-se ética pessoal, na charneira da ética colectiva. E se assim não for, então os partidos são grupelhos, a favor e à mercê de favores; podem movimentar muitos eleitores passivos, mas não passam na grelha de “serem todos iguais”, como o nosso povo, na sua sabedoria, proclama.
Nas autarquias esta questão coloca-se com uma acuidade mais nítida, porque todos são conhecidos de todos, e o eleitorado pune, quem menos conhece ou conhecendo, sabe muito bem quem são. Perder numas eleições autárquicas, não é, nem pode ser, uma ignomínia, um fim de vida, se nelas lutarmos por causas e princípios em que acreditamos, mas que o povo conscientemente decidiu não aprovar; é altura então da análise, não à custa do sacrifício dos princípios, mas das estratégias empregues, estas sim capazes de serem modificadas. E se assim não for, há que reflectir porque a nossa visão terá sido pródiga na asneira e na mentira, porque assim sendo, não possuem a dignidade de continuação de projectos muitas vezes engendrados numa cabeça, ou num grupo muito reduzido, que até pode fazer alarde duma identidade e unidade, que não existem. Por isso mesmo não ganham eleições autárquicas, onde a evidência da certeza da verdade, é condicionante do caminhar rumo a uma sociedade mais feliz, e com mais qualidade.
Ganhar, até por muitos, uma eleição autárquica, conduzindo o poder com a cegueira de não querer oposição, quando esta sendo forte, é sem dúvida, o motor que gera progresso e entendimento, é por si só, também a estatestesia dos actos e procedimentos imprudentes, e que reduzem uma parte do eleitorado à apatia e marginalidade, mas em democracia, se for assim, teremos a fecundidade do partido único a esboroar-se em pouco tempo. Entendimento, diálogo e decisão, serão certamente os caminhos que os partidos vencedores, devem seguir para com os vencidos, porque estes possuem a dignidade de representar as ideias duma parte do eleitorado, e isso é sagrado e deve ser respeitado.
Estamos na Maia, onde uns ganharam, outros perderem, e todos lutaram. É verdade que uns com mais convicção que outros, mas tentaram dizer ao eleitorado (veremos se participativo se não), as razões da sua esperança. O ganhar ou perder, deve contudo ser analisado na sede dos partidos que se apresentaram, e tiradas as ilações necessárias ao prosseguimento sadio dos combates que conduzam ao bem-estar das populações; o que não se pode é ficar inerte, como se nada tivesse acontecido. E tudo tem que mudar nas atitudes dos que ganham ou perdem. É evidente que quem perde, deve colocar em causa o seu posicionamento, modificar as suas trajectórias e, certamente, alterar os protagonistas; porque não se pode continuar com politicas do passado, quando esse passado é perdedor por referência. A clareza destas posições deve ser meditadas, primeiro do ponto de vista das conjunturas, e depois da natureza pessoal de quem as encarnou.
É que só assim na Maia, poderemos ditar um estatuto, que confira dignidade aos actos e atitudes, que cada um dos actores, em tempo devido, tomou.
Joaquim Armindo
Membro da Comissão Politica do PS/Maia
É necessário existir a segurança das pessoas e dos bens, os acontecimentos em França, Alemanha e Bélgica, são claros o quanto esta sociedade não está bem. É preciso e urgente fazer alguma coisa de profundo para prevenir o que está a acontecer.