quarta-feira, novembro 30






TU!

A posição do meu camarada Manuel Alegre, que apoio como candidato à presidência da república, ao não suspender o seu mandato enquanto deputado, não abona nada a seu favor.

Creio que desvia suspender, ou então explicar muito bem, porque toma estas atitudes, que em nada dignificam a sua candidatura.

Ao ser candidato deveria pesar todas as consequências, e esta atitude, de facto, não é do Manuel Alegre, que conhecemos, sempre vertical.

Daqui lanço um apelo para que reflita e tome uma atitude adequada à sua postura, durante a vida.

terça-feira, novembro 29

DE GUTENBERG A PIMPINHA

Por Nuno Markl

Johannes Gensfleisch Zur Laden Zum Gutenberg. Nascido em 1398.
Presume-se que tenha falecido a 3 de Fevereiro de 1468. Um operário
metalúrgico e inventor alemão, a quem se deve, na década de 1440, a
invenção da imprensa. O poder da criação de Gutenberg seria
demonstrado em 1455, ano em que o inventor editaria a famosa Bíblia em
dois volumes.

Sim, a Bíblia de Gutenberg tornou-se num marco notável na História das
palavras impressas. Até ao passado fim-de-semana.

No passado fim-de-semana, o semanário português O INDEPENDENTE
publicou, discretamente, no seu suplemento VIDA, uma coluna de opinião
da autoria de Catarina Jardim. Quem é Catarina Jardim? Nada mais, nada
menos do que a popular Pimpinha Jardim. Que fica desde já a ganhar a
Gutenberg neste ponto - Gutenberg não tinha nenhum nome de mimo. Ele
era capaz de gostar de ter um nome de mimo - não deve ser fácil ser
Johannes Gensfleisch ZurLaden Zum Gutenberg - mas creio que ainda não
era muito comum, na Alemanha do século XV, atribuirem-se nomes de
mimo. Muita sorte se alguma das namoradas lhe chamou alguma vez JOGU,
o único diminutivo aceitável de Johannes Gutenberg. E mesmo assim não
é muito aceitável, porque soa demasiado próximo a iogurte, e isso é
uma indústria completamente diferente daquela na qual Gutenberg se
movia.

Voltemos então a Catarina Jardim e à sua coluna no jornal. O título do
artigo é TODOS A BORDO, e trata-se - como o nome indica - de um relato
detalhado sobre um cruzeiro a África que a jovem fez.

Ela diz, no início "O cruzeiro a África foi uma loucura, pode mesmo
dizer-se que foi o cruzeiro das festas - como alguns dos convidados
chamavam ao navio em que Luís Evaristo nos presenteou com MAIS UM
BeOne on Board". Gosto da maneira como ela fala, sem explicações nem
perdas de tempo, de pessoas e iniciativas sobre as quais boa parte dos
leitores não faz a mínima ideia quem sejam ou no que consistem. Nada
contra - isto faz com que qualquer leitor se sinta cúmplice e
rapidamente imerso no universo Pimpinha. Adiante.

Ficamos a saber que ela esteve em Tânger, e que a experiência foi,
possivelmente a mais marcante da vida desta jovem. Passo a ler o que
ela escreve:

"Tânger é bastante feia, muito suja e as pessoas têm um aspecto assustador."


Nunca fui a Tânger, mas já fui a sítios parecidos e subscrevo
inteiramente as palavras de Pimpinha. Malditas pessoas pobres, que só
estragam o nosso planeta com a sua sujidade e o seu ar assustador! É
preciso ser-se mesmo ruim para se escolher ser pobre, quando se pode
ser tão limpo e bonito. Quando se pode ser, em suma, rico.

Eu penso que a Pimpinha acertou em cheio na raiz de todos os problemas
mundiais da pobreza. Andam entidades a partir a cabeça em todo o mundo
a pensar nisto, andou a Princesa Diana a gastar tantas solas de
sapatos caros a visitar hospitais, capaz de apanhar uma doença, quando
nós temos a Pimpinha com a solução. Se calhar basta lavar estas
pessoas, e talvez - acompanhem-me neste raciocínio; Pimpinha vai ficar
orgulhosa de mim - se calhar basta lavar estas pessoas, e em vez de
gastar rios de dinheiro a mandar comida para África, porque não os
Médicos Sem Fronteiras passarem a andar munidos de botox. Botox!
Reparem: não é fazer cirurgias plásticas a toda esta gente feia que
vive nestes países, porque isso seria demais.

Mas, que diabo - botox? Vão-me dizer que não é possível ir de vez em
quando a estes sítios e dar botox a estas pobres almas? Como o mundo
ficaria mais bonito.

Adiante. Pimpinha desabafa, dizendo, sobre as pessoas de Marrocos,
"apesar de já ter viajado muito, nunca tinha visto uma cultura assim -
e sendo eu loura, não me senti nada segura ou confortável na cidade".
Talvez. Mas vamos supor que trocavam Pimpinha por, vamos supor, 10 mil
camelos. Era um bom negócio para o Independente. Dos 10 mil, escolhia,
vamos lá, 2 para passar a escrever a coluna - o que poderia trazer
melhorias significativas de qualidade - e ainda ficava com 9 mil 998.
O que, tendo em conta que Portugal está a ficar um deserto, pode vir a
revelar-se um investimento de futuro.

Pimpinha prossegue: "Já em segurança, animou-me a festa marroquina,
com toda a gente trajada a rigor". Suponho que, para a Pimpinha
Jardim, "uma festa marroquina com toda a gente trajada a rigor", tenha
sido assim tipo uma festa de Halloween, tendo em conta que os
marroquinos são - como a colunista diz umas linhas acima - gente feia
como nunca se viu.

Adiante. Ela diz: "A seguir ao jantar, mais um festão que voltou a
acabar de madrugada". Calma - esclareçam-me só neste aspecto, para eu
não me perder. Portanto, houve uma festa, não é? E a seguir, outra
festa. OK.

Uma pessoa corre o risco de se perder nestes cruzeiros, com toda esta
variedade de coisas que acontecem.

Diz Pimpinha: "Desta vez não deu mesmo para dormir já que fomos
expulsos dos camarotes às 9 da manhã, para só conseguirmos sair do
navio lá para as 14 horas. Tudo porque um marroquino se infiltrara no
barco e passara uma noite em grande, uma quebra inadmissível na
segurança".

Ora bom. Ora bom, ora bom, ora bom, ora bom.

Portanto, aqui a questão é: viagens a Marrocos e festas com pessoas
vestidas de marroquinos, tudo bem. Agora, se pudessem NÃO ESTAR LÁ os
marroquinos, isso é que era jeitoso. Malditos marroquinos, sempre com
a mania de estarem em Marrocos. E como é que acontece esta quebra de
segurança? Eu compreendo o drama de Pimpinha. É que o facto da
segurança deixar entrar um estafermo marroquino vestido de marroquino,
numa festa com gente bonita vestida de marroquina, isso só vem provar
que, se calhar, os amigos da Pimpinha não são assim tão mais bonitos
do que essa gente feia de Marrocos. E isso é coisa para deixar uma
pessoa deprimida.

Temos nós a nossa visão do mundo tão certinha e de repente aparece um
marroquino e uma brecha na segurança... Enfim - nada que uma ida às
compras não resolva, ao chegar a Lisboa, certo, Pimpinha?

Adiante. Diz Pimpinha: "Já cá fora esperava-nos um grupo de policias
com cães, para se certificarem de que ninguém vinha carregado de
mercadorias ilegais - e não sei como é que, depois de tantos avisos da
organização, ainda houve quem fosse apanhado com droga na mala!"

DROGA? NUMA FESTA DO JET SET PORTUGUÊS? NÃO! COMO? NÃO. Recuso-me a
acreditar. Deve ter sido confusão, Pimpinha. Era oregãos. Era
especiarias.

Pimpinha Jardim declara: "Mas o saldo foi bastante positivo. Aliás,
devia haver mais gente a arriscar fazer eventos como estes".

Gosto desta Pimpinha interventiva. Sim senhor, diga tudo o que tem a
dizer. Faça estremecer o mundo. E com assuntos que valham a pena.
Aliás, era capaz de ser uma boa ideia escrever um e-mail ao Bob Geldof
a tentar fazê-lo ver que essa história de organizar concertos para
combater a pobreza em África... Para quê? Geldof devia começar era a
organizar concertos para chamar a atenção do mundo para a falta de
cruzeiros com festas. Isso é que era. Mania das prioridades trocadas.
Que maçada.

Mesmo no final, a colunista remata dizendo: "Devia haver mais gente a
arriscar fazer eventos como estes - já estamos todos fartos dos
lançamentos, "cocktails" e festas em terra".

Aprecio aqui duas coisas: a utilização do "já estamos todos", como se
Pimpinha voltasse a acolher o leitor no seu regaço como que dizendo:
"Sim, tu és dos meus e também estás farto de lançamentos, 'cocktails'
e festas em terra. Excepto se fores marroquino, leitor. Se for esse o
caso, por favor, exclui-te deste 'todos' ou então vai tomar banho
antes, e logo se vê".

Depois, é refrescante saber que Pimpinha está farta de lançamentos,
'cocktails' e festas. Eu julgava que nos últimos dias a tinha visto em
cerca de 250 revistas em lançamentos, 'cocktails' e festas, mas devia
ser outra pessoa. Só pode ser. Confusões minhas.

Em suma: finalmente, há outra vez uma razão para ler O INDEPENDENTE
todas as semanas. Tardou, mas não falhou. Pimpinha Jardim é a melhor
aquisição que um jornal já fez em toda a História da Imprensa mundial.

Nuno Markl

segunda-feira, novembro 28

AMANHÃ NO JORNAL PRIMEIRO DE JANEIRO

Amanhã no Jornal O Primeiro de Janeiro, será publicado um artigo da minha autoria:



FORMAS TOTALITÁRIAS DO PODER


que aborda o que se passou na Assembleia Municipal da Maia, última

domingo, novembro 27

Olá sou professor e sou um dos muitos milhões de trabalhadores mal tratados neste país. Não vou votar, porque estou longe da minha residência por motivos profissionais e a lei eleitoral não permite que os professores votem à distância. Por isso ir-me-ei abster, mas se votasse, votaria Manuel Alegre, porque só ele tem possibilidade de chegar à segunda volta e é o único candidato da esquerda capaz de reunir consenso para derrotar Cavaco Silva.
Manuel Alegre ainda é um político que defende a escola pública, a saúde para todos, a segurança social pública, etc. isto énão está na maré neoliberal da direita e deste PS que estando no governo está a fazer a mesma coisa ou pior do que a direita. Por isso é necessário que pelo menos em Belém possamos ter um homem que diga não a este neoliberalismo crescente e destruidor do Estado e da sociedade.
Se Cavaco Silva ganhar e posteriormente o PSD iremos assistir a um desmantelamento do Estado, tudo passará a ser feito por empresas privadas e depois é a lógica do mercado que quem tiver dinheiro paga e quem não o tiver resta-lhe a miséria, a ignorância, a doença, etc. é isto que tem que ser dito aos portugueses para que não se deixem levar por demagogias e populismos absurdos e sem sentido.
O anexo fala destas e de outras questões do género.
Luís Ferreira - Angra do Heroísmo - Açores, residente em Leiria nas férias.

sábado, novembro 26

Caros Amigos,

Quando este Governo tomou posse ainda tive a pequena esperança de que o realizador Rui Dias José seria reintegrado na RDP e que voltaria à antena o saudoso "Feira Franca", tanto mais que o seu sucedâneo – o "Passeio Público" – não lhe chega nem aos calcanhares. Mas quando soube que o actual Governo não hesitou em reconduzir a administração nomeada por Morais Sarmento, dissiparam-se as poucas ilusões que ainda tinha. Como o mandato da actual administração termina em 2007 não é crível que o programa "Feira Franca" venha a ressurgir, pelo menos num futuro próximo. Poderá já não ser razoável continuar a lutar pelo "Feira Franca", mas seria importante que os membros do grupo (eu incluído) continuássemos a lutar por uma rádio pública melhor. Ultimamente tem havido alguns bons reajustamentos na programação, mas a situação da música portuguesa de qualidade na 'playlist' continua tão vergonhosa que não é possível ficarmos indiferentes. Nesse sentido, eu proponho uma reformulação do grupo passando a chamar-se, por exemplo, Liga dos Ouvintes da RDP-Antena 1. Esta é uma sugestão que deixo à vossa consideração, porque é uma pena que o grupo esteja inactivo e não seja aproveitado o potencial dos seus membros no sentido de se lutar, prelo menos, por uma presença digna da música tradicional portuguesa na rádio que todos pagamos. Agora que está prestes a tomar posse o provedor do ouvinte da rádio pública, pode ser que ele seja mais receptivo à intervenção dos ouvintes do que a direcção e a administração da RDP.

Cumprimentos,

Álvaro José Ferreira

sexta-feira, novembro 25

Sondagens sobre eleições presidenciais

[vários, 25.11.2005]

Os números aqui apresentados são extraídos da comunicação social e correspondem aos dados brutos, para melhor comparação.

Correio da Manhã
Aximage – Evolução entre 28.10 e 11.11

Alegre - 15,7% - 17,5%
Cavaco - 56,2% - 52,7%
Jeronimo - 3,9% - 5,5%
Louçã - 2,3% - 3,4%
Soares - 10,2% - 11,2%
Outros - 1,8% - 0,7%
Ns/Nr - 9,9% - 9,0%


DN / TSF
Marktest – Evolução entre 27.10 e 24.11

Alegre - 13,8% - 14,6%
Cavaco - 48,8% - 44,0%
Jeronimo - 4,3% - 4,9%
Louçã - 5,3% - 4,6%
Soares - 10,2% - 10,6%
Outros - 1,7% -
Ns/Nr - 9,5% - 13,3%
BN - 2,4% - 2,6%
NV - 3,9% - 5,4%


Público/RDP/RTP
U. Católica – Divulgada em 24.11

Alegre - 11,0%
Cavaco - 39,0%
Jeronimo - 3,0%
Louçã - 3,0%
Soares - 10,0%
Outros - 1,0%
Ns/Nr - 19,0%
BN - 2,0%
NV - 12,0%

Expresso/RR/SIC
Eurosondagem - Divulgada em 12.11

Alegre - 14,4%
Cavaco - 44,7%
Jeronimo - 4,8%
Louçã - 5,3%
Soares - 15,3%
Outros - 0,5%
Ns/Nr - 15,0%

TVI
Intercampus - Evolução entre 10.10 e 25.11

Alegre - 16,3% - 15,2%
Cavaco - 44,0% - 50,0%
Jeronimo - 3,7% - 5,1%
Louçã - 6,0% - 4,1%
Soares - 15,7% - 12,7%
Outros - 1,5%-
Ns/Nr - 12,7% - 12,9%
++

quinta-feira, novembro 24

Cadilhe

«Cavaco é como um eucalipto,

provoca aridez à sua volta»


Em entrevista à Visão, Miguel Cadilhe diz não ter a certeza de que Cavaco ganhe as presidenciais, classifica a saída de Durão como «inqualificável», afirma que votaria contra o Orçamento por este «agravar a difícil conjuntura que vivemos» e considera que o PR não devia ter ficado calado quando Sócrates aumentou impostos

Na sua primeira grande entrevista em anos, Miguel Cadilhe diz não ter a certeza de que Cavaco ganhe as presidenciais, até porque a aritmética mostra que será a esquerda a vencer, e não é brando quando fala do ex-primeiro-ministro e actual candidato presidencial: «É como um eucalipto, provoca aridez à sua volta». O ex-ministro das Finanças de Cavaco classifica como «inqualificável» a saída de Durão para presidente da Comissão Europeia, afirma que a liderança do PSD «há anos que não encontra o seu caminho» e confessa ter «muita dificuldade em concordar com a Ota». Defende também uma descida dos impostos.

Quanto ao Orçamento de Estado para 2006, que, apesar de tudo classifica como «respeitável» por mostrar um «esforço grande do Governo», Cadilhe diz que votaria contra por «razões de orientação da política orçamental, tendo em conta o facto de Portugal estar em recessão grave». Diz o ex-ministro social-democrata que este orçamento «agrava a difícil conjuntura que vivemos».

O ex-ministro das Finanças concorda com a redução da despesa pública, conforme está patente, no Orçamento de Estado para 2006, mas defende que se deve diminuir ao mesmo tempo as receitas fiscais, «senão estamos a agravar a quebra da procura».

Quanto ao aumento de impostos a resposta é clara: «Nunca. Nunca». E quanto a isto considera que o Presidente da República deveria ter dito: «Meus amigos, atenção, promessas solenes e importantes em campanha eleitoral são para cumprir. A promessa de não subir impostos tem de ser cumprida». O Presidente, diz Cadilhe, «pode, e deve, dar uma palavra forte. E não é em privado, mas em público».

Tendo como pretexto o lançamento, segunda-feira, no Porto, do seu livro «O Sobrepeso do Estado em Portugal», Cadilhe justifica nesta entrevista à Visão a publicação do livro nesta altura: «Portugal está numa complicada passagem da sua história e precisa de mudanças fundamentais, de âmbito político». E Cadilhe diz ter «algumas ideias para apresentar».

De saída da Agência Portuguesa para o Investimento, diz que o problema de eficiência e competitividade que o país atravessa se prende com o facto de o euro ser «uma moeda forte de mais para a nossa estrutura produtiva» e do peso do Estado, com uma burocracia «extensa e excessiva».

«O país precisa de um abanão. Politicamente é muito difícil, por isso os políticos preferem ir aos poucos» e «quando se opta pela lentidão acaba-se por não ter velocidade suficiente, nem ritmo, nem profundidade, nem espessura», diz Cadilhe.

O economista reafirma a convicção de que Portugal «só lá vai com uma redução de todo o funcionamento corrente do Estado/Administração Pública». Cadilhe retoma a proposta de criação de um Fundo Extraordinário de Investimento, que iria buscar recursos a uma emissão de dívida pública longa a fundos estruturais e à venda de activos do Estado (ouro do Banco de Portugal). O objectivo seria financiar um regime especial de rescisão amigável que leve à saída dos funcionários públicos dispensáveis.

O ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva responsabiliza o antigo primeiro-ministro por o processo, que iniciou em 1989, não ter avançado.

«Tivemos um dos lados, o despesista (o novo sistema remuneratório da função pública), que avançou, enquanto o contrabalanço da produtividade, mediante auditorias e redimensionamentos e reafectações, para reduzir despesa pública, não se realizou», diz Cadilhe.

Recentemente saído da presidência da Agência Portuguesa para o Investimento (API), Cadilhe condena ainda os «erros irreversíveis nas privatizações nos últimos dez anos, e que levaram os centros de decisão para fora do país».

quarta-feira, novembro 23

UM CONVITE MUITO ESTRANHO

Recebi hoje um convite da Comissão Política da Maia do PS e da Comissão Executiva Distrital do MASP 3, que convida todos os militantes do Partido para uma Reunião de Trabalho, de apoio a Mário Soares. Dois comentários:

1.- A Comissão Política Concelhia do PS/Maia, de que sou membro, nunca tomou qualquer decisão acerca do apoio a Mário Soares e muitomenos tem conhecimento desta reunião, convocada em seu nome.

2.- Aparece como Director de Campanha Concelhio, aquele que sofreu a maior derrota eleitoral no Concelho, nas passadas autárquicas. E não tem vergonha. Quem apoiar Mário Soares, lembre-se que o Dr. Jorge Catarino, só lhe tirará votos! Aliás como ficou provadorecentemente.

Haja decoro!

terça-feira, novembro 22

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Artigo, da minha autoria, no Jornal O Primeiro de Janeiro, do dia 15/11/2005


MOSCADEIRO

A(s) FRANÇA(s)

Nos últimos dias temos sido relembrados, por sinais vindos da França, de que toda a nossa sociedade está eivada de forças poderosas que retêm o que o mundo produz, para nada dar àqueles que são os destruídos e recusados pela minoria que detém os poderes. Aliás, o “dar” nem sequer será correcto, mas sim o distribuir os bens por todos, à medida da necessidade de cada um. E todos nós somos responsáveis, por vivermos a imponderação das nossas consciências.

A França é o país campeão da Igualdade, Fraternidade e Liberdade, onde os ventos de Maio de 1968, varreram por completo a Europa, dando-lhe um carácter de sublevação e que se traduziu num poderoso movimento que chegou a Portugal pela crise académica de 1969, e foi, sem dúvida, um prenúncio, de que a ditadura em Portugal tinha os dias contados. Tudo o que se passa em França, deve ser sujeito a um criterioso estudo e reflexão, porque são presságios do que por cá poderá acontecer. Aliás, não é por acaso que o movimento, sem chefes, já tem ramificações na Holanda, Bélgica, Grécia e Alemanha. Então a nossa predisposição não deverá ser, só, de conferir uma segurança que esteja disposta ao combate à violência, mas a da compreensão dos fenómenos que ditam este desencanto na vida, por tantos jovens, que já nada têm a perder e encontram na afronta a única alternativa de dizerem ao mundo que existem, enquanto mulheres e homens, que querem um sentido, negado e repudiado por todos aqueles que fazem do seu ser, a incapacidade de serem fraternos, no banquete pela dignificação da pessoa humana, pela con-criação a que somos chamados, desde tempos infindos, e, para nós, numa inculturação baseada nos princípios adâmicos.

Não temos qualquer dúvida que, quando jovens de 14 anos, incendeiam automóveis, autocarros, escolas e outros edifícios estamos perante uma rebeldia sem limites, a que é necessário pôr cobro, e é difícil consentir que as forças de segurança o não tenham feito, diria é mesmo impensável; mas o fundamental é saber as causas destes desesperados actos, e onde uma sociedade baseada fundamentalmente em combates sem tréguas a défices, não desperta para a realidade que é culturalmente amarfanhada, movimentando-se numa espécie de integração em valores que não reconhecem como seus, em vez de serem usufrutos duma vivência traduzida em inculturações, que longe de sufocarem hábitos e crenças, as solidifica e tradu-las para o bem das pessoas. A revolta tem como primeira leitura os bairros degradados e as condições de vida abjectas, mas ela é, sobretudo, de natureza cultural e vivencial. Sem dúvida, que jovens a quem é negada a educação, a formação, o emprego, a intelectualidade, o serem de uma família, porventura, não cosmopolita com o país que escolheram para viver, nada tendo a perder, como já referi, são um barril de pólvora, mas contra as injustiças criadas por quem detém os poderes económicos, culturais e sociais. E é aqui que residem as causas de tal violência. Estes jovens são descendentes de quem deu o seu trabalho pelo engrandecimento, neste caso da França, por quem dobrou o seu esforço por trabalhos que os naturais não queriam fazer, e agora encontram-se em becos sem saída, daí que não seja de admirar que ataquem os símbolos de um poder, que para si é demoníaco.

Não será de admirar que esta onda de violência se torne incontrolável e chegue a outros países; em Portugal, à sua escala, certamente estes diferendos terão o seu tempo, e está na hora do dia que aconteçam. Não sei se as forças portuguesas de segurança vão ser mais eficazes, mas isso contorna o problema, não o resolve, porque ele é de princípios universais de dignidade humana e não de repressão. Onde se abate uma violência, não se pressupõe que outra não acorde noutros locais, e a questão não está nas expulsões destas pessoas, porque nós somos uma aldeia globalizada e a expulsão só colocará num outro espaço, onde nascerão novas violências, estes jovens. Os imigrantes ou emigrantes, são seres situados e como tal vivências comunitárias que ou respeitamos e tratamos como iguais, ou estamos a semear outras irascibilidades violentas.

È assim à escala de cada cidade, de cada concelho, de cada bairro, que devem ser vistas as dificuldades e o debate da prática a seguir, com eles, e não sem eles, como se fossemos os protagonistas únicos da história. E não somos! Com todas as contradições ainda a Europa há-de ser o continente da esperança, numa confusão de raças e crenças, de sermos todos iguais, nas diferenças particulares enriquecedoras da humanidade. Em cada bairro deste concelho da Maia, terá, também, de estar presente esta novidade da convivência, na justiça, de muitos que querem viver felizes. O seu governo não pode, seria um erro político imperdoável, consentir que se pense que a França fica muito longe, não, porque esta França, não é singular, ela são as francas-bomba prestes a rebentar, por simpatia, em cada parte desta terra, e também na Maia.

Sempre, que aqui, se comete uma injustiça, semeia-se a violência: seja esta a mensagem em que cada maiato deverá reflectir.

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Política do PS/Maia

jarmindo@clix.pt

http://www.bemcomum.blogspot.pt

Escreve esta coluna quinzenalmente.

segunda-feira, novembro 21

ARTIGO A PUBLICAR NO PRIMEIRA MÃO

Por motivos imprevistos não foi publicado o artigo, da minha autoria, no Jornal Primeira Mão, na última sexta-feira; o mesmo será publicado na próxima 6.ª feira.

domingo, novembro 20

A União Europeia não pode continuar a legislar sobre o seu mercado interno como se a globalização não fosse uma realidade. Esquecer isso, na opinião da Deputada Elisa Ferreira, "é pretender destruir a Europa enquanto base produtiva, é querer destruir os seus empregos e hipocritamente exportar os danos ambientais do seu território para zonas mais vulneráveis". O raciocínio é aplicável à proposta de quadro regulamentar REACH (registo, avaliação a autorização de produtos químicos), debatida e aprovada esta semana em Estrasburgo. Para Elisa Ferreira, que interveio sobre o tema em plenário, é necessário que a União Europeia, em relação a este pacote legislativo como a muitos outros, "use de uma vez por todas o seu peso enquanto maior bloco comercial do mundo para fazer valer as regras que adopta internamente como regras internacionalmente reconhecidas, como verdadeiras pré-condições para o comércio livre". Em causa, no REACH, está a redução dos danos dos químicos sobre o ambiente e a saúde, o aumento do conhecimento acerca das consequências da sua utilização, a melhoria do acesso dos consumidores à informação e a eliminação e substituição progressiva dos químicos menos seguros, a par do fim dos testes em animais vertebrados. Só que o novo quadro, tal como inicialmente proposto pela Comissão Europeia, não assegura a conciliação da defesa do ambiente e da saúde pública com o objectivo da competitividade da indústria europeia, expondo mesmo empresas às desvantagens decorrentes da importação de substâncias químicas de fora da Europa, onde as regras neste domínio são menos rígidas. Daí a necessidade de aplicação aos produtos importados do mesmo tipo de exigências impostas às empresas da UE, solução que foi reclamada quer por Elisa Ferreira enquanto relatora dos Pareceres das Comissões dos Assuntos Económicos e do Comércio Internacional do PE sobre o REACH. A Resolução final do PE, apesar de ainda não salvaguardar suficientemente esta posição, melhora substancialmente o texto da Comissão Europeia e torna-o mais aplicável. Este facto levou Elisa Ferreira a concluir em plenário: "trata-se de um acordo possível, que poderá melhorar em função da avaliação prática da aplicação do novo regime; todavia, salvaguardamos o que é essencial: a adopção do princípio da responsabilidade, a redução dos custos para as pequenas e médias empresas, a prioridade aos químicos e usos mais problemáticos e a valorização da avaliação e monitorização permanente do sistema".

sábado, novembro 19




sexta-feira, novembro 18





Alegre quer sacudir o País como Humberto Delgado

Para evocar 'general sem medo', candidato até foi à varanda da sede saudar apoiantes
[david mandim / DN, 17.11.2005]

Manuel Alegre apressou-se a confessar uma "certa emoção" por estar na cidade do Porto. Mais ainda, por inaugurar a sua sede de campanha num segundo andar de um edifício da Praça Carlos Alberto, muito perto da varanda, onde, em 1958, o general Humberto Delgado "deu uma grande sacudidela no medo e abalou o regime" salazarista.
Na abertura da sede portuense, Alegre teve ao lado figuras como Jorge Costa e Pedro Abrunhosa.
Volvidos 47 anos, Alegre propõe também uma "sacudidela", agora "no marasmo, no seguidismo" e "renovar os ideais do 25 de Abril". E não resistiu, qual candidato sem medo, a ir à varanda saudar a meia centena de apoiantes que estavam na praça portuense.

Com uma candidatura que "é um acto de liberdade", Manuel Alegre seguiu a evocação de Humberto Delgado para criticar aque-les que estão na política "menos por convicção que por carreiris- mo e não por fidelidade à democracia". "Não me candidato contra ninguém. Tenho uma causa e um projecto", assegurou, ladeado pelo futebolista Jorge Costa - "se fosse treinador seria sempre primeira escolha" -, pelo músico Pedro Abrunhosa -a quem, por engano, chamou Rui - e pelo ar-quitecto Manuel Correia Vicen- te, seu mandatário distrital. Também o escritor Mário Cláudio enviou uma mensagem de apoio.

"Cumprir e fazer cumprir a constituição" é o objectivo do candidato que recusa ser menorizado. "Estou a lutar para ser eleito. Não sou um candidato marginal. Quero evitar a eleição de Cavaco Silva na primeira volta, para na segunda volta, com toda a esquerda e com todos os portugueses" ser eleito presidente, disse o deputado socialista, consciente que o "combate é difícil, porventura desigual, mas vale a pena".

"Mas não há vencedores antecipados", afirmou. "Quiseram coroar o candidato Cavaco Silva, mas ele vai ter que ir à luta, aos debates, disputar a eleição com outros candidatos", acrescentou, para logo completar "Mas não é apenas para travar um candidato, é ter um projecto." E neste projecto encaixa "um presidente da República que deve ter um papel activo, que seja um provedor da democracia".

Por isso, se chegar a Belém, Alegre promete "não falar das forças do bloqueio" e questionar logo a Assembleia da República se "candidatos pronunciados pela Justiça poderão ser eleitos para cargos públicos". Alegre considera que é mau "Não creio que seja um acto prestigiante para a democracia."

Na sua intervenção, insistiu que é o único a correr sem o "apoio de nenhum partido" e sem "nenhuns interesses por detrás". Isto para dizer que a candidatura tem poucos meios mas é apoiada por gente sincera e com causas. "Comovo-me muito quando chegam cheques de cinco ou dez euros", disse.

Caso seja eleito, pretende lutar por tornar "os direitos políticos inseparáveis dos direitos sociais". É tempo de mudar, porque "há trinta anos se pedem sacrifícios ao povo". Agora, Alegre deseja que "os custos das mudanças sejam repartidos por todos".

Foi o final de um dia totalmente passado no Porto. De manhã, Alegre visitou a delegação do Instituto Português de Sangue, onde criticou o aumento das taxas moderadoras, anunciado pelo ministro Correia de Campos. "Temos de ter consciência que temos um País com dois milhões de cidadãos em estado de pobreza, mais meio milhão de desempregados e muita gente a viver de um salário mínimo que é dos mais baixos da Europa", justificou.

No dia temático da inovação, o candidato defendeu uma aposta no conhecimento tecnológico e científico, patente na actividade do instituto. À tarde, e depois de um almoço com dirigentes da Federação de Associações Juvenis, visitou uma empresa de informática em Perafita, Matosinhos, que definiu como um bom exemplo de empreendedorismo.
(...)

quinta-feira, novembro 17

ARTIGO A PUBLICAR NO PRIMEIRA MÃO

Amanhã, sexta-feira, será publicado um artigo da minha autoria, no jornal Primeira Mão:


SEJAMOS VERDADEIROS



Ainda sobre as autárquicas e o que se passou na Comissão Política do PS/Maia

quarta-feira, novembro 16

Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA

Este discurso merece ser lido, afinal não é todos os dias que um Brasileiro dá um "baile" educadíssimo aos Americanos...

Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).

Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr. Cristovam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro...O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser Internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.

Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa! "

ESTE DISCURSO NÃO FOI PUBLICADO. AJUDE-NOS A DIVULGÁ-LO

Porque é muito importante... mais ainda, porque foi Censurado


terça-feira, novembro 15

PARTICIPAÇÃO DOS LEITORES

A força de Fátima

Luís delgado


São impressionantes, para um católico, mas igualmente para qualquer
outro cidadão de outra religião, ou ateu, ou simplesmente desatento,
as imagens de fé que levaram, no sábado, centenas de milhares de
pessoas a acompanhar a imagem de Nossa Senhora de Fátima pelas ruas de
Lisboa.

Não é vulgar, nem comum, em país algum, que uma procissão, numa
capital despovoada, ao final da tarde, com um tempo pouco agradável,
junte tantos fiéis, homens da Igreja, católicos serenos ou afastados
das igrejas, e dos rituais dominicais, para seguir com fé e evidente
crença a manifestação que deu lugar à consagração da cidade a Nossa
Senhora. E as imagens mostraram pessoas de todas as idades, jovens e
idosos, classes distintas, raças diferentes, mas todos unidos pela
mesma devoção. É bom que a Igreja, e as suas imagens, saiam dos seus
redutos e locais de culto para se misturarem com os cidadãos comuns,
anónimos, e que pela magnitude evidenciada, não se reproduz, de
nenhuma forma, no que se vê, diariamente ou aos domingos, nas missas
rezadas nas dezenas de igrejas da capital. Foi inédito, grandioso,
elevado e regenerador, particularmente num momento do País e dos
portugueses em que nada dá esperança, em que o futuro é uma incógnita
e em que as dificuldades se avolumam. É nisto que a religião católica,
como outras, noutras partes do mundo, se eleva e transforma as
pessoas. Nossa Senhora de Fátima tem uma força popular explicável, e
que todos os anos se renova no seu santuário, mas que desta vez desceu
à capital e produziu o milagre de juntar mais fiéis do que,
eventualmente, alguma vez se concentraram em Fátima. Portugal é um
país católico, mas tímido nessa demonstração, no seu dia-a-dia, mas
que aparece em momentos excepcionais e quando a grandeza da ocasião
chama por si. No sábado, Lisboa foi um santuário improvisado, repleto,
mostrando que tem uma fé inabalável na Igreja Católica Romana e na Mãe
de Cristo. Calem-se, por um momento, os que achavam o contrário, e que
no seu pessimismo agnóstico e militante tentavam reduzir a Igreja a um
bastião ultrapassado e sem futuro. Lisboa católica provou estar viva e
empenhada e com uma fé inabalável.

POSIÇÃO DE UM LEITOR

Meu Caro
1. Sou em absoluto anti o autor do texto. Porque é parcial em quase tudo que escreve.
Embora me considere em absoluto liberal quanto ao pensamento e acção de qualquer que não
colida com os meus direitos de cidadania.
O autor, qual dono de verdade, não reconhece que ser agnóstico não nos torna seres pessimistas.
O que torna as pessoas pessimistas é sentir Fátima como um bom negócio, onde se pretende a
alienação de massas, levando pobres de espírito (os tais da Fé...) a esquecer o alimento do corpo.
Que uso é dado a tanta esmola, tirada do pão que faz falta em casa; a tanto lucro em velas e outros
artesanatos ?
Ao bem estar do Povo crente e do que se pretende vir a catequisar?
Ou para construir o novo centro de 'venda' de mitos e dogmas ? E mordomias escandalosas dos que
se dizem os novos apóstolos?
2. Como ter "fé inabalável na igreja católica romana" quando além de eleger um papa (nazi ?) previsível
- dominava a máquina interna do Vaticano... - se mantém muda e ausente no apoio material aos
desgraçados que morrem de fome e de doença por esse Mundo ?
3. Para mim, uma das mensagens que teria sido transmitida a Moisés foi:
NÃO FARÁS ESTATUAS À MINHA IMAGEM !
Daí a destruição imediata do bezerro de ouro. Mas quantos os "bezerros" continuam a ser ostentados?
Desejo não ter 'ofendido' tua fé legitima. Dei apenas parte da minha opinião...
Um abraço - and God Save The King ! -
M Nogueira de Almeida

segunda-feira, novembro 14

Segui hoje a entrevista do Prof. Cavaco Silva, só um comentário: NADA DISSE.


E Portugal ainda possui candidatos como este.

ARTIGO A PUBLICAR NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Amanhã no jornal O Primeiro de Janeiro, será publicado um artigo da minha autoria:


A(S) FRANÇA(S)


SOBRE A SITUAÇÃO VIVIDA EM FRANÇA.

domingo, novembro 13

Artigo publicado no jornal O Primeiro de Janeiro, de 6 do corrente, da minha autoria:

ÁGUA VIVA

ATÉ JÁ, PADRE JOAQUIM

Conheci o Padre Joaquim, Pároco da Foz do Douro, na Universidade Católica. Foi meu professor de Fé e Teologia, e desde aí, a sua fé contagiante e esclarecida, cativou-me ao ponto de começar a colaborar na Paróquia de S. João da Foz. Com o seu ar humilde, era de facto um servo ao serviço do seu Senhor.

Quando ali cheguei, vinha da Igreja Anglicana, fui recebido de portas abertas e total amizade, como se fosse um velho conhecido. O Padre Joaquim era assim, quem o procurava ouvia sempre uma voz amiga, fosse para quem fosse; nunca recriminando ninguém, porque segundo dizia, tinha muita alegria em ser padre, desta igreja, ora santa, ora pecadora, mas sal do mundo.

Nas suas célebres homilias era directo, conciso e acertava bem nas suas amigas e amigos, dizia que a vida era para ser vivida em alegria, e pelo S. João apelava sempre a que comessem sardinhas e bebessem melhor, dançando e cantando, e já agora “uma directa” para a missa do padroeiro, e mais, que quem fosse a Fátima, devia ir num bom carro e rezar por ele, “para que Deus lhe desse juízo”. Era assim o Padre Joaquim, e haviam muitas pessoas que só tinham paciência para participar na “missa do Padre Joaquim”.

Defensor da cultura, nunca colocou qualquer questão em que além dos cânticos, houvessem outros cantares, ranchos folclóricos, bandas de música e outros, participando na missa, louvando a Deus. Estudioso das coisas do mundo e de Deus, parte da sua vida passou-a em África, estava sempre pronto a ajudar os outros, porque sabia que era libertando-os, que também se libertava a si. Homem íntegro e ecuménico, nunca permitia que junto dele, alguém ousasse dizer algo pouco abonatório de qualquer outra Igreja, fosse ela cristã ou não.

Finou-se em 5 de Outubro passado, com 65 anos de idade, quando a sua cabeça, lúcida até morrer, estava cheia de projectos para a Paróquia e outros grupos que animava. Morreu em paz, na Paz de Jesus que tanto amava.

Ao prestar-lhe homenagem, digo “até já, Padre Joaquim”, porque sei que agora tenho mais um amigo junto a Deus.

Joaquim Armindo

Licenciado em Engenharia e Ciências Religiosas

jarmindo@clix.pt

http://bemcomum.blogspot.com

sábado, novembro 12

Relativamente ao meu comentário sobre a demissão do Presidente da Comissão Política do PS/Maia, um dos leitores advoga que eu poderia concentrar o número de aasinaturas necessárias para discutir o assunto, sou a dizer:

1.- Existem jogos de bastidores, mas claramente só alguns dos membros da C.P. foram capazes de dizer o que lhes vai no pensamento; outros preferem o tempo próprio que não será este;

2.- A C.P. do PS/Maia aprovou por mais de 90% dos votos a candidatura do Presidente da C.P. à Câmara da Maia, pelo que não soube interpretar os sinais das maiatas e dos maiatos, sobre o protagonista;

3.- Não me parece, nesta ocasião, que teria os votos necessários para tal.

Em nota de rodapé é de referir, que quem tentou deivar a discussão para a candidatura de Mário Soares foi o Presidente da C.P., e ninguém mais se referiu a tal.

sexta-feira, novembro 11

Li e não posso ficar calado.

Na Comissão Política do PS/Maia, realmente foi pacífica, poderá o Sr. Dr. Jorge Catarino dizer quantas pessoas lhe pediram o sacrífio de se demitir, de dar o lugar a outro?

Ou antes quer começar o seu projecto para se candidatar daqui por 4 anos?

quinta-feira, novembro 10

Sondagem Correio da Manhã/Aximage

Alegre cimenta posição à frente de Soares


[José Rodrigues/ CM, 11.11.2005]
Manuel Alegre continua em segundo lugar, atrás de Cavaco Silva
Cavaco Silva mantém-se à frente nas sondagens CM com maioria absoluta, embora tenha descido de 56,7%, em Outubro, para 52,7%, este mês. Os quatro candidatos da esquerda juntos não chegam aos 40%. Manuel Alegre continua em segundo lugar, aumentando ligeiramente a vantagem sobre Mário Soares.

O cenário de que a corrida a Belém fica resolvida à primeira volta com uma maioria folgada de Cavaco Silva está a consolidar-se, assim como a possibilidade de Manuel Alegre ser o candidato da esquerda com mais votos. De acordo com uma sondagem CM/Aximage, se as eleições presidenciais fossem hoje, o ex--primeiro-ministro obteria 52,7%, Manuel Alegre 17,5%, Mário Soares, 11,2%, Jerónimo de Sousa 5,5% e Francisco Louçã apenas 3,4%.

A sondagem, realizada nos dias 7 e 8 do corrente mês, mostra que os candidatos da esquerda estão todos a subir e Cavaco Silva a descer (menos 3,5 pontos percentuais face à última sondagem CM realizada em Outubro). Manuel Alegre passa de 15,7% para 17,5%, Mário Soares de 10,2% para 11,2%, Jerónimo de Sousa de 3,9% para 5,5% e Francisco Louçã de 2,3% para 3,4%. Confrontado com estes valores, Manuel Alegre sublinhou a descida de Cavaco Silva e mostrou-se satisfeito por “apesar de todas as dificuldades” a sua candidatura “continua a subir”.

Este inquérito de opinião dá ainda uma elevada percentagem de abstenção: 41,7%. A última sondagem CM dava um valor de abstenção de 42,8 %. O nível de indecisos também baixou (de 9,9% em Outubro para 9% em Novembro). De notar o peso predominante dos eleitores do PS entre os indecisos: 11,1%. Entre os eleitores do PSD esse valor é de 0,7%.

Nestas circunstâncias não haverá segunda volta. De qualquer modo a sondagem mostra que num duelo com Alegre, Cavaco ganha com 57,1% contra 37,8%. Com Mário Soares o ex-primerio-ministro vencia com 70,5%, contra 25,6%. Uma diferença nunca vista numa disputa para o cargo de Presidente da República à segunda volta em Portugal. Faz lembrar a vitória de Chirac sobre Le Pen na segunda volta das eleições presidenciais francesas.

FICHA TÉCNICA
OBJECTIVO: Eleições Presidenciais.
UNIVERSO: Eleitores residentes em Portugal em lares com telefone fixo.
AMOSTRA: Aleatória estratificada por região, sexo, idade, actividade, instrução e voto legislativo, polietápica e representativa do universo, com 544 entrevistas telefónicas (333 a mulheres).
COMPOSIÇÃO: Proporcional pela variável estratificação.
RESPOSTAS: Taxa de resposta de 77,4 por cento. Desvio padrão máximo de 0,021.
REALIZAÇÃO: 7 e 8 de Novembro de 2005, para o Correio da Manhã pela Aximage, com a direcção técnica de Jorge Sá.

quarta-feira, novembro 9

Luía Filipe Madeira apoia Manuel Alegre
[Idálio Revez/ Público, 11.11.2005]

A candidatura de Mário Soares é "um disparate, não me peçam para acompanhar disparates".
Foi esta a justificação dada por Luís Filipe Madeira - um histórico do Partido Socialista - para apoiar a candidatura de Manuel Alegre, no Algarve, e não seguir o seu velho amigo Soares, na corrida para Presidente da República.
Luís Filipe Madeira, em declarações ao PÚBLICO, considera que a candidatura do fundador do PS representa um "risco desnecessário", salientando que "havia outra pessoas, não apenas Manuel Alegre", para se lançarem nesse desafio. Questionado sobre o motivo por que, nas eleições para a liderança do PS apoiou João Soares e agora está com Alegre, respondeu: "Não pertenço à Casa Soares - sou um cidadão, não sou um criado de serviço."
O antigo deputado e líder parlamentar socialista, na passada segunda-feira, já participou na reunião alargada da candidatura de Manuel Alegre, realizada no Instituto da Juventude em Faro, mas diz que não vai integrar "nenhum órgão político da candidatura".
Embora não assuma um papel activo na campanha, o mandatário distrital, João Barros Madeira, (ex-dirigente do PRD), considera que o contributo de Luís Filipe Madeira representa uma "mais-valia, numa candidatura que está a ultrapassar no Algarve, "todas as expectativas". Na próxima semana, adiantou, vai ser aberta a sede distrital da candidatura, em Faro.
Ainda sobre as adesões à candidatura de Manuel Alegre, o mandatário, médico de profissão, disse que tinha a incumbência de arranjar 500 assinaturas, "mas o número, ainda a um mês da data-limite, já foi largamente ultrapassado".
Dos subscritores da candidatura, além de Luís Filipe Madeira, destaca também o da vice-reitora da Universidade do Algarve, Isabel Cruz, bem como do ex-presidente da Câmara de Faro João Botelheiro. As cidades de Tavira, Vila Real de St.º António, Loulé e Portimão, disse, são aquelas onde a "estrutura politica" de apoio está mais avançada, lutando com "algumas resistências por parte do aparelho socialista".
O não avanço do processo da regionalização levou Luís Filipe Madeira afastar-se da política activa, nos últimos anos, mas nunca deixou exercer influência no Partido Socialista. No Algarve, dedica-se à advocacia, mas continua a ser vista como uma "figura nacional" da política.
No que diz respeito a Mário Soares, embora discorde da sua candidatura, por considerar "um risco para ele e para o Partido Socialista", não lhe poupa elogios: "Não se pode destruir o património que ele é no PS e no país", sublinhou.
As razões por que vota Manuel Alegre, disse, é porque ele é "uma entre outras pessoas candidatáveis, mas isso não significa que seja um mal menor - é um bem possível", sublinhou. Por fim, acrescentou: "O Partido Socialista não devia ter pedido isto a Mário Soares, por respeito a ele próprio."
(títulos da responsabilidade da editoria do site)

terça-feira, novembro 8

ARTIGO PUBLICADO NO PRIMEIRO DE JANEIRO

Artigo, da minha autoria, publicado no Jornal O Primeiro de Janeiro, de 1 de Novembro de 2005.


MOSCADEIRO

SEJAMOS CLAROS

Aqueles que entendem a política como uma arte nobre de melhor servir a sociedade, para uma transformação num mundo melhor, onde valha a pena viver, prosseguem ideais que façam com que os seus restantes concidadãos adiram a uma cidadania participativa, e não só uma democracia onde se arrecadam votos. Sei bem que tenha afirmado isto como quase um dogma, mas é assim que penso, e também que actuo. A política está descaracterizada - um nojo, no dizer de um presidente de Câmara, eleito pelo PS -, porque faltam mulheres e homens que entendem os referenciais da ética politica, das causas comuns, do combate a solipsos, numa palavra, a luta pelo bem comum. Enquanto os líderes políticos, e mais concretamente muitos autarcas, lutarem pelos seus esquemas pessoais para servir o seu ego e as suas carências muitas vezes económicas, estão de facto a não servir nada, nem ninguém, servindo-se unicamente a si próprios.

O apego ao poder, com as características de negócio, levam a que as mulheres e os homens vivam de costas voltados para a praxis politica. É que de facto uma fatia bastante elevada quer o poder, para se servir a si próprios, esquecendo-se que isso é o contrário do ser político, por isso se assiste a uma debandada cada vez maior, do não acreditar naqueles que eleitos, não exercem a democracia participativa. E vemos, sentimos e lemos, parafraseando o poeta, “políticos” de todos os partidos a serem assim, exemplos de velas apagadas, para que os cidadãos não possam assistir aos seus desmandos. Mas também existem outros, que sabendo desta situação permanecem quedos, quais estátuas, por não quererem, dizem, trair o partido. Ora, os partidos só o são quando defendem, contra ventos e marés, a necessidade da transparência, e são colectivos situados para convencidamente darem luta contra interesses instalados a favor dos muitos esquecidos. Isto chama-se ética pessoal, na charneira da ética colectiva. E se assim não for, então os partidos são grupelhos, a favor e à mercê de favores; podem movimentar muitos eleitores passivos, mas não passam na grelha de “serem todos iguais”, como o nosso povo, na sua sabedoria, proclama.

Nas autarquias esta questão coloca-se com uma acuidade mais nítida, porque todos são conhecidos de todos, e o eleitorado pune, quem menos conhece ou conhecendo, sabe muito bem quem são. Perder numas eleições autárquicas, não é, nem pode ser, uma ignomínia, um fim de vida, se nelas lutarmos por causas e princípios em que acreditamos, mas que o povo conscientemente decidiu não aprovar; é altura então da análise, não à custa do sacrifício dos princípios, mas das estratégias empregues, estas sim capazes de serem modificadas. E se assim não for, há que reflectir porque a nossa visão terá sido pródiga na asneira e na mentira, porque assim sendo, não possuem a dignidade de continuação de projectos muitas vezes engendrados numa cabeça, ou num grupo muito reduzido, que até pode fazer alarde duma identidade e unidade, que não existem. Por isso mesmo não ganham eleições autárquicas, onde a evidência da certeza da verdade, é condicionante do caminhar rumo a uma sociedade mais feliz, e com mais qualidade.

Ganhar, até por muitos, uma eleição autárquica, conduzindo o poder com a cegueira de não querer oposição, quando esta sendo forte, é sem dúvida, o motor que gera progresso e entendimento, é por si só, também a estatestesia dos actos e procedimentos imprudentes, e que reduzem uma parte do eleitorado à apatia e marginalidade, mas em democracia, se for assim, teremos a fecundidade do partido único a esboroar-se em pouco tempo. Entendimento, diálogo e decisão, serão certamente os caminhos que os partidos vencedores, devem seguir para com os vencidos, porque estes possuem a dignidade de representar as ideias duma parte do eleitorado, e isso é sagrado e deve ser respeitado.

Estamos na Maia, onde uns ganharam, outros perderem, e todos lutaram. É verdade que uns com mais convicção que outros, mas tentaram dizer ao eleitorado (veremos se participativo se não), as razões da sua esperança. O ganhar ou perder, deve contudo ser analisado na sede dos partidos que se apresentaram, e tiradas as ilações necessárias ao prosseguimento sadio dos combates que conduzam ao bem-estar das populações; o que não se pode é ficar inerte, como se nada tivesse acontecido. E tudo tem que mudar nas atitudes dos que ganham ou perdem. É evidente que quem perde, deve colocar em causa o seu posicionamento, modificar as suas trajectórias e, certamente, alterar os protagonistas; porque não se pode continuar com politicas do passado, quando esse passado é perdedor por referência. A clareza destas posições deve ser meditadas, primeiro do ponto de vista das conjunturas, e depois da natureza pessoal de quem as encarnou.

É que só assim na Maia, poderemos ditar um estatuto, que confira dignidade aos actos e atitudes, que cada um dos actores, em tempo devido, tomou.

Joaquim Armindo

Membro da Comissão Politica do PS/Maia

jarmindo@clix.pt

http://bemcomum.blogspot.pt

segunda-feira, novembro 7

É necessário existir a segurança das pessoas e dos bens, os acontecimentos em França, Alemanha e Bélgica, são claros o quanto esta sociedade não está bem. É preciso e urgente fazer alguma coisa de profundo para prevenir o que está a acontecer.

Assim como os vcentos do Maio de 68 chegaram a Portugal, também estes chegarão. o alerta é sério, urgente a pacificação, mas mais urgente é a Justiça, verdadeiro motor da Paz.

domingo, novembro 6

Na próxima terça-feira, um mês após as eleições autárquicas, reune pela primeira vez a Comissão Política do PS/Maia.

Embora seja a uma 3.ª feira e alguns membros tenham de trabalhar no outro dia, espera-se uma análise séria dos resultados eleitorais, do protagonista e do seu programa e estratégia, elaborado durante 4 anos, e qual a sua posição de Presidente.

Eu não lhe peço sacrificios, nem a sua cabeça, espero é que tenha tirado as ilações necessárias, e possa com dignidade deixar o cargo a outro, continuando a sua luta política, em outros lugares; não esquecendo que não foi derrotado por causa do Eng.º José Sócrates e possa ver o mal ou o bem, que vai fazer a Mário Soares, que apoia, ao conduzir o Partido, sabendo que o povo da Maia, já lhe disse não por várias vezes.

Tenhamos pudor e ética.

sábado, novembro 5

Alegre: cinco razões para uma escolha
[Carlos Diogo Moreira /Expresso, 05.11.2005]

Só Alegre fará a promoção de uma cidadania crítica e participativa, decisiva para a crise do país.
POR QUE escolho Manuel Alegre para Presidente da República?

Primeiro, porque sou democrata e republicano (embora não socialista).

Assim, desejo como Presidente um homem político, que acredite profundamente na virtude da política, que a sirva mas não se sirva dela e alguém que traga um contributo novo.

Depois, porque Manuel Alegre é um homem que coloca sempre em primeiro lugar valores fundamentais - liberdade, democracia, dignidade humana e sentido de comunidade - e uma Pátria assente nesses valores, essas «estrelas universais» de que falava Pessoa. Pressente-se nele um patriotismo que contribui para a integração plena dos cidadãos, para a criação de uma verdadeira comunidade política. A promoção de uma cidadania, crítica e participativa que, por certo, Manuel Alegre insistirá em fazer, pode ser decisiva para ajudar a resolver a diversidade de conflitos emergentes que reflectem a crise que nos afecta actualmente: exclusões e discriminações mas também corrupção política, apatia e cepticismo cívico. O bom estado das instituições depende muito da capacitação dos cidadãos para a prática responsável, racional e autónoma da sua cidadania. O ideal republicano reclama precisamente a participação não só como estratégia de actuação política ou como procedimento contratual, mas como uma forma de vida com valor em si mesmo, postula uma concepção do cidadão competente, activo, tolerante, solidário.

A cidadania não é uma herança mas uma tarefa desafiante.

Nesse aspecto, não é demais realçar a importância dos símbolos, porque o comportamento político dos cidadãos é fortemente influenciado pelos símbolos da comunidade política a que pertencem. O Presidente da República é justamente um desses símbolos e deve assumir-se como tal. Não é um técnico, um especialista mesmo que competente e mesmo que em domínios importantes. Tem de ser alguém preocupado com princípios políticos fundamentais que regem o Estado e a Nação, acima da governação quotidiana à qual deve ser sensível sem todavia - em nome do respeito institucional - se intrometer ou comprometer.

Terceiro, embora ainda no âmbito da cidadania, porque o Presidente tem de olhar às questões sociais (as quais como sabemos deram novo sentido à cidadania moderna), dando especial atenção aos chamados «direitos de terceira geração» susceptíveis de gerar novas desigualdades (acesso às actuais tecnologias de informação e comunicação, protecção da privacidade dos cidadãos, paridade de géneros, direitos das minorias imigrantes). Isto, claro, sem excluir as desigualdades ditas tradicionais que se descortinam a par e passo num país que continua a praticá-las, num misto de ignorância e arrogância.

Caberá ao Presidente, com a autoridade de que está investido, fazer-se ouvir, e incutir um estímulo para a resolução de tais desigualdades. Como disse Martin Luther King, «as nossas vidas começam a terminar no dia em que guardarmos silêncio sobre as coisas que realmente importam».

Quarto, porque Manuel Alegre é um homem com uma profunda cultura política e ilustrada que o distancia dos demais. Algo que é importante quando pensamos que em Portugal não há grande tradição de debate conceptual. Alegre é alguém que acredita firmemente na força do pensamento e da palavra, na palavra portadora de futuro, para mudar o mundo e para mudar Portugal.

Valéry Giscard d’Éstaing teve um dia a coragem de dizer publicamente: «as pessoas estão incomodadas com a insignificância de muitos dos seus líderes face à enorme importância dos problemas que enfrentam». Com Manuel Alegre não corremos seguramente esse risco.

Em quinto lugar, um Presidente tem de ser íntegro, corajoso, firme nas atitudes (porque símbolo, aqui também, da autoridade do Estado). Manuel Alegre é-o sobejamente. Dele se dirá sempre (corrigindo as palavras de Taine sobre Merimée): eis alguém que nunca temeu ser logrado pela sua confiança.